AS 200 MAIORES
23 October 2020
O mundo em que vivemos atualmente, marcado pela pandemia de Covid-19 e o distanciamento social, além de um panorama negativo para a imensa maioria das economias, é muito diferente do que pensávamos estar consolidado em 2019.
O ano passado foi mais um ano positivo para a indústria de construção. Por exemplo, a Yellow Table de maio, com a classificação das 50 maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo, revelou que as vendas alcançaram US$ 202,7 bilhões, superando a marca dos 200 bi pela primeira vez.
D mesma forma, as cifras do Top 200 refletem um 2019 positivo. O número total de vendas geradas pelas 200 empreiteiras listadas foi de US$ 1,74 trilhão, forte aumento em relação à lista de 2018, que mostrara vendas por US$ 1,67 trilhão.
As empreiteiras chinesas continuam dominando os níveis mais altos da lista. A China é o maior mercado do mundo para a venda de equipamentos de construção, e o projeto Belt and Road continua em marcha, com as empreiteiras chinesas participando ativamente e se aproveitando deste enorme motor de crescimento. Também vale mencionar o impacto do desenvolvimento ferroviário de alta velocidade na China: desde que abriu sua primeira linha em 2009, o país desenvolveu a rede de alta velocidade que hoje é, de longe, a maior do planeta. E já informou que pretende estendê-la ainda mais.
A empreiteira número um da lista, a China State Construction and Engineering, registrou aumento nas suas receitas, e passou de US$ 178 bilhões para US$ 203 bilhões, um número assombroso que marca pela primeira vez a passagem de uma construtora da marca dos US$ 200 bilhões. A segunda na lista é a China Railway Group, empresa que passou de US$ 111 bilhões em 2018 para US$ 124 bilhões no ano passado. Apesar do aumento, viu a diferença para a primeira colocada aumentar.
Outras duas empresas chinesas conformam o terceiro e quarto lugares: China Railway Construction Corporation e China Communications Construction, respectivamente. A Vinci, com sede na França, situa-se na quinta posição e é a maior não chinesa na lista. Nenhum dos cinco mudou de posição em relação ao ano passado.
Movimentos
Entre a sexta e a décima posições há algum movimento. A Shanghai Construction Group subiu da posição 11 para a nona, deslocando a alemã Hochtief para décimo e tirando do top dez a norte-americana Bechtel, que agora está em décimo-terceiro lugar.
Ao todo, há seis novas empresas na lista, um aumento em relação às quatro novas no ano passado. Estas empresas são de: Japão, Espanha, Holanda, Índia, Finlândia e México.
Com relação aos movimentos mais importantes na lista, destaca-se o da M.A Mortenson. A norte-americana passou de 105 para 70, uma subida de 35 lugares. A empresa projeta e constrói edifícios de escritórios, colégios, universidades, hotéis, laboratórios, instalações esportivas e unidades de fabricação, e tem 12 escritórios regionais na América do Norte.
Outro grande salto foi o do Grupo Zachry, na posição 128. A empresa, especializada em projetos turnkey de construção, engenharia, manutenção, renovação e fabricação nos setores de energia, produtos químicos e industrial, vem tendo altos e baixos: no ano passado ocupou a posição 200, mas um ano antes havia estado na posição 168.
E o futuro?
Como mencionado no início deste artigo, 2019 foi um bom ano para a construção, mas 2020, não. A tendência recente na tabela das 200 maiores construtoras é de aumento nas receitas ano após ano, mas isso não se repetirá no próximo exercício. A Covid-19 teve impacto massivo na vida das pessoas em todos os aspectos, e um dos mais importantes foi no aspecto econômico. Quase todas as economias do mundo entraram em queda livre.
Muitos países estão agora começando a sair deste bloqueio de forma lenta, mas para a grande maioria o normal ainda está distante. A boa notícia para a construção e as empresas desta lista é que a indústria não se viu tão afetada como vários outros setores importantes. Mesmo durante o apogeu dos lockdowns, o trabalho de construção foi considerado essencial em muitos países e continuou, embora de maneira diferente e com novos processos e precauções.
Os projetos de infraestrutura de grande escala não se cancelam, já que há dinheiro e capital político demais investidos neles. É possível que países de todo o mundo estejam buscando investir em novos projetos como forma de pôr para andar suas economias. O Reino Unido já anunciou um plano como estes, e tanto Donald Trump como Joe Biden já delinearam ambiciosos projetos de infraestrutura para realizarem, ganhe quem ganhar, após a eleição de novembro.
A China tem um papel importante entre as 200 maiores construtoras do mundo, e quatro das cinco mais importantes do setor no mundo são chinesas. Portanto, pode ser um bom auspício para a lista do ano que vem o fato de que a China se recupere mais rapidamente da pandemia do que qualquer outro país. As últimas previsões econômicas e de construção que vêm de lá são, em geral, positivas.
As 200 maiores do ano que vem certamente verão cair o número total de faturamentos, atualmente em US$ 1,74 trilhão. A pergunta de um milhão de dólares é quanto vai cair, se teremos um solavanco na estrada ou uma cratera que demandará novos caminhos.
País por país
A lista das Top 200 construtoras tem apenas nove empreiteiras da China (menos de 5%), e apesar disso as empresas do país representam assombrosos 36,2% do faturamento total registrado. Na tabela do ano passado, as empresas chinesas representavam 33,7% do total; também havia nove empreiteiras da China naquele momento. Isto mostra o crescimento obtido pelas empresas, especialmente as que se encontram na parte superior da lista.
Para colocar em perspectiva, o país com maior número de empreiteiras na lista é o Japão, com 34 empresas no total. Apesar disso, elas representam não mais do que 11,2% das vendas totais.
Os Estados Unidos estão atrás do Japão, com 33 empresas na lista, e mesmo assim representam 13% do total de faturamentos. A empreiteira mais bem colocada do país é a Bechtel, na 13ª posição. Isto apesar de que o ano foi bom nos Estados Unidos, com 20 empresas aumentando sua classificação, 11 delas caindo e duas mantendo seus postos.
Como aconteceu no ano passado, três países europeus ocupam os lugares seguintes na lista por vendas geradas: França, Reino Unido e Espanha.
A França tem só oito empresas na lista, mas geram a quarta maior quantidade de receitas, com pouco menos de US$ 140 bilhões. A Vinci tem um papel relevante para isto, ocupando a quinta posição. A empresa francesa seguinte é a Eiffage, em 14ª colocação, com vendas de pouco menos de US$ 21 bilhões.
O Reino Unido continua se superando, com 21 empresas na lista. Muitas delas são empresas globais que operam fora de suas fronteiras, e será interessante ver que impacto têm sobre suas vendas a saída do país da União Europeia, e as possíveis restrições e regulações comerciais que virão com isso.
Para um país com seu tamanho e no qual se levam adiante numerosos projetos de infraestrutura de grande escala, a Índia está certamente sub-representada. O país tem uma nova entrada na lista, o que significa que agora há três empreiteiras com sede na Índia entre as 200 maiores, e a Larsen & Toubro consegiu sair da posição número 20 para a 15.
METODOLOGIA
O Top 200 é um ranking das maiores empresas construtoras do mundo, baseando-se em receitas por vendas em 2019, seja ano calendário ou financeiro, dependendo de sus práticas contábeis individuais.
A Informação foi obtida de diversas fontes, incluindo contabilidade auditada, declarações de empresas e de organizações respeitadas. Em alguns casos, a International Construction realizou uma estimativa dos faturamentos.
A classificação é feita com base em dólares norte-americanos, com taxas de câmbio médias de entre janeiro e 1º de junho deste ano.
Embora se tenha feito o melhor esforço para que a informação desta reportagem seja a mais exata possível, a International Construction não se responsabiliza por erros e omissões.
Se algum leitor acredita que sua empresa ou outra de seu conhecimento deveria ser incluída na lista, faça contato com o editor da International Construction, Andy Brown, no email: [email protected].
Veja abaixo o arquivo PDF com a tabela completa.