Paredes de concreto

30 May 2018

O sistema de construção de moradia com paredes de concreto ganha terreno e será tema de congresso na Bahia. 

muro hormigon

Edifício construído em parede de concreto.

Entre os días 4 e 5 de junho, o principal evento relacionado com a construção de moradias através do método de paredes de concreto terá lugar em Praia do Forte, na Bahia. Trata-se do Viver em Concreto 2018, II Congresso Iberoamericano de Habitação.

Seu maior objetivo é demonstrar, com a clareza obtida em mais de dez anos de trabalho entre várias associações e empresas brasileiras, que o método de construção de moradias por paredes de concreto é mais econômico, efetivo, limpo e produtivo do que os métodos tradicionais. E que são muitas as empresas e governos que o estão adotando, seja para contratos de construção de moradia de interesse social, seja na construção comercial.

Método

De acordo com Jairo Abud e Arcindo Vaquero, diretores da ABESC, o método de construção residencial com paredes de concreto recebe há mais de dez anos a atenção de um grupo de trabalho institucional e empresarial no Brasil. O Grupo Paredes de Concreto é integrado pela própria ABESC, pela ABCP e por empresas do setor.

“Nós quisemos desenvolver no Brasil um sistema completo. Assim como a indústria automobilística, que na ponta final tem um carro, nosso objetivo sempre foi fazer um método que na ponta final da execução entregasse uma casa pronta. Foi assim que pensamos nas paredes de concreto, reunindo um grupo de especialistas, inclusive em portas, janelas, instalações, pinturas, tetos etc”, afirma Arcindo.

O resultado deste trabalho é a adoção crescente deste método no país, o que se confirmará no evento em Praia do Forte, em que duas das mais destacadas construtoras residenciais do Brasil – MRV e Tenda – apresentarão suas bem-sucedidas experiências com o método.

“Com as formas de alumínio, viabilizou-se uma construção rápida. Pode-se desenformar as paredes em 14 horas. A evolução das formas foi determinante, mas outros elementos como o concreto autoadensável, trouxeram rapidez, assim como o sistema de armaduras soldadas”, diz.

Para Jairo Abud, o objetivo é a industrialização da construção de moradias. “O sistema tem altíssima produtividade. Com um só jogo de formas, você faz uma casa por dia. Se você compra quatro jogos de forma, faz quatro por dia”, afirma. E continua: “agora vemos o sistema aplicado na construção comercial. Em São Paulo e Brasília, há edifícios feitos com 12 andares e 14 andares. A Gafisa fez um prédio de 28 andares em São Paulo com paredes de concreto. E pense: numa cidade como São Paulo, é muito melhor concretar a cada três dias, ou uma vez por semana, do que transportar diariamente uma grande quantidade de blocos cerâmicos e argamassas”.

De acordo com suas pesquisas e ensaios práticos, o Grupo Paredes de Concreto afirma com segurança que a construção com paredes de concreto é 30% mais barata do que a construção com tijolos ou blocos. “Isto porque é um sistema repetível. E como as paredes ficam bem acabadas, basta pintá-las para entregar a moradia”, diz Abud.

O Viver em Concreto 2018 será um evento totalmente internacional, já que também se apresentarão experiências do método em outros países, como México, Argentina, Colômbia, Costa Rica e Guatemala. A ABESC espera que estes testemunhos técnicos reafirmem entre os participantes que uma obra feita com paredes de concreto tem boa habitabilidade e atende os critérios de conforto térmico e acústico.

Algo muito interessante no evento será a participação de estudantes e professores de engenharia e arquitetura, o que será facilitado pela ABESC através da colocação de ônibus à disposição do pessoal das faculdades locais. Além disso, todo o conhecimento acumulado pelo Grupo Paredes de Concreto será entregue a todos os participantes em pen drives, como forma de compartilhar a técnica e propagar o método por toda a região.

Demanda

Como todos sabem, a realidade habitacional da América Latina é dramática. Só no Brasil, por exemplo, calcula-se um déficit de 6 milhões de unidades habitacionais. Mesmo variando os números nos demais países da região, a realidade difícil não muda. Não por acaso nos últimos anos tornaram-se tão populares os programas de moradia de interesse social para famílias de baixa renda.

Por isso, é importante contar com alternativas mais econômicas e rápidas de construção de moradias. Importante para os governos que contratam, para as empresas que constroem e vendem, mas principalmente para os que vão adquirir os imóveis, seja no mercado comum ou por meio de um financiamento de interesse social. Uma margem de 30% de economia no custo geral da obra certamente pode facilitar condições para toda a cadeia.

Como apoio a esta alternativa de construção mais efetiva e econômica, nomes eminentes como o do arquiteto brasileiro Ruy Ohtake farão parte do painel de palestrantes do evento na Bahia.

Junto a ele estarão, por exemplo, Fernando Mayagoitia, diretor geral da Lean House, do México, que é um especialista em edificações e construções sustentáveis. Também Sergio Margulis, consultor da Unidade de Mudanças Climáticas da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).

Mas a programação vai muito além. No dia 4 de junho, haverá os debates “Cidade, Moradia e os efeitos das mudanças climáticas”, “Contribuição do concreto para a eficiência energética da moradia”, “Concreto: versatilidade, estética, plasticidade e funcionalidade”, e “Habitação industrializada em concreto”. O segundo dia contará com os seguintes temas: “Inovação em materiais e sistemas de construção com base em cimento e concreto”, “Moradia segura e sustentável: projeto, construção e qualidade de materiais”, e finalmente a segunda parte do painel “Moradia industrializada em concreto”. O evento concluirá com a premiação de projetos que se destacaram por utilizar o método construtivo de paredes de concreto no ano passado.

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