Vale a pena o risco?

09 November 2017

Como se considera a análise de riscos em diversos projetos ao redor do mundo? 

Fcc mersey gateway bridge 2 ôçô november 2016

O projeto Mersey Gateway, no Reino Unido, foi gerido pelo Grupo FCC desde a fase de licitação, passando pela execução até completar a operação e manutenção.

Antes que uma empreiteira possa assumir um novo projeto, é preciso haver uma longa discussão sobre os riscos envolvidos e o seu planejamento preventivo e gestão, caso ocorram. A análise de riscos de um projeto de construção envolve a identificação de fatores aleatórios, a determinação da probabilidade de sua ocorrência e o impacto no ciclo de vida do projeto.

Os projetos de construção são individuais e, sendo assim, a análise de risco não será a mesma para cada projeto. E, com o tamanho e complexidade dos projetos de construção aumentando a cada ano, a necessidade de uma visão detalhada dos riscos e preocupações potenciais é mais importante que nunca. O livro Constructing the team, escrito por Sir Michael Latham, destaca que “nenhum projeto de construção está livre de riscos. O risco pode ser gerenciado, minimizado, compartilhado, transferido ou aceito. Mas não se pode ignorá-lo”.

As áreas de análise de risco incluem qualidade e segurança, custo, recursos humanos, comunicações, relatórios e tempo. Também são levadas em consideração as condições políticas, econômicas e sociais do país em que a empreiteira está operando. A empresa espanhola Grupo FCC tem um modelo de gestão e controle de riscos que é adaptado a cada uma de suas áreas de negócios por um comitê de observância. De acordo com a companhia, “temos a responsabilidade executiva de implementar o modelo mediante aprovação de mapas de riscos específicos para cada atividade, avaliados em termos de impacto e probabilidade de ocorrência, que incluem riscos estratégico, operativos, financeiros e de execução”.

A empreiteira explica que a gestão dos riscos é feita ao longo de todo o projeto, desde a licitação até a execução, operação e manutenção. Isto ocorre porque, dependendo da etapa do projeto, os riscos podem ser de naturezas diferentes ou ter probabilidades de ocorrência distintas.

Para a FCC, diferentes áreas se dedicam à viabilidade técnica do projeto proposto na etapa de licitação, considerando “as especificações e tecnologia demandadas pelo cliente, pelos sócios, pelos requisitos de financiamento e pelas características do mercado local, como a segurança e estabilidade política e socioeconômica”.

Almonte viaduct in spain fcc

O projeto do Viaduto de Almonte na Espanha, desenvolvido pela FCC, terá uma análise de risco dividido em três níveis de gestão.

Na etapa de entrega, se deve prestar atenção aos riscos operacionais que requerem um planejamento integral e uma supervisão contínua para garantir o cumprimento das condições do contrato. Os riscos podem prover do relacionamento com a administração pública, os clientes e as comunidades do entorno da operação.

Níveis de risco

O modelo utilizado pela FCC se baseia em três níveis de gestão de risco:

1º nível: Responsável pela gestão, acompanhamento e pareceres de risco gerado dentro da unidade de negócio

2º nível: Integrado pelas equipes de suporte, controle de riscos e supervisão de riscos dentro da unidade de negócio, supervisionam o controle efetivo dos riscos e garantem a gestão de acordo com o perfil de risco escolhido.

3º nível: A função de gestão de riscos é coordenar o modelo, centralizar e informar incidentes, enquanto o escopo da auditoria interna é avaliar se as políticas, métodos e procedimentos são adequados e comprovar se foram implementados de forma efetiva.

Por outro lado, a americana Fluor tem um “processo formal e sistemático de avaliação, gestão e supervisão dos riscos do negócio”. A companhia estabeleceu um processo uniforme para identificar, analisar e responder de forma contínua aos riscos e oportunidades durante o ciclo de vida do projeto. Para a Fluor, isso começa com a fase FEED (Desenho de Engenharia Frontal) até o início do projeto e operação.

Greg Amparano, diretor de estratégia e risco corporativo da Fluor, destaca que “a gestão de riscos na empresa é um exercício contínuo com foco no projeto, na linha de negócios e nos níveis corporativos para cumprir com a nossa promessa de garantia de custos e segurança das instalações que os nossos clientes nos pedem para desenvolver, adquirir, construir e manter”. O executivo explica que a empresa conta com uma linguagem de risco comum, além de uma ferramenta de software, informes de rotina, análises de dados e comunicação com revisões de gestão periódicas. “A dedicação da Fluor à gestão de riscos se baseia na sua longa história de execução de projetos bem-sucedidos e em um foco simples e estruturado que começa com a identificação, quantificação e mitigação dos riscos de um projeto ou programa”, complementa.

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Uma ilustração da rodovia de alta velocidade do Quênia, projeto da Bechtel que levou dois anos em desenvolvimento e análise de riscos.

Para assegurar uma oferta de projeto, a empresa considera a análise de riscos e a gestão como uma grande parte do pacote oferecido. Ao ter uma abordagem meticulosa sobre todos os riscos previstos, a Fluor pode se preparar e evitar que aconteçam, mantendo o controle da segurança e da gestão do tempo e dos custos. Amparano indica que “para satisfazer as necessidades dos nossos clientes no mercado atual, a gestão de riscos se converteu em uma parte integral do valor que oferecemos. Nossos clientes buscam soluções integradas (incluindo a construção) com um âmbito de trabalho muito mais amplo em que a nossa experiência em análise de riscos é essencial”.

Com sede na França, a Bouygues Construction anunciou em junho que a sua nova campanha de segurança ”We Love Life, We Protect It” (Amamos a vida e a protegemos, numa tradução livre) se aplicaria a todos os seus canteiros de obra no mundo, com o objetivo de ter zero acidentes no futuro. Em 13 de junho - Dia Mundial da Saúde e Segurança - a empresa forneceu ferramentas para todos os projetos nos 80 países em que opera para lembrar aos funcionários as 12 regras básicas de segurança da Bouygues, incluindo a análise de riscos.

Philippe Bonnave, presidente e diretor executivo da Bouygues Construction, disse que “nosso ativo mais precioso são os homens e mulheres que trabalham em nossas obras. Queremos oferecer a eles as melhores condições de trabalho em todo o mundo. Seja no Marrocos, Hong Kong, Vietnã, em Paris ou na Borgonha, temos que garantir as melhores ferramentas, os melhores padrões e a melhor qualidade. Mais que nunca, nossa ambição é alcançar zero acidentes”.

Formação contínua

A Bechtel, com sede nos Estados Unidos, conta com procedimentos para a avaliação de impacto e riscos, ética empresarial e observância, assim como um compromisso para formar seu quadro de pessoal de acordo com a cultura de trabalho da companhia.

Como parte dos impactos para a empreiteira e para a gestão de riscos, os especialistas e técnicos elaboram, implementam ou revisam avaliações de terceiros, incluindo meio ambiente, água, trabalho, clima, comunidade, saúde e segurança, e segurança e direitos humanos.

A ética empresarial e aspectos de execução incluem trabalhar em países definidos como de “alto risco” por Bechtel. Há riscos, por exemplo, se o projeto de construção é em um país em que se trabalha pela primeira vez ou não se trabalhou nos últimos 10 anos. A companhia diz que, se houver uma recomendação do departamento jurídico, estes projetos devem ter um “programa específico de ética e execução dos procedimentos do programa”, incluindo um plano de capacitação de todos os empregados do projeto.

Em relação à formação contínua dos empregados da Bechtel, eles recebem capacitação em ética básica e na observância das áreas de risco legal que podem encontrar nas suas funções, além de formação dada pelos seus gerentes.

No começo de agosto, a Bechtel foi selecionada pela Autoridade Nacional de Rodovias do Quênia para construir a primeira autoestrada do país. “A Bechtel tem trabalhado com o governo do Quênia por mais de dois anos para desenvolver este projeto estratégico de infraestrutura prioritária que ajudará a impulsionar um crescimento significativo no país e na região”, comentou Craig Albert, presidente de negócio global de infraestrutura da Bechtel.

Este projeto de construção, que levará dois anos em desenvolvimento, mostra o nível de detalhe necessário em termos de planejamento e, claro, análise de riscos. Como parte da entrega do projeto, a Bechtel empregará mais de 4 mil pessoas e proporcionará treinamento e capacitação para a construção. A rodovia de alta velocidade será uma das novas infraestruturas mais importantes da África Oriental.

Qualificação de riscos

Assim que a Fluor identifica os riscos de um projeto de construção, eles são classificados segundo a gravidade das possíveis consequências, a probabilidade do evento e em função disso se estabelecem prioridades. 

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O projeto da ponte Tappan Zee da Fluor, que será entregue em 2018, em uma gestão de riscos efetiva que a companhia descreve como um “serviço de valor agregado” para o cliente.

A companhia investiga e avalia estratégias de mitigação relativas à capacidade, viabilidade, rentabilidade e preferência. As estratégias de mitigação comuns para a Fluor incluem evitar, transferir, reduzir e aceitar o risco e suas consequências.

Após selecionar as estratégias, são avaliadas as oportunidades de benefícios e custos, e detalham-se os planos de ação com as datas de vencimento e partes responsáveis. Em seguida, o plano é revisado e aprovado pela administração. Os dados de riscos são compilados e analisados para proporcionar atualizações de forma contínua.

Os planos de gestão e mitigação de riscos são desenvolvidos e atualizados de acordo com as ferramentas de custo e planejamento do projeto para promover uma linha integrada de base de controle de projetos. “A gestão de riscos eficaz na Fluor proporciona um serviço de valor agregado ao aumentar a nossa capacidade de executar um plano bem-sucedido, alcançar os objetivos do projeto e cumprir as metas de desempenho”, explica a empresa.

O processo de identificação de riscos do Grupo FCC começa com os objetivos específicos de cada unidade de negócio, os riscos que podem afetar estes objetivos em cada processo de produção, a dimensão de riscos segundo a sua probabilidade ou impacto e quem é o responsável por supervisionar e mitigar o risco”.

Os mapas de riscos ajudam a identificar os eventos possíveis que poderiam afetar a companhia. Estabelecer as medidas de prevenção e mitigação permite manter o nível de risco dentro da tolerância estabelecida pelo conselho da FCC. Estes mapas são atualizados pelos diretores que analisam quais riscos se materializaram em cada divisão do grupo, informando ao comitê de auditoria e controle da FCC. A partir dos mapas, é possível desenvolver um plano de ação para contornar os riscos.

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