O cada vez mais importante papel da mulher na construção
27 November 2023
2023 está quase nos deixando e a ideia geral é de que tenhamos encontrado evolução e equilíbrio nas nossas relações e cotidiano. Isso se traduz em vida em sociedade, equilíbrio e equalidade.
Mas os números não mentem: segundo a ONG Corporate Women Directors International, atualmente, as mulheres ocupam 20,2% de todos os cargos de diretor nas diretorias das 200 maiores empresas do mundo - a Fortune Global 200 - e 17,6% dos cargos de diretor executivo nessas mesmas empresas.
Se puxarmos esse montante para o domínio da construção civil, historicamente associado ao mundo masculino, as mulheres representam menos de 10% do pessoal.
Por aqui, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 200 mil mulheres trabalhando no setor da construção civil.
Vamos atentar para o fato de que essa participação cresceu 120% entre 2007 e 2018. Emergem mulheres dispostas a quebrar os paradigmas, que repelem o preconceito, e fazem cair por terra tabus e mitos relacionados ao canteiro de obras.
“As mulheres na construção civil representam um avanço na igualdade de gênero, na inclusão social e na diversidade de talentos. Elas demonstram competências e habilidades importantes para o setor, tais como: olhar crítico e detalhista, foco e comprometimento, liderança e trabalho em equipe, resiliência e persistência”, afirma Magda Guedes, Psicóloga, Pós-Graduada em Psicologia Jurídica, com Especializações em Avaliação Psicológica, Análise Grafotécnica e Recursos Humanos. Mais de 35 anos como Gestora e Consultora de RH, nos mais diversos segmentos.
Mulheres são mais eficazes que os homens em cargos de liderança. A conclusão é de uma pesquisa da Leadership Circle, organização norte-americana focada no desenvolvimento de líderes, a partir da avaliação de mais de 84 mil dirigentes pelo mundo. Um outro relatório, dessa vez da plataforma Conference Board, indica que corporações com o mínimo de 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres tendem a ter um desempenho financeiro melhor – dados confirmados pela McKinsey & Company, que aponta que as empresas com uma maior diversidade de gênero na liderança têm um retorno 15% maior sobre o capital investido.
Isso porque, considerando suas vivências históricas, as mulheres tendem a ser mais colaborativas, empáticas e orientadas para resultados - o que acaba se refletindo na sua atuação no meio corporativo. Assim, os estudos confirmam o quanto a presença feminina à frente de empresas está ultrapassando a barreira da representatividade e se reforçando como uma estratégia de perenidade dos negócios. No Brasil, as mulheres ocupam apenas 39% dos cargos de liderança - uma realidade que precisa ser revista, considerando o potencial empreendedor feminino. Das corporações que se incluem nessa porcentagem está o Grupo Linear.
A companhia, que surgiu em 2009 para atender uma demanda de escoamento inexistente no Brasil até então, mantém na cadeira de CEO a mesma mulher desde a fundação do negócio. Regina Sardanha traz no seu modo de conduzir a empresa um olhar abrangente, inclusivo e que atende às expectativas das quatro acionistas do grupo – todas mulheres. “Nossa empresa está em um meio majoritariamente masculino e esse, por si só, já é um obstáculo a mais para a consolidação no mercado. Hoje temos um nome reconhecido no segmento da construção civil, mas ele foi conquistado com muito esforço e trabalho de igual para igual em se tratando de desempenho de gênero”, afirma a diretora executiva.
Atualmente, o Grupo Linear tem no seu quadro de funcionários mais de 55% de mulheres – algo pouco comum para um negócio que atua na indústria da construção civil. A organização tem, além da Regina e das acionistas, a presença feminina em outros seis cargos de coordenação nas áreas de gente e cultura, comercial, exportação e e-commerce, marketing e controladoria. Todas iniciaram na empresa em outras funções e cresceram profissionalmente até ocupar os espaços de hoje.
Tatiane Train vem seguindo essa mesma jornada de trilhar uma carreira dentro da empresa. Ela iniciou na recepção, passou pelo marketing e agora faz parte do time de desenvolvimento de produto, área em que pode desempenhar todo o conhecimento da sua formação acadêmica, que é em Design de Produto. “Logo que ingressei na empresa me indicaram cursos que agregariam no meu crescimento profissional. Em toda a minha trajetória, o Grupo Linear me ofereceu oportunidades de crescimento e o respaldo de gestores éticos e de profissionalismo extremo. É muito gratificante ser valorizada pelo meu trabalho”, conta.
Juliana Muller também faz parte do time de mulheres que teve chances de conquistar novos degraus dentro da corporação. Foi, inclusive, por causa da empresa que ela retomou os estudos. “Quando me foi oferecida uma vaga no setor de contabilidade, me vi na necessidade de voltar a estudar, ainda mais porque era uma área que eu não dominava. Estou na empresa há nove anos e sei que aqui dentro sou percebida e reconhecida pelo serviço que desempenho”, declara.
Estudos como os já citados indicam que empresas com maior diversidade de gênero são vistas como mais inovadoras, inclusivas e socialmente responsáveis. Isso pode contribuir para a atração e retenção de talentos – e também influenciar positivamente no desenvolvimento de novos produtos e serviços.
“Com a nossa vivência, entendemos que toda essa participação feminina na empresa faz muita diferença no desempenho que a gente vem tendo onde atuamos. E isso está longe de ser uma disputa de gênero ou de força. O Grupo Linear sempre defendeu a diversidade como agregadora de conhecimento e de valor para o crescimento mútuo. É por isso que continuamos investindo em capacitações e dando todo o suporte social que qualquer colaborador merece – em especial, às mulheres, que inevitavelmente desempenham múltiplas tarefas além da profissional”, destaca Regina.
A presença feminina agrega com um novo mindset e propostas de equidade de gênero, e grandes fabricantes de equipamentos, gigantes da indústria, startups, fintechs e agências, procuram, com cada vez mais constância buscam valorizar esse entrever.
Elas comandam
Temos Brasil afora mulheres poderosas, no comando de grandes empresas e que ganharam prestígio e reconhecimento pela alinhável, inatacável e homogênea mistura de devoção, dedicação e pulso firme.
Os números corroboram: nos últimos dez anos, o Ministério do Trabalho e Emprego estima que a absorção de mulheres pelo mercado da construção civil cresceu quase 50%. Cada uma dessas mulheres, expurgou a hostilidade, o assédio, os tabus e escancararam que o público feminino combina sim com canteiro de obras.
“Minha trajetória me ensinou que a resiliência e a determinação podem superar muitos obstáculos. Eu indicaria a outras mulheres que se inspirem nesse movimento de igualdade e diversidade e que encontrem apoio em suas comunidades. Também recomendaria a busca por mentoras e mentores que possam oferecer orientação e apoio ao longo do caminho. Acredito que, juntos, podemos criar um ambiente mais inclusivo e equitativo para todos”, analisa Flávia Paulo Oliveira, sócia-fundadora do escritório Paulo Moraes Advocacia, especializado em causas femininas trabalhistas e com muitas empresas de construção como clientes.
“A visibilidade e o apoio crescentes para mulheres empreendedoras, bem como para a comunidade LGBTQ+, precisam continuar. Deve-se ainda, acreditar nas suas capacidades, promover a inclusão e apoiar outras mulheres na área. “, complementa a advogada.
Mulheres, são meticulosas, boas observadoras, determinadas, batalhadoras e, em grande parte, perfeccionistas. Elas estão se consolidando no ramo da construção e há explicação para isso: dominam uma série de competências que podem ser muito úteis para tornar as empresas mais férteis e qualificar seus resultados.
“A maioria dos investidores são grupos formados por homens e isso pode representar um desafio para empreendedoras. A abordagem que adotei foi focar nos aspectos sólidos do meu negócio, no meu conhecimento e na minha paixão pelo que faço. Também busquei criar redes de contatos e parcerias com organizações que apoiam o empreendedorismo feminino, como o Ibradim (Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário). O meu comprometimento com o sucesso foi fundamental para conquistar investidores, independentemente do gênero”, avalia Flávia Paulo Oliveira, Sócia-fundadora do escritório Paulo Moraes Advocacia, que além de dar especial atenção à causas femininas, possui em sua cartela de clientes grandes empresas de construção.
A ONG Mulheres em Construção desde 2006 busca dar a autonomia, a cidadania e o empoderamento das mulheres em situação de vulnerabilidade e violência doméstica.
Em um mercado masculino, capacitam mulheres, lutando pela redução da desigualdade e incentivando a diversidade de gênero. Num cenário onde 3 milhões de mulheres no Brasil vivem em condições de pobreza e violência doméstica, essas iniciativas vêm a calhar.
“Quem foi que disse que uma mulher não pode erguer muros, misturar cimento, subir em andaimes e construir um futuro melhor? Para mim, ninguém disse isso. Ao contrário, eu sempre ouvi da minha mãe, Dona Diva, que a mulher precisa ser independente e batalhadora, sem deixar de ser parceira do homem. No lar, junto com três irmãos e três irmãs, aprendi que não tem coisa de homem nem coisa de mulher. Todo mundo pode e deve lutar pela sua felicidade, de preferência unido, sem disputa ou concorrência” relata Bia Ker, Fundadora e Presidente da Ong.
Para ela, mulheres são habilidosas e podem oferecer mais apuro técnico e atenção aos detalhes, elas merecem ser valorizadas nos processos seletivos das empresas: “Acredito que ter diversidade de gênero na formação de equipes de trabalho é muito enriquecedor, pois agrega diferentes pontos de vista, diversas habilidades, talentos e estilos de liderança. Penso que, em geral, mulheres tendem a ser boas conciliadoras e agregadoras no trabalho em equipe.”, salienta.
Os desafios ainda são egrégios: o gênero feminino ainda duela na captação, seleção, promoção, igualdade salarial e retenção nas empresas.
Averiguou-se que, dentre as mulheres, as jovens, as menos experientes e as mães são as que mais atravessam obstáculos no mercado de trabalho.
São inúmeros agentes adversários como preconceito, discriminação, locomoção, viagens a serviço da empresa, estado civil, o fato de ter filhos, o medo da reação dos demais empregados com a contratação, que foram apontados como os grandes imbróglios a serem ainda combatidos.
A representatividade atua como inspiração para que outras sonhem e façam de cada pedra no caminho, um degrau a mais na construção de uma carreira bem-sucedida na área.
“Embora historicamente a Construção tenha sido um mercado dominado por homens, a conscientização sobre a igualdade de gênero está crescendo em todos os mercados, incluindo não só a Construção, mas a Agricultura, a Mineração e a Indústria (que são os mercados que a Manitou atua). Essa é uma luta de mulheres que quebraram muitas barreiras antes da minha geração e abriu essas portas para mim e para tantas nos dias de hoje”, avalia Deisy Alves, Supervisora Regional de Vendas da Manitou.
Ainda há desafios e para promover a igualdade, e é fundamental quebrar esses estereótipos. Com o tempo, as mulheres têm levado a a bandeira a frente e ganhando espaço significativo a cada década.
“Eu sempre ouço dizer “abrimos esta vaga/oportunidade e pensamos em um homem”, mas quando temos relacionamento com o Mercado e tecnicamente somos suficientes, às vezes escuto ao contrário: “ Não poderia ter sido melhor se não pensado por uma cabeça feminina”, complementa.
O mercado oferece oportunidades para todos, independentemente do gênero, e é se promovendo com excelência no desempenho que hoje somos muitas em todos os mercados, não só vista como mulher, mas como profissional de excelência, acima de tudo.