Único competidor vence o Metrô de Lima
By Fausto Oliveira28 March 2014
A licitação para a construção da Linha 2 do metrô de Lima afinal foi vencida pelo consórcio Nuevo Metro de Lima, conforme anunciou nessa sexta-feira a agência de infraestrutura peruana ProInversión. O consórcio, composto por empresas da Espanha, Itália e Peru, foi o único a apresentar propostas técnica e econômica uma semana atrás. A concessão vale para construção e operação por 35 anos.
A desistência dos outros dois consórcios não havia garantido às empresas postulantes a vitória na licitação até que a ProInversión avalizasse toda a documentação da proposta técnica e só então abrisse o envelope com a proposta econômica do consórcio.
Participam do consórcio Nuevo Metro de Lima as empresas Salini Impregilo (Itália) Iridium Concesiones ACS (Espanha), Vialia FCC (Espanha), Ansaldo Breta (Itália) e Cosapi (Peru).
O valor referencial do contrato oferecido era de US$ 6,6 bilhões. Finalmente, a proposta econômica do consórcio fixou o valor em US$ 5,6 bilhões.Segundo explicou o ministro dos Transportes peruano, Carlos Paredes, o valor referencial inicial previa a compra adicional de trens no futuro, para responder a eventuais aumentos na demanda. Mas não explicou por que razão não se levou em consideração essa compra no financiamento final.
A obra será co-financiada. Por essa razão, disse a ProInversión em seu site, os outros dois consórcios não apresentaram propostas e desistiram da licitação. Os outros dois consórcios pré-qualificados eram compostos por: 1) Astaldi (Itália) e Controladora de Operações de Infraestrutura ICA (México), e 2) Odebrecht Peru (Brasil), Andrade Gutierrez (Brasil), Queiroz Galvão (Brasil) e Graña y Montero (Peru).
Desde que a ProInversión recebeu apenas uma proposta para o principal investimento em infraestrutura do Peru em muitos anos, uma grande discussão tomou corpo no país.
Polêmica
O centro do debate está no projeto de engenharia para a construção da linha 2. Com 35 quilômetros de extensão planejados, a linha 2 está desenhada para operar totalmente no subterrâneo.
Várias informações de imprensa, muitas delas com base em palavras de autoridades da ProInversión, dão a entender que a rigidez com o projeto original e a negativa para que as construtoras pudessem realizar alterações no detalhe da engenharia foram as grandes causas da desistência dos demais consórcios. Segundo se comenta, a opção por não construir parte da linha 2 na superfície trouxe custos muito elevados que serão compartilhados pelo Estado.
Segundo o decano do departamento limenho do Colégio de Engenheiros do Peru, Óscar Anyosa, “continuar de uma maneira apressada e irresponsável, sem levar em conta as reclamações e observações que surgiram em nível nacional, só vai provocar danos irreparáveis ao erário público”. O engenheiro recomendou a suspensão do processo licitatório para que se fizessem mudanças no projeto.
“Deve-se mudar drasticamente as especificações técnicas das formas de construção. Desde já estamos em problemas pela modalidade proposta e pela engenharia do projeto. Sem descartar que mais à frente possa ocorrer problemas como aconteceu no Canal do Panamá”, afirmou. Anyosa disse que só 10% do trajeto da linha 2 teriam que passar por debaixo da terra, e que se assim fosse isso economizaria ao Estado um total de US$ 2 bilhões.
O presidente da Câmara Peruana da Construção parecia concordar quando disse à imprensa do país que a especificação de profundidade da obra era exagerada. “Pede-se 25 metros, o que é uma loucura”, disse Lelio Balarezo. O executivo da câmara usou como exemplo o metrô de Santiago do Chile, que tem hoje 108 estações, está construindo duas novas linhas, e opera com profundidades de 8 a 10 metros.
Por sua vez, a ProInversión entrou no debate sempre justificando o projeto original. Para o órgão público, os custos ambientais e sociais implicados em fazer a linha sobre a superfície deveriam ser evitados. Nesses custos, a agência incluía a poluição ambiental e sonora, o obstáculo do tráfego de pessoas e veículos e os impactos na economia dos bairros que seriam afetados.
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