Investimento privado em construção deve cair 7,7% no Chile

Depois de um crescimento anual de 3,3% no investimento em 2019, a Câmara Chilena da Construção (CChC) prevê uma queda de 7,7% este ano, o que se for confirmado será a maior diminuição nos investimentos no país desde 2009.

Os números fazem parte de seu documento “Balanço 2019 e Projeções 2020”, e refletem a crise social que se abateu sobre o Chile desde meados de outubro. O Índice Mensal de Atividade Econômica da CChC mostrou pesadas contrações na atividade de construção em outubro (3,4% interanuais, o pior número da década) e novembro (3,3%).

Uma queda nos investimentos em construção é um golpe duro para o país, especialmente quando se considera que o setor representa 64% dos investimentos realizados na economia chilena. Assim, Patricio Donoso, presidente da CChC, aventou a possibilidade de uma crise econômica. “Enfrentamos um cenário complexo, e a chave para dar conta do problema é mudar as expectativas das pessoas, com relação à sua situação no futuro, e além disso, dar as certezas necessárias para que se ative o investimento privado. Para isso, é fundamental terminar com a violência e construir acordos que melhorem as expectativas ou, pelo menos, dar uma direção aos temas que estão se discutindo”, afirmou.

Esta situação também afeta a empregabilidade do setor. De acordo com Javier Hurtado, gerente de Estudos da CChC, “projeta-se que o desemprego aumente para 12% no primeiro trimestre de 2020, o que envolveria a perda de cerca de 40 mil postos de trabalho, números que não eram registrados desde a crise do subprime de 2008”.

Concessões

As concessões privadas serão beneficiadas, principalmente pela construção da autopista Américo Vespúcio Oriente, em Santiago, e podem chegar a investir US$ 820 milhões este ano. No que diz respeito a infraestrutura pública, a associação de construtoras antecipou um aumento do nível de investimento de 14,2% interanual, sob influência das medidas de estímulo anunciadas pelo governo.