Pesquisa fornece números que explicam a crise do setor de construção no Chile
22 September 2023
Chile experimentou um aumento alarmante de licitações desertas.
Mais de 4.000 concursos foram declarados nulos no sector da construção durante 2022 no Chile, o que fez com que o Estado deixasse de investir em projectos públicos superiores a CLP 800.000 milhões (cerca de 900 milhões de dólares) nesse ano. Isto, segundo pesquisa da Universidade de Talca, representa um aumento de 100% em relação a 2021. Isto foi constatado pelo “Estudo de licitações desertas e sem ofertas. Setor de Construção”, realizado pelo acadêmico da Faculdade de Engenharia deste casa de estudos, Armando Durán Bustamante, que analisou todos os projetos não premiados do período entre 2019 e o primeiro semestre de 2023.
Como resultado da investigação, apurou-se que, durante o ano passado, não foram adjudicados 4.023 projectos, o que representa 28,6% dos 14.064 concursos correspondentes a esse período. “Tem havido um aumento constante de licitações declaradas nulas de 2019 até o primeiro semestre de 2023, e os valores não concedidos nesses anos passaram de CLP$ 224.031,8 milhões para CLP$ 802.683,8 milhões”, disse o acadêmico, que trabalha na Escola de Engenharia Civil em Obras Civis da referida Instituição.

Relativamente ao primeiro semestre de 2023, os dados também não são animadores, uma vez que o número de projetos premiados, segundo o estudo, diminuiu 150% face ao mesmo período do ano passado.
Propostas desertas
Ao analisar a situação região por região, a pesquisa do acadêmico determinou que Atacama, O’Higgins e Antofagasta lideram o número de licitações não anunciadas durante 2022 com percentuais de 43%, 40% e 39%, respectivamente. Na verdade, todas as regiões do país registaram uma taxa superior a 25% de concursos não anunciados ou sem licitantes durante 2022.
O professor da UTalca explicou que esta quebra na adjudicação de projetos está a ocorrer num segmento que afeta diretamente os setores mais vulneráveis, já que se trata de licitações de pequeno e médio porte, numa faixa que varia entre CLP$ 50 e CLP$ 300 milhões (entre US$ 56 mil e US$ 336.000). “São os grandes projectos que estão a ser adjudicados, mas os pequenos como pavimentação participativa, construção de jardins de infância, ampliação de escolas, multicampos, sedes sociais, não estão a ser adjudicados”, alertou.
A construção em apuros
A par da análise dos dados recolhidos, o estudo incluiu 112 entrevistas a empresas do setor da construção, o que permitiu estabelecer quais os fatores que estão a gerar o baixo interesse em participar e ganhar concursos públicos.
Os principais problemas mencionados pelas empresas e que impactam na hora de concorrer a um concurso público são o aumento dos materiais, com 61%, juntamente com o financiamento de projetos, com 24%.
“O terceiro fator seriam todas essas variáveis de segurança, que não foram consideradas na logística do projeto e que hoje estão associadas ao aumento da criminalidade no Chile”, concluiu o acadêmico da UTalca.
O estudo completo (em espanhol) pode ser encontrado abaixo.
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