Recuperação a caminho

06 November 2014

Nuevo aeropuerto mexicano

Nuevo aeropuerto mexicano

A situação da economia mexicana em geral, e da indústria da construção em particular, é no mínimo delicada. Para o país, tem sido difícil se desprender dos efeitos da crise financeira mundial, já que sua economia está intimamente ligada à norte-americana.

O ano passado foi especialmente complicado para o setor, com índices negativos. Nesse ano, mesmo que melhor, ainda é frágil. No começo de 2014 as expectavas eram de um crescimento da indústria em torno a 3,5%, depois isso se reduziu a 2,8% e agora a cifra estimada chegaria a 2%, segundo declarou à Construção Latino-Americana Luis Zárate, presidente da Câmara Mexicana da Indústria da Construção (CMIC).

Para que o governo do presidente Enrique Peña Nieto possa reverter essa tendência, o investimento em infraestrutura é um tema estratégico e prioritário, já que representa o caminho para gerar desenvolvimento e crescimento econômico, e é uma peça chave para aumentar a competitividade. Segundo o governante, “é o caminho que já guia nossos esforços, para edificar o México moderno e competitivo que todos os mexicanos queremos. É a estratégia geral para construir as obras e concretar os projetos que contribuam de maneira importante para liberar o potencial do nosso país”.

Com este ideal em mente, as perspectivas são positivas. Segundo Zárate, “há fatores que nos fazem acreditar que vamos crescer 4% em 2015. Isso em razão da política de acelerar as licitações do próximo ano iniciando-as na última fase de 2014, o que permitirá começar as obras durante o primeiro semestre de 2015”.

Seguindo esse caminho, o México conta hoje com uma nova lei de obras públicas que está pensada para agilizar todos os trâmites, licitações e pagamento às empreiteiras.

Zárate também menciona que no ano que vem “vão ser vistos alguns dos efeitos das reformas estruturais postas em ação pelo presidente da República, como a financeira por exemplo. O governo terá mais recursos para investir em obra pública”. Por último, o representante do setor menciona que “temos insistido em que se elabore um banco de projetos que permitirá que quando se licite a obra, já se tenha resolvido a maior parte dos conceitos como direitos de obras e aspectos financeiros”.

Enfoque

O Programa Nacional de Infraestrutura 2014-2018 contempla recursos por 7,7 trilhões de pesos mexicanos (ao redor de US$600 bilhões), praticamente duplicando o valor investido nos últimos seis anos, e estará enfocado principalmente em seis setores.

O maior desembolso será destinado ao setor energético, que contempla investimentos de cerca de US$305 bilhões, pouco mais da metade do orçamento total. O objetivo é gerar a infraestrutura necessária para contar com energia suficiente, de qualidade e a preços competitivos.

Nesse sentido, é importante mencionar a recente reforma passada por Peña Nieto, que facilita o investimento privado em energia e estabelece novos padrões para a sua geração no país. Segundo Zárate, os efeitos dessa reforma poderão ser vistos a partir de 2016, ano no qual se espera um crescimento da indústria entre 5,3% e 5,5%.

Em segundo lugar, serão destinados quase US$141 bilhões para impulsionar o desenvolvimento urbano e a construção de moradias de qualidade dotadas de infraestrutura e serviços básicos, enquanto comunicações e transportes receberão investimentos de US$103 bilhões, 17% do total.

Quase 9% do restante do orçamento dos próximos seis anos serão destinados à infraestrutura hídrica, turismo e saúde.

Aeroporto

Comunicações e transportes representam 17,1% do orçamento do Programa de Infraestrutura 2014 – 2018. O propósito é claro: contar com infraestrutura e plataformas logísticas modernas que fomentem uma maior competitividade, produtividade e desenvolvimento econômico e social. O programa busca consolidar o México como grande centro logístico global de alto valor agregado.

Um dos projetos chave é a construção de um novo aeroporto em terrenos próximos ao atual Aeroporto Internacional da Cidade do México (AICM).

Já foram realizados os estudos aeronáuticos, ambientais, de uso do solo, de engenharia e arquitetônicos. Para o desenho da obra, foi contratado o escritório de arquitetura inglês Foster+Partners, que em sociedade com a mexicana Fernando Romero Enterprises dará vida a um aeroporto considerado como moderno, vanguardista e que expressa uma grande dose de simbolismo mexicano. O objetivo dos arquitetos foi “revolucionar o desenho de aeroportos e a experiência de viajar, criando um edifício e infraestrutura que não só se destacará no século XXI, mas também se manifestará como um ícone mexicano pelo resto do tempo”.

Mas a iniciativa não está livre de polêmica. O documento publicado pelo Grupo Aeroportuário da Cidade do México indica que o projeto se planeja nos munícipios de Texcoco e Atenco, no estado do México, em uma superfície de 4.431 hectares, 14 quilômetros a leste do atual terminal aéreo. Segundo vários especialistas nacionais, essa área tem o pior solo que poderia ter sido escolhido, já que é uma área com alto risco de afundamento - entre 21 e 30 centímetros por ano - e de alagamento.

Sobre isso, Zárate assegura que é “um solo que merece todo respeito, mas também é justo assinalar que temos especialistas muito importantes, e com o tempo têm sido estudados novos métodos para construir em solos difíceis. Um exemplo é o aeroporto que se construiu no mar do Japão - o aeroporto internacional de Kansai está localizado em uma ilha artificial na baía de Osaka - ou seja, há técnicas muito avançadas”, indica.

Ainda não se conhece o cronograma da licitação e apresentação de ofertas, que deve ser anunciado no fim do ano. Espera-se a participação de empresas e consórcios tanto mexicanos como internacionais. O presidente da CMIC está atento. Algumas das empresas associadas à entidade se uniram para criar um consórcio amplo e que combina diversas capacidades. Trata-se do Consórcio Aeroportuário Mexicano (Consam) composto por empresas como ICA, Prodemex, Carso, Conconal, Gia, Grupo Hermes, Teya, Tradeco e Marhnos, às quais se uniram outras companhias como Grupo Mexicano de Desenvolvimento, Idinsa, Grupo Garza Ponce, MG, Maiz Mier, Grupo Casgo, Timosa e Cimesa. O objetivo é contar com um conglomerado poderoso que possa enfrentar uma iniciativa dessa magnitude.

“Temos que ser muito competitivos, apontar o lápis, demostrar a capacidade dos construtores mexicanos. Temos claro conhecimento do solo, é um solo complicado, mas temos trabalhado por muitos anos nessa zona. Contamos com todos os bancos de materiais que circunda a obra, a soma das capacidades do consórcio formado é importante e as companhias contam com um grande número de maquinário com disponibilidade imediata, temos os técnicos, mão de obra especializada etc”, diz Zárate.

O desafio não é pequeno. A iniciativa contempla investimentos por 160 bilhões de pesos mexicanos (cerca de US$12,4 bilhões) que serão aportados pelo Estado. Em sua primeira fase, o aeroporto contará com três pistas paralelas de operação simultânea, uma capacidade anual para mais de 50 milhões de passageiros (o atual aeroporto internacional da Cidade de México tem capacidade para 32 milhões de passageiros), e realizará 410 mil operações anuais.

Em uma segunda etapa, serão construídas três pistas de aproximação tripla simultânea, e o aeroporto atenderá até 2065 a 120 milhões de passageiros em 1 milhão de operações anuais.

O projeto, segundo disse o executivo, vai empregar a cerca de 15 mil trabalhadores especializados e 1,5 mil técnicos de forma direta, além de gerar outros 3 mil empregos indiretos.

Trem rápido

O transporte terrestre também tem um lugar de destaque na agenda nacional. Será graças ao México, e após quatro décadas desde que o primeiro trem de alta velocidade (TAV) do mundo entrou em funcionamento (1964, no Japão), que a América Latina poderá ter um exemplar desse meio de transporte. Já está em processo de licitação este emblemático projeto do Programa Nacional de Infraestrutura: uma ferrovia de alta velocidade que unirá a capital do país com a cidade de Querétaro.

A iniciativa promete reduzir drasticamente os tempos de viagem. Se o traslado dos 210 quilômetros hoje leva cerca de duas horas de carro e até três de ônibus, graças ao TAV a distância poderia ser percorrida em apenas 59 minutos. De acordo com a Secretaria de Comunicações e Transporte (SCT) do México, o trem alcançará uma velocidade de 300 quilômetros por hora.

O processo de licitação concluiu a etapa de recebimento de propostas em 15 de outubro. Apenas um consórcio se apresentou. Ele é composto por China Railway Construction Corp (CRCC), CSR Corporation Limited, e as mexicanas GIA, Prodemex, Teya e GHP Infraestrutura Mexicana.

O investimento proposto pelo conglomerado é de 58,9 bilhões de pesos mexicanos (cerca de US$4,6 bilhões), cifra que inclui a construção, o material rodante, as obras eletromecânicas e de sinalização, assim como o período de testes. Inicialmente, calculava-se que o projeto poderia exigir investimentos por volta de 40 bilhões de pesos (cerca de US$3,1 bilhões), o que significa que o valor entregue pelo consórcio foi 47% maior do que o previsto originalmente.

O fato de que o consórcio será o único participante não significa que sairá vencedor da licitação, e em caso de não cumprir com os requisitos o processo poderia ser iniciado novamente.

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Cristian Peters
Cristián Peters Editor Tel: +56 977987493 E-mail: cristiá[email protected]
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