Protegendo a construção
17 December 2015
Um aspecto fundamental em qualquer obra é contar com seguros que permitam a execução de um projeto sem grandes riscos insuperáveis
As tecnologias e inovações no planejamento das construções e nos equipamentos envolvidos nas obras vêm fazendo com que as atividades de edificação sejam cada vez mais seguras. Não obstante, ao começar qualquer obra de grande envergadura surge a pergunta: quais são os meios que uma empreiteira dispõe para proteção de riscos durante a execução de um projeto? Há muitos anos as soluções se baseavam em exagerar a segurança e superdimensionar os riscos aos níveis do absurdo, ou até mesmo contar com uma reserva do montante do investimento dedicada somente para cobrir qualquer eventualidade. Ambas soluções podem se considerar antieconômicas.
No setor da construção existe uma série de riscos importantes, entre eles estão os prejuízos que as empresas podem sofrer de acordo com seu potencial econômico. Uma resposta a essa necessidade de cobertura anti-riscos sempre obrigou as construtoras a contratar seguros para a execução de suas obras em suas diversas etapas de edificação.
No fim de outubro deste ano foi realizada em Santiago do Chile a XXXV Conferência Hemisférica de Seguros, organizada pela Federação Interamericana de Seguros (FIDES) que apresentou todas as novidades e tendências do mercado e reuniu mais de 1.400 congressistas especialistas de toda a América Latina, a exemplo de pessoas de renome como Pina Albo, integrante da junta diretiva de Münchener Rück, John Nelson, chairman da Lloyd’s of London, o presidente da FIDES, Marco Antonio Rossi, Dirk Kempthorne, presidente da Federação Global de Associações de Seguros (GFIA) e presidente e CEO do American Council of Life Insurers (ACLI) e Pilar González da Frutos, presidente da Associação de Asseguradores da Espanha.
Pela primeira vez, essa feira foi realizada no Chile, e contou com convidados famosos como, o ex presidente do país anfitrião, Ricardo Lagos, que discursou sobre a atualidade política e econômica da Ibero América, realçando a necessidade de diversificar a economia e a poupança; Luiz Felipe Céspedes, ministro da economia do Chile, insistiu na importância de buscar uma forma de incrementar a produtividade; e Recaredo Arias, vice-presidente da FIDES, tratou de abordar o importante tema da idade de aposentadoria e explicou como uma mudança poderia ser necessária nestes países.
Além de um extenso programa de palestras, entre elas as que mais se destacaram Risco Sísmico na América do Sul, Catástrofes Naturais, Impacto da Mudança Climática e Tendências em Coberturas Catastróficas e Desafios e Experiências de Assegurar Riscos Catastróficos, durante o evento dezenas de companhias de seguro, reasseguradoras, corretores e risk managers expuseram seus produtos e novidades. E é aqui que ficamos, porque toda a empresa ligada a construção – e seus serviços associados- necessariamente terá que contratar algum seguro, seja como transportadora, construtora, contadora, etc. e conhecer as diversas opções e contar com uma assessoria adequada é o mais importante.
Assessorias de risco
Juan José Fernández da RAM Consulting, empresa dedicada ao Risk Management, explica que “o mercado de seguros já evoluiu muito, e na América Latina estamos recebendo parte dessa evolução. Os seguros de Risco Total de Construção e Montagem estão agora sendo oferecidos de forma inespecífica e com taxas muito convenientes”. Em termos gerais, as companhias de seguros oferecem seguros especificados, o que significa que a apólice cobrirá somente o que está explicitamente escrito nela, e estas, além disso, contam com uma série de exclusões, como afirma Fernández, “o espírito de uma apólice de Risco Total, é que ela seja efetivamente isso: para todos os riscos, e não somente para os que estão explícitos. O avance de uma apólice inespecífica é notável, porque agora tudo que não está excluído nelas, se encontra coberto. E muitas vezes, são estas omissões nas coberturas que traziam dores de cabeça às construtoras”.
O executivo, além disso, adverte sobre a importância de contar com um risk manager de cabeceira, posto que contar com uma assessoria permite conseguir economias importantes em prêmios e melhores coberturas, tendência que está chegando timidamente à América Latina, mas que nos países desenvolvidos já é um padrão.
Uma novidade que se destacou na feira foi a ampla oferta de seguros de garantia, os que substituiriam os comprovantes de garantia, permitindo assim que as empresas contem com melhor liquidez já que com o comprovante de garantia as companhias deveriam congelar muito capital.
Outro tema que chamou atenção dos congressistas foram os softwares que permitem levar de maneira organizada os seguros e dar seguimento a seus sinistros. Contar com uma ferramenta deste tipo não é pouca coisa. Sergio Gaymer, ex liquidador e atualmente tradutor do mercado assegurador, sinaliza que “a cadeia de seguros de construção é importante, talvez a mais completa de todas. As empresas construtoras precisam de apólices de risco total, responsabilidade civil. Transporte (muitas vezes internacional), e sobretudo coberturas de delay e start up (DSU, atraso no começo das obras), haja visto que muitos projetos se vêm afetados por imprevistos que fazem com que os cronogramas de obras não sejam cumpridos. E no caso de uma obra licitada, os prejuízos para a empresa podem ser extremamente altos”.
A chegada do resseguro
Para muitos, o termo “resseguro” pode parecer incomum, mas para o negócio da construção é vital. Afinal, são os asseguradores das companhias de seguros que têm uma função essencial no momento de proteger a construção. Dentro desta área do mercado de seguros se destacaram durante a feira empresas como Axis, Probitas 1492, Aspen e Scor somente para nomear algumas delas. Produto da baixa retenção de risco por parte das companhias de seguros locais, a estratégia é aproximar o resseguro ao consumidor final. Para isso o mercado vem desenvolvendo ferramentas há mais de 50 anos, destacando-se a figura das Cativas de Resseguro, as quais permitem que as companhias tenham sua própria companhia de resseguro e possam assim aceder ao mercado majoritário de maneira direta. Fernández disse que “é uma ferramenta antiga, mas que está recém chegando à América Latina. Sua principal função é participar em melhores condições dentro do mercado, reduzindo dramaticamente o valor dos prêmios, tornando a intermediação transparente e tomando controle direto de sua problemática de seguros. Isso permitirá que as construtoras, que atualmente perdem uma enorme quantidade de dinheiro com seguros, possam participar do negócio, capitalizando parte do que foi gasto e eventualmente conseguindo utilidades financeiras”, finaliza.