O aumento do valor dos materiais retardará o crescimento no Brasil
23 May 2022
O segmento de construção de infraestrutura do Brasil apresentou um forte crescimento de 10,2% em 2021, mas o crescimento abrandará para 3,8% este ano devido ao aumento dos preços dos materiais e sua indisponibilidade, bem como às altas taxas de juros, de acordo com um relatório da GlobalData. O relatório prevê que o crescimento desacelerará ainda mais em 2023, para apenas 1,4%.
Como resultado do ambiente econômico estressado, as licitações para grandes projetos de infraestrutura foram adiadas. Por exemplo, a Artesp, agência de transportes do estado de São Paulo, atrasou o leilão da rede rodoviária Rodoanel Norte, no valor de US$ 584,3 milhões, e agora espera que o projeto seja concluído dois anos após sua previsão inicial.
Segundo o Índice Nacional de Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em abril foi de 1,21% e 15% em 12 meses. Enquanto isso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), o Índice Nacional de Custos de Construção - M (INCC-M) subiu 0,87% mês a mês em abril de 2022 e aumentou 11,54% ano a ano (YoY).
O índice também mostra que os Materiais, Equipamentos e Serviços aumentaram 14,97% em relação ao ano anterior, enquanto os custos de mão-de-obra aumentaram 7,99%.
Além disso, o aperto da política monetária aumentará ainda mais o custo de fazer negócios. Em uma tentativa de combater a inflação em espiral, o banco central brasileiro elevou as taxas de juros de referência (Selic) para uma alta de 12,75%, em termos reais, que equivale a 6,69%.
“A indústria de construção do Brasil tem lutado com aumentos de custos e prazos de entrega cada vez maiores ao longo do ano passado, com níveis recordes de capacidade e estoques altamente esgotados levando a uma lacuna substancial entre a oferta e a demanda que tem impulsionado os preços”, disse Jack Riddleston, economista da GlobalData.
Embora o ambiente econômico seja volátil, o apetite dos investidores por projetos de infra-estrutura continua forte; a Secretaria de Política Econômica espera que o investimento privado em infra-estrutura aumente 95% a US$14,6 bilhões durante o próximo ano. O governo federal lançou um plano em 2019 para usar parcerias público-privadas para melhorar a infra-estrutura atrasada do país. O governo concedeu 79 concessões no total até agora e outros 61 leilões para projetos de infra-estrutura serão realizados durante 2022.
O Brasil realizará eleições presidenciais em outubro de 2022, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como favorito, seguido pelo atual presidente Jair Bolsonaro.