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23 March 2018
Os fabricantes de plataformas de trabalho aéreo preveem uma recuperação do mercado este ano.
O mercado das plataformas de acesso é ainda novo na América Latina, basta ver que o número de máquinas vendidas em um semestre na América do Norte é superior a toda frota existente na América Latina. No entanto, as expectativas para o futuro parecem estar melhores. “O mercado na região está em processo de recuperação e estabilização, mostrando sinais de crescimento em 2018”, sinaliza Gustavo Faria, gerente geral da Genie América Latina.
A mesma opinião tem Marcelo Bracco, diretor geral para América Latina da Manitou, que afirma ver uma certa recuperação no Brasil. “Isso ajudará a melhorar o mercado como um todo na região. Além disso, a Argentina teve um bom crescimento em 2017 e que seguirá este ano. Outros mercados, como Chile e México, também podem apresentar um 2018 melhor. Resumindo, vislumbramos um bom ano em termos de vendas para as plataformas de trabalho aéreo e manipuladores telescópicos. Nossas expectativas são excelentes para a região”, assegura.
Paul Jensen, Marketing Communications & Analytics Manager Américas da Haulotte, também concorda. “Vemos um 2018 global estável com sinais de início de recuperação tanto na Argentina como no Chile e a tão esperada reativação do Brasil. Prevemos que se pode esperar um maior crescimento em 2019 e 2020, à medida que os fatores econômicos e políticos criem um ambiente mais favorável”, sinaliza o executivo.
Além disso, a região registrou mudanças culturais que podem ampliar o uso destes equipamentos em outras indústrias, algo excelente para o crescimento deste mercado “Com a menor demanda de lanças no setor de construção, temos vistos as locadoras buscando outros tipos de cliente, como manutenção de rodovias, centros comerciais, manutenção, entre outros”, explica Jensen.
HÍBRIDOS
Para atender às mudanças do mercado, às aplicações das máquinas e às necessidades dos clientes, o design dos equipamentos, em especial de seus motores, evoluiu significativamente na última década. As regulamentações cada vez mais rigorosas favoreceram o uso de modelos mais complexos com tecnologia SCR e/ou DPF para reduzir as emissões de NOx e de partículas.
Foi na década dos anos 2000 que os equipamentos de plataforma de trabalho aéreo com duas fontes de energia se tornaram populares por dar aos usuários flexibilidade para trabalhar em aplicações interiores e exteriores com a mesma máquina.
Em 2001, JLG começou a desenvolver uma linha de lanças híbridas com o M400A e, quase ao mesmo tempo, desenvolveu dois modelos híbridos de tesoura de 10 e 12 metros. “Desde então, criamos duas lanças híbridas de 13,71 e 18,29 metros. O H340AJ, o primeiro de nossos híbridos de ‘próxima geração’, é um verdadeiro híbrido com tração nas quatro rodas que funciona tão bem como uma unidade com motor a diesel. E na CONEXPO de 2017 mostramos o nosso primeiro modelo híbrido de 24 metros, o H800AJ”, comenta Bill Dovey, Senior Product Manager de Aerial Work Platforms da JLG Industries.
Da sua parte, Gustavo Faria explica que a Genie utiliza dois sistemas híbridos. Um deles é Bi-Energy, uma combinação de motor e bateria com um gerador que pode carregar a bateria durante a operação. “Os modelos Bi-Energy oferecem um dia completo de trabalho com uma carga de bateria à noite e funcionam principalmente como uma máquina elétrica DC até que as baterias comecem a descarregar. Durante a operação, o operador pressiona um interruptor para ligar o motor/gerador a diesel para carregar a bateria”, explica o executivo.
A Genie desenvolveu recentemente o sistema híbrido Fuel-Electric (FE), responsável por impulsionar o boom Z-60/37 FE. “Esta geração avançada de tecnologia híbrida funciona de maneira similar à de um automóvel híbrido, mais na linha de rendimento do Porsche Panamera que do Prius, já que a carga da bateria acontece automaticamente”, exemplifica Faria. A Genie Z-60/37 FE rivaliza em rendimento, potência e torque com seus equivalentes com motor de combustão interna, mas com muito mais versatilidade e eficiência de combustível. No modo híbrido, essa lança para terrenos acidentados conta com um pequeno motor a diesel de 24,8 HP e um motor/gerador AC para carregar a bateria. “Ao contrário do modelo Bi-Energy, no qual o motor se liga e desliga manualmente, o funcionamento híbrido nos modelos FE detecta automaticamente quando as baterias precisam de carga e liga ou desliga o motor para carregar as baterias depois que o operador pressionou o interruptor de pé. Isso equivale a mais de uma semana de tempo de execução de um tanque de combustível a diesel”, complementa Faria.
Segundo Paul Jensen, da Haulotte, “há duas razões principais para usar tecnologia híbrida. Uma razão é minimizar o impacto que o maquinário tem no meio ambiente. Estamos abordando as preocupações ambientais com nosso sistema Stop Emission. O sistema apaga o motor a diesel depois de 90 segundos de inatividade, mas permanece pronto para começar instantaneamente quando for o momento de mover a plataforma novamente. O sistema reduz o impacto das emissões ambientais em 20% e também tem o benefício adicional de uma redução de 20% no ruído no local de trabalho. A segunda razão é estender o ciclo de trabalho de uma máquina que funciona com bateria. Por exemplo, nossa gama leve de lanças autopropelidas utiliza um motor operacional para carregar as células da bateria e manter os usuários trabalhando sem se preocupar com quedas de energia. E logo teremos mais inovações da Haulotte nessa área”, adianta o executivo.
Marcelo Bracco, da Manitou, adverte que a tendência híbrida ainda não foi vista com força na América Latina. Segundo explica, como as plataformas e manipuladores telescópicos estão muito focadas na construção, não há uma real demanda.“Mas talvez à medida em que se amplie o uso de ambos os produtos, vejamos aumento na demanda de máquinas híbridas, especialmente nas indústrias”, complementa Bracco. A marca vê com atenção as novas tecnologias e seu plano é seguir expandindo a linha de modelos híbridos no futuro.
Padrões
O processo de atualização dos padrões, em que se inclui revisões das normas ISO, acarretará mudanças nos equipamentos. “Entre os benefícios de incorporar conceitos ISO nos novos padrões ANSI (Estados Unidos) e CSA (Canadá) está que os fabricantes de plataformas elevatórias norte-americanos, como a Genie, estarão mais alinhados com mercado globais como Europa, Austrália e China”, diz Faria.
Estas mudanças permitirão aos proprietários de plataformas trocarem mais facilmente equipamentos novos e usados em diversos países. Isto trará novas oportunidades para o mercado latino-americano, já que os clientes terão acesso a um maior inventário para comprar, vender e comercializar. “Por exemplo, pela primeira vez na história, estamos realizando no Brasil uma exportação significativa de equipamentos usados para o mercado internacional”, exemplifica. Isso acontece por causa da desaceleração do mercado local que criou um excesso de equipamentos e a significativa desvalorização da moeda. “Estimamos que ao final deste ano, o Brasil terá exportado mais de 3.500 plataformas aéreas usadas, cerca de 20% da frota. À medida que os equipamentos aéreos locais se alinhem com os padrões mundiais, as oportunidades de exportação seguirão aumentando, impulsionando importantes oportunidades comerciais para a América Latina”, assegura Faria.
Dovey, da JLG, destaca como os novos padrões irão afetar a estrutura dos equipamentos. “Os novos padrões vão demandar sistemas de detecção de carga e os pneus deverão ser sólidos, preenchidos com espuma, ou equipados com um sistema de monitoramento de pressão. As lanças telescópicas alimentadas por cabos terão que ser equipadas com um sistema de advertência de cabos soltos ou rompidos, como o que temos hoje nas nossas Ultra Booms. O peso bruto do veículo aumentará em alguns casos devido aos requisitos de prova de estabilidade que incluirão carga dinâmica e cálculos de carga de vento. Isso também afetará o design de alguns acessórios”.
Bracco, da Manitou, também acredita que a mudança dos padrões afetará o mercado na América Latina. Apesar de na região, em termos gerais, não haver normas bem desenvolvidas, “a América Latina é um mercado que de alguma maneira segue os padrões americano e europeu”. No entanto, adverte que os países devem estar melhor alinhados para saber que passos seguir neste sentido. Por exemplo, Bracco menciona que os usuários latino-americanos ainda não reconhecem a vantagem de usar sensores de carga. Mas no entanto no Brasil e na Argentina, já há quem está vendo os benefícios de segurança trazidos por eles.
No caso da Haulotte, por ser uma empresa de origem francesa, foi tomada a decisão de vender máquinas no padrão CE na América Latina “porque são mais seguras que as máquinas no padrão ANSI. A segurança sempre foi a nossa prioridade número um na Haulotte. Para nossos clientes e para nós mesmos, não vai mudar nada em absoluto”, assegura Jensen.
Lançamentos
Em termos de lançamentos e novidades, durante este ano, a Genie trará para o mercado latino-americano as suas lanças Genie XC (Xtra Capacity) e os acessórios destes equipamentos. “A nomenclatura XC deixa claro para os clientes que os novos modelos Genie S-60 XC, S-65 XC, S-80 XC e S-85 XC cumprem com as normas de restrição de sobrecarga nos novos padrões industriais ANSI A92 e CSA B354 na América do Norte, assim como os padrões europeus EN280 e Austrália AS 1418.10”, explica Faria.
A JLG lançou em fevereiro, no ARA, uma lança sobre esteira compacta que, segundo Dovey, oferece mais altura e alcance horizontal que qualquer outro equipamento similar na atualidade.