Organizando o crescimento

06 October 2015

Panamá

Panamá

Segundo o Ministério de Economia e Finanças (MEF) do Panamá, a economia do país cresceu 5,9% no primeiro trimestre de 2015 e os setores com melhor desempenho foram construção e serviços. A entidade também prevê um incremento similar ao do ano passado, que fechou em 6,2%, cerca de 6% para esse ano, cifra de um ponto porcentual abaixo da última previsão da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), que recém apresentou a atualização de suas projeções para a região.

A Construção Latino-Americana (CLA) viajou ao país centro-americano para conhecer em primeira mão como se deu esse crescimento, que inclui uma infinidade de obras públicas e privadas.

Grandes oportunidades no país surgiram exponencialmente, graças ao programa de Ampliação do Canal do Panamá, que já em sua última fase inclui a construção de eclusas mais amplas que permitirão a passagem de barcos Post-Panamx, com capacidade de até 12.000 TEUs, maiores que os de 5.000 TEUs que passam atualmente.

O aumento da capacidade do complexo prevê que a situação econômica melhore ainda mais, pois supõe-se uma crescente demanda por subsídios. Como em qualquer país em desenvolvimento, a aceleração da economia somada ao crescimento do setor da construção gera aumento populacional e grandes oportunidades que por sua vez culminam em uma série de dificuldades como maior demanda de energia, saúde e habitação, tráfego lento e falta de transporte público, problemas que só podem ser sanados com mais obras.

Mobilidade urbana

Para abordar estas dificuldades, o ministério de Obras Públicas (MOP) panamenho, por meio de sua porta-voz, a vice-ministra Marieta Jaén, disse que nos próximos cinco anos de administração do presidente Juan Carlos Varela serão investidos cerca de US$2,9 bilhões em projetos públicos.

A titular sinaliza que os planos de melhoria a longo prazo ainda estão em etapa de estudo, mas algumas ações imediatas já foram tomadas com vários projetos que terão alto impacto.

Um exemplo é a construção do Metrô da Cidade do Panamá, que já tem seu primeiro trecho em funcionamento com 14 estações, e o segundo em fase de desenho final.

Santiago Erans, diretor adjunto contratado pelo consórcio composto pela espanhola FCC Construcción e a brasileira Odebrecht, que ganhou a licitação da construção das duas linhas, disse que se espera que o novo trecho melhore ainda mais o tráfego local, que na Cidade do Panamá chega a níveis extremos de até quatro horas de locomoção, pois além de servir a população local, a cidade recebe diariamente uma população transitória de trabalhadores que vivem em regiões vizinhas.

O diretor disse à CLA que a linha 1, na qual se investiu cerca de US$2 bilhões, agora serve 220.000 pessoas ao dia, com intervalos entre trens de três minutos, mas está projetada já contemplando uma expansão futura, com a qual se conseguirá receber até 35 vagões com intervalos de 90 segundos entre cada um. Segundo o executivo, no ano de 2040, a linha conduzirá cerca de 40.000 passageiros por hora.

A linha 2, orçada em US$1,8 bilhões e que está composta por 16 estações e 22 quilômetros de extensão, servirá diretamente à população transitória, pois chegará a zonas mais remotas da cidade do Panamá. O projeto contempla inclusive estacionamentos nas estações, onde os usuários possam deixar seus veículos enquanto trabalham na cidade.

Assim como exposto pela vice-ministra Jaén sobre a urgência destes projetos, Erans afirma que o maior desafio do consorcio foi, e ainda é, a rapidez exigida na entrega das obras, e com orgulho comenta que a linha 1 foi entregue em oito meses, alcançando níveis europeus de qualidade.

Para ele, a escolha do maquinário foi decisiva. Para chegar ao objetivo, a alemã Herrenknecht desenhou especialmente uma tunnel boring machine (TBM) de escudo rígido, diâmetro de escavação de 9,77 metros, adaptada ao tipo de solo existente levando em conta os estudos geológicos realizados.

Não se pode esquecer ainda que a Cidade do Panamá, por ser costeira e situada em uma região chuvosa, apresenta altos fluxos de inundação, razão pela qual a vice-ministra afirma que a dragagem de rios e renovações de ruas e avenidas são preocupações principais e constantes do MOP, por ser parte da vida cotidiana da organização estudar sempre a melhor maneira de reverter esta situação.

Também como parte da mobilidade, Jaén considera que a quarta ponte sobre o Canal do Panamá é, sem dúvida, um dos projetos mais importantes desta gestão, já que afastará o tráfego logístico e os grandes caminhões das principais zonas urbanas. O projeto, que conecta a área de Albrook e o corredor Norte, terá seis faixas para carros (três em cada direção), e adicionalmente contará com uma faixa para um monotrilho.

Além disso, para a representante do Ministério, obras como a ampliação da rodovia Panamericana, com um orçamento de US$ 140 milhões, uma ampliação férrea que cruzará o país de US$ 400 milhões, a expansão da malha costeira da cidade do Panamá (San Felipe – Amador, Vía Cincuentenário – Panamá Viejo), a rodovia Panamá Colón (Santa Rita – Colón) e a Via Panorâmica Howard – Campana são obras que terão um impacto na vida cotidiana da população, já que além de desviar o tráfego, levarão acesso e desenvolvimento a muitas áreas.

Saúde

O Panamá também tem seus problemas relacionados à prestação de serviços como saúde. Levando em conta o crescimento demográfico e o escasso acesso aos serviços essenciais em áreas remotas, o governo nacional parece ter um conceito avançado neste aspecto. Os projetos atuais neste setor oferecem uma grande mudança cultural na vida dos habitantes, pois têm como objetivo, além de aumentar a oferta de equipamentos, fazer crescer consideravelmente a rede de atenção primária.

Em um evento da Junta Diretiva da Câmara Panamenha da Construção (CPAC), o Ministro da Saúde, Dr. Francisco Javier Terrientes, explicou o status das obras mais importantes no campo da saúde no país. Um deles é o projeto MINSA-CAPSIS, que com um investimento de US$386 milhões contempla a construção de cinco novos hospitais: o Hospital Geral de Metetí, em Darién (US$43 milhões); o Hospital Geral de Especialidades Anita Moreno, em Los Santos (US$70 milhões); o Hospital Luis Chicho Fábrega de Veragua (US$107 milhões); o Hospital Manuel Amador Guerrero em Colón (US$130 milhões) e o Hospital Geral de Bugaba, em Chiriquí (US$36 milhões).

Ele também mencionou o projeto do hospital Ciudad Salud, com um orçamento de US$517 milhões. Segundo o ministro, os licitantes terão até três anos para completar os trabalhos.

Serviços essenciais

Durante o mesmo evento, se destacou a importância dos projetos de saneamento, acesso a água potável e eletricidade para atingir a excelência da operação destes e de outros projetos. Iván de Icaza, vice-presidente da CPAC, expressou a importância do Projeto de Saneamento da Cidade do Panamá e Bahia Panamá, cuja missão é melhorar a qualidade de vida das pessoas e o meio ambiente por meio de melhorias nas condições sanitárias da cidade do Panamá e a implementação de um sistema que permite captar, manejar e tratar as águas residuais.

Com um orçamento de US$750 milhões, o projeto também deve se encarregar de limpar os rios e riachos que atualmente representam um risco para a saúde pública e tem ainda a intenção de colaborar com o desenvolvimento urbano, econômico, social e turístico.

Além dos serviços de saneamento, o acesso à eletricidade igualmente está se ampliando no país, obviamente não somente pelo crescimento demográfico e econômico, mas também pelos projetos de grandes de investimentos, que por suas características implícitas demandarão e exigirão uma maior aplicação de subsídio elétrico.

Avaliações realizadas pela Secretaria de Energia, em colaboração com a Autoridade Nacional dos Serviços Públicos (ASEP) levaram à criação de um plano de expansão nacional, que tem como objetivo aumentar até 2018 a oferta de energia em 1.951 MW (ver tabela).

Para colocar o plano em prática, dezenas de projetos, em sua maioria hidroelétricos, estão em marcha. O mais ousado atualmente parece ser a ampliação da central hidroelétrica Changuinola, que utiliza as águas dos rios Changuinola e Culubre, e tem capacidade de geração com potência nominal de 153.4 MW.

Assim, o projeto Chan II foi concessionado à Odebrecht Energy Luxemburgo em parceria com a estatal Empresa de Geração Elétrica S.A (Egesa). Com uma oferta de US$1, bilhão, o projeto terá uma capacidade instalada para produzir 213 MW. A Odebrecht terá uma participação de 77%, enquanto os outros 23% estarão a cargo do Estado panamenho.

A planta significará 9% da capacidade instalada no país centro-americano e terá uma represa de armazenamento que permitirá a produção de energia durante 90 dias.

O potencial de energia eólica no Panamá também está crescendo. Este tipo de geração hoje representa 11% da oferta total de energia no país com 270 MW. A empresa União Eólica Panamenha, que construiu e opera o único parque eólico do país, investirá US$300 milhões em sua expansão.

O projeto, que está previsto para começar em janeiro de 2016, incrementaria a capacidade de geração do parque em 230 MW por meio da instalação de turbinas maiores e estariam prontos para o fim de 2017.

Segundo Roberto Melendes, gerente geral da Autoridade Nacional dos Serviços Públicos, a geração de energia alternativa é uma solução para os anos em que não há muita chuva, comprometendo a geração hídrica, já que o país vem sendo fortemente afetado pelo fenômeno climático El Niño. Ele, porém, prevê que a situação climática é passageira, e não deverá comprometer permanentemente a entrega de geração hídrica. “No ano de 1997, o Panamá passou por uma situação semelhante, com danos muito maiores, inclusive ao funcionamento do Canal, mas a situação foi revertida nos anos seguintes com a volta das chuvas”, relembra.

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