Demolir e cuidar

05 July 2017

Enquanto o tema ambiental toma seu lugar na indústria da construção, cada vez mais o problema dos resíduos de construção e demolição (conhecidos pela sigla RCD) se torna um ponto importante.

Uma enorme variedade de empresas vem adaptando seus negócios, ou mesmo entrando no mercado, para aproveitar as oportunidades que aparecem e ao mesmo tempo colaborar com este esforço coletivo da indústria para reformular suas práticas e impactar menos o meio ambiente.

Assim, os setores de demolição e reciclagem de resíduos de construção nunca estiveram tão juntos como agora. Reflexo disto é o surgimento de empresas, feiras empresariais e associações que lidam com o tema dos RCD em seus países. Como costuma passar, na América Latina não estamos muito avançados neste tópico, mas sim há elementos dos quais se orgulhar.

Tudo, porém, depende das legislações produzidas para regular e determinar obrigações de reciclagem. Em geral, quando tais legislações existem, cria-se um ativo mercado de produtos derivados dos RCD.

A prefeitura de Bogotá, por exemplo, publicou sua norma estabelecendo obrigações para tratamento de RCD em 2012. Estabeleceu-se que a partir de 2013, os resíduos gerados na capital colombiana deveriam destinar ao menos 5% de seu peso à reciclagem. Além disso, determinou que a cada ano o nível de exigência de reciclagem subiria mais 5% até chegar ao mínimo de 25%, o que deveria ser alcançado neste ano na cidade.

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente resolveu em 2002 obrigar todos os municípios do país a desenvolver seus planos de reciclagem e aproveitamento de resíduos de construção. Desde esse momento, muitas cidades (embora não todas) viram nascer seus mercados de reciclagem de RCD.

Há mais exemplos do que o espaço permite relatar, mas seguramente o mercado já existe. Empresas especializadas em diferentes países, como Concretos Reciclados (México), Ciclo (Peru), EcoQualy (Brasil) e muitas outras se somam a gigantes do setor de cimento e concreto que se adaptam cada vez mais, como a divisão CLH da CEMEX para a América Latina. Baseada na Colômbia, a divisão CLH já provê ao mercado uma solução integral que começa com o serviço de demolição, passa pela britagem e processamento dos resíduos e lhes dá uma disposição final, reutilizando o possível.

No Brasil, enquanto isso, uma associação com 32 empresas reúne a parte mais destacada deste mercado. A Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição) realiza estudos e promove as boas práticas ecológicas na indústria de construção. Finalmente, não se deve desconhecer que este ano pela primeira vez o Sobratema Summit, que reunirá as principais feiras de máquinas e soluções da América Latina em São Paulo, terá sua interface ambiental, com a feira BW Expo, simultânea à Construction Expo e a M&T Peças e Serviços.

Produtos

Por tudo isso, é mais do que natural que haja uma provisão mais qualificada de produtos e serviços dentre a variedade de fabricantes que se dedicam ao setor de demolição e reciclagem.

Um provedor dos mais inovadores do setor é a Brokk, companhia de origem sueca que se especializou no conceito de robôs demolidores. Seus equipamentos se caracterizam por se mover por controle remoto sobre esteiras. E por ter dimensões muito compactas, os robôs Brokk entram em espaços confinados de edifícios em demolição. Estes pontos vêm fazendo os robôs Brokk serem considerados para demolições não explosivas em diferentes mercados.

Seu crescimento é exponencial, e hoje em dia a empresa sueca é uma referência do mercado. Na última Conexpo, realizada em março, a sueca mostrou ao mercado seu novo produto, o robô Brokk 500.

O Brokk 500 tem 40% mais poder de rompimento do que seu antecessor por cada golpe de martelo. Seu braço articulado de três seções, característico dos projetos de engenharia da marca, agora está maior, e alcança 7,4 metros na vertical e 7 metros na horizontal.

Não obstante, a nova versão do robô mantém a largura do modelo anterior, e tem peso operacional ligeiramente superior do que o Brokk 400, pensando exatamente 5,2 toneladas. Todos os acessórios e peças do novo modelo são compatíveis com modelos anteriores.

O novo modelo de robô de demolição Brokk está pensado para trabalhar com martelo hidráulico de outro fabricante sueco que tem participação tradicional no mercado de demolição: Atlas Copco.

O martelo ideal para o Brokk 500 é o Atlas Copco SB702, que tem 700 quilos e no robô demolidor pode produzir golpes de 1.500 joules.

O SB702 faz parte da linha Premium de martelos rompedores da Atlas Copco. Algumas de suas características mais importantes são injetores de água que ajudam a suprimir a poeira gerada pela quebra das estruturas. Outro ponto interessante é o sistema ContiLube (opcional), que é uma bomba lubrificante montada diretamente sobre o martelo que o lubrifica continuamente enquanto está em funcionamento.

Em se tratando de acessórios de demolição, outro fabricante cujo nome ganha importância, e que tem tido grande participação no mercado latino-americano, é a espanhola Xcentric Ripper. No recente evento realizado em seu país, a feira Smopyc, a empresa mostrou uma nova série de rompedores. Os modelos em questão são os XR82, XR42 e XR52.

Esta nova linha está projetada para trabalhos pesados, basta ver que o XR42, o mais compacto da série, se acopla a escavadeiras de entre 32 e 40 toneladas, enquanto o XR82 (topo de linha) se acopla em escavadeiras de entre 70 e 90 toneladas. Levando-se em consideração o peso operacional de 10 toneladas do XR82, salta aos olhos sua frequência de 750 golpes por minuto.

Escavadeiras

Empresas que se especializam em demolição são grandes consumidoras de escavadeiras específicas. As escavadeiras de demolição têm, por razões óbvias, braços mais longos do que suas parentes de aplicação geral.

Na extremidade destes braços, a variedade de acessórios demolidores consegue desfazer estruturas com rapidez e controle, sem produzir grandes danos ou insegurança aos envolvidos.

Dentre a oferta de escavadeiras de longo alcance, a alemã Liebherr é um dos provedores mais reconhecidos. No ano passado, na premiação dos World Demolition Summit (ver box), a fabricante foi premiada na categoria Equipamentos pelo lançamento de sua nova máquina especial R 960.

Superando suas antecessoras, a R 960 alcança altura máxima de 33 metros, e tem capacidade de suportar acessórios mais pesados, de até 3,5 toneladas. Grandes pesos operacionais dos acessórios, mais o alcance extra do braço do equipamento, resultam em maior produtividade para a demolição.

Outra característica interessante do modelo R 960 é sua cabine, que agregou mais visibilidade ao operador. Diferente de uma escavadeira convencional, uma escavadeira de demolição precisa que sua cabine se desloque para cima, o que a R 960 possibilita sem problemas.

O sistema de controle digital da R 960 também foi reconhecido com o Prêmio de Inovação em 2015, durante a feira Intermat, na França. O Liebherr Demolition Control System informa ao operador a posição exata da ferramenta de demolição, e faz medições constantes da estabilidade e do ângulo de inclinação do braço da escavadeira.

O sistema pode informar ao operador que movimentos pode ou não pode fazer, para que não comprometa a estabilidade da máquina, reduzindo assim a probabilidade de erro humano e trazendo mais segurança.

Finalmente, uma notícia importante para o setor de demolição no que diz respeito às escavadeiras é o retorno da Caterpillar a este mercado. O maior fabricante do mundo lançou no ano passado seu novo modelo de escavadeira de demolição, a 340 UHD, em que a sigla significa “ultra high demolition” para demarcar a altura do braço.

A nova escavadeira demolidora da CAT consegue alcançar 22 metros de altura, e pode carregar acessórios de até 3,6 toneladas à altura máxima de 15 metros.

Tudo isso mostra um mercado que está pronto para se desenvolver tão logo comece a se recuperar a economia latino-americana.

 

World Demolition Summit acontece em novembro

O principal evento mundial do setor de demolições terá mais uma edição em Londres, no dia 2 de novembro. Trata-se da edição 2017 do World Demolition Summit, criado e organizado pelo grupo editorial KHL e sua revista Demolition & Rcycling International, revista irmã da Construção Latino-Americana. Além disso, o grupo tem a colaboração da European Demolition Association (EDA) para a produção do evento anual.

O formato do World Demolition Summit é o de conferência com premiação. Anualmente, se distribuem prêmios aos que mais se destacaram nos diferentes segmentos da indústria de demolições, por exemplo, serviços de demolição especial com e sem explosivos, segurança, demolição urbana, industrial, civil, equipamentos e inovações, entre outras categorias.

Até hoje, a única participação vitoriosa da América Latina nos prêmios do World Demolition Summit foi a da empreiteira de demolição brasileira Fábio Bruno Construções, do Rio de Janeiro. Em 2016 e em 2013, a empresa recebeu a premiação na categoria Demolição com Explosivos. A última vitória foi devida a seu serviço de demolição de um edifício próximo a um hospital, cheio de pacientes internados, sem deixar que as explosões os afetassem.

As empresas que desejem concorrer a um prêmio têm até 30 de junho para se inscrever. Podem entrar na competição serviços de demolição, ou atividades relacionadas, que tenham sido iniciadas ou concluídas durante o período compreendido entre julho de 2016 e junho de 2017.

Para preencher os formulários de inscrição (lembre-se que é necessário produzir um resumo de até 1.200 palavras em que se diga por que o serviço realizado é especial e merece prêmio), você deve visitar o site www.demolitionsummit.com

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