Para frente

28 February 2012

Lat Am report

Lat Am report

A América do Sul está impulsando o crescimento da produção mundial da construção, que tinha beirado 3% durante 2011, segundo projeções realizadas pela IHS Global Insight; e o aumento dos orçamentos públicos, junto com o início de grandes projetos de infraestrutura, indicam que a tendência continuaria.

Este desempenho sólido é liderado pelo Brasil, que com a preparação para o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, junto com o crescente setor petroleiro, observa um gasto em infraestrutura estimado em US$140,5 bilhões até 2020.

Inclusive, as projeções de crescimento de 6% para o setor no ano passado teriam estado diretamente relacionadas com as próximas instalações esportivas, além do segundo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC II).

Apenas pensando nos próximos dois eventos esportivos, o Brasil investirá cerca de US$63 bilhões em nova infraestrutura e em melhorias das instalações existentes. Cerca de US$48 bilhões serão necessários para a Copa do Mundo, enquanto que US$15 bilhões serão investidos no Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016.

Investimento privado

Nesse meio tempo, espera-se que os investimentos privados no programa PAC II superem os US$105 bilhões até 2014, representando pelo menos 18% do total de US$574 bilhões destinados pelo governo para projetos de infraestrutura até esse ano.

Os investimentos em estradas serão uma prioridade e o governo tem planos para dar em concessão cerca de dois mil quilômetros.

O PAC também abrange grandes investimentos em trens e nesse sentido serão desembolsados aproximadamente US$26,3 bilhões até 2014, incluindo uma importante expansão da rede ferroviária atual de mais de 4.450 quilômetros em todo o país.

Incrementando o orçamento

Por sua vez, na Argentina, o setor da construção tem sido identificado como uma das dez áreas prioritárias para o desenvolvimento. Segundo a IHS Global Insight, o investimento da indústria da construção argentina foi de US$14,4 bilhões e o ano passado teria crescido 3,8%, taxa que se manteria também durante este ano, impulsionada especialmente pelo investimento não residencial.

No México, a pesar disso, o crescimento em setores industriais e agrícolas está impulsando a demanda por melhores estradas, setor no qual foram realizados planos para construir e modernizar mais de 4.200 quilômetros de rodovias, com investimentos de cerca de US$$4,8 bilhões.

Apesar disso, a construção no Chile durante 2011 esteve liderada pelos projetos de reconstrução após o terremoto de 2010, os quais, segundo estimativas, impulsariam o crescimento do setor a um 10,8% durante 2011.

O setor privado planeja investimentos até 2014 acima de US$73 bilhões, os quais serão destinados principalmente à mineração e energia, de acordo com o informe Advisor Latin America, elaborado ela Associação de Fabricantes de Equipamentos (AEM, por sua sigla em inglês).

O governo chileno também orçou mais de US$1,5 bilhão para melhorar o sistema de transporte da capital, o Transantiago. Pelo menos, 64% dos investimentos serão destinados à construção de mais de 109 quilômetros de novas linhas segregadas.

O Peru também tem projetado um forte crescimento para o setor da construção, o que teria crescido aproximadamente 12% no ano passado, impulsionado pelas novas construções nos setores habitacional e comercial.

O Ministério das Finanças e Economia do Peru deu preferência, durante 2011, a cerca de 30 projetos de infraestrutura com investimentos que superavam os US$3 bilhões, incluindo a expansão e atualização dos portos de Iquitos, Yurimaguas e Pisco.

Demanda energética

Este panorama do investimento em construção em algumas das principais economias da América Latina apresenta um cenário de sólido crescimento em médio prazo. No entanto, as perspectivas para o longo prazo dependem, de certa forma, da capacidade da região para cumprir com suas crescentes necessidades de energia e de diversificação de suas fontes de geração de energia.

A Organização Latino-americana de Energia (OLADE) insiste em que a energia desempenha um papel dominante no futuro da América do Sul e existe a necessidade de que os governos da região possam desenvolver fontes de energia seguras e confiáveis. A diversidade é a chave. Atualmente cerca de 70% da matriz energética da região provém dos hidrocarbonetos, em sua maioria importados. Por essa razão, os países da América Latina que não produzem seu próprio petróleo, gás ou carvão, são vulneráveis ao impacto da volatilidade dos preços.

Enquanto alguns países latino-americanos ricos em recursos energéticos, como México, Colômbia, Equador e Venezuela, vão se beneficiar da subida global dos preços das commodities, cerca de 40 milhões de pessoas na região não tem acesso à eletricidade e às importações de combustíveis consomem porcentagens cada vez maiores dos orçamentos dos países menores.

Alguns países estão atualmente avaliando suas opções, entre outros Argentina, que considera a energia nuclear como uma indústria primordial para melhorar seus planos de desenvolvimento nacional e evitar os riscos de apagões ou racionamento de energia.

Por sua vez, a OLADE estima que a América Central tem o potencial para desenvolver mais de 23.800 MW de energia hidrelétrica no futuro.

De fato, vários grandes projetos hidrelétricos estão atualmente em curso na América Latina. A represa hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingú na Amazônia brasileira, por exemplo, foi aprovada em meados do ano passado. Construída pelo consórcio Norte Energia, o projeto de 11.200 MW considera investimentos de US$17 bilhões e acarreta a construção de uma represa de 6,1 quilômetros de largura.

O governo brasileiro tem sustentado que determinada usina é fundamental para sustentar o rápido crescimento econômico do país. Da mesma forma, o governo chileno insiste que deve triplicar sua capacidade energética em 15 anos, mas o país não conta com recursos de petróleo ou gás natural e importa 97% dos combustíveis fósseis que consome.

Com o objetivo de aumentar a disponibilidade de energia, com um investimento da ordem de US$3,2 bilhões, o projeto de 2.750 MW, HidroAysén, considera a construção de cinco usinas nos rios Baker e Pascua, no sul do Chile.

A independência energética está alimentando o crescimento da construção na América Latina. Inclusive, as oportunidades de, relativamente, médio prazo que o Brasil tem graças aos eventos esportivos internacionais e os projetos energéticos de longo prazo sustentarão a expansão econômica e industrial da região. As perspectivas para o setor da construção são muito positivas.

* Helen Wright é editora adjunta da International Construction

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