Nicho de elevação
26 January 2016
Uma empresa com 63 anos de história na fabricação de diversos tipos de equipamento, localizada no Rio Grande do Sul. Assim se pode definir resumidamente a Masal, indústria familiar que se tornou conhecida, lá no início, por suas máquinas agrícolas, mas que de alguns anos para cá vem explorando o mercado dos guindastes articulados veiculares, os famosos guindautos.
Esse é um mercado muito competitivo, em que nomes europeus tradicionais competem em todos os países da América Latina, e onde a competição brasileira é também razoavelmente grande. A escolha estratégica da Masal revelou uma boa inteligência corporativa: a associação com um player turco pouco conhecido por aqui está provendo uma tecnologia que o mercado regional ainda não usa.
Daí nasce o acordo de representação com transferência de tecnologia entre a Masal e a fabricante turca World Power. No centro da associação, está uma linha de guindastes articulados com lança telescópica que se caracteriza por ocupar um lugar intermediário entre os modelos conhecidos como goleira e canivete.
A World Power produz uma espécie de similar do guindaste telescópico RT, inclusive com cabine de operador, instalado sobre caminhão. “Esse sistema consegue ter um gráfico de canivete em termos de amplitude, mas com a mesma robustez que o modelo goleira. Isso nos dá a chance de trabalhar com guindastes acima de 80 toneladas metro num equipamento com peso de montagem substancialmente menor e ganhando espaço no caminhão”, afirma o diretor comercial da Masal, Thiago Vitola.
O executivo diz que a World Power já conseguiu produzir com sua engenharia um guindaste veicular capaz de elevar 600 toneladas, e que agora a empresa está desenvolvendo um capaz de elevar 1 mil toneladas. “O modelo que trouxemos para o Brasil tem 365 toneladas de capacidade e é o único nas Américas, nem nos Estados Unidos tem coisa parecida”.
A associação entre as empresas trará consigo a necessidade de uma apresentação ao mercado, num processo longo. Por agora, a Masal está incorporando partes do equipamento nas linhas de produção de uma de suas três fábricas, buscando atingir uma nacionalização de pelo menos 60% nos próximos anos para chegar a vendê-los com Finame ao mercado nacional.
Mas o diretor Thiago Vitola não ignora que a América Latina como um todo é um mercado atrativo e quer ganhar participação. Sua ambição chega também aos países do norte, notadamente Estados Unidos e Canadá.
Novo momento
Os novos ventos que recentemente começaram a soprar na América do Sul prometem dias melhores. “As mudanças políticas na Argentina são importantes. Sentimos que os distribuidores estão nos buscando sem qualquer estímulo nosso. O que vamos fazer em 2016 é intensificar essas relações na Argentina, Colômbia, Peru, Bolívia e México. A parceria com a World Power nos coloca em boa posição para os mercados mais sofisticados como EUA e Canadá. Com o câmbio e o mercado fraco do Brasil, é o momento ideal para isso”, afirma ele.
Ele interpreta a popularização dos guindautos como reflexo de uma mudança estrutural no mercado de trabalho. “Hoje, a imagem de um caminhão parado na frente de uma obra descarregando tijolos com cinco ou seis pessoas não existe mais. O motorista descarrega com seu guindaste sem nem suar. Esse conceito nas mais diferentes frentes indica a mecanização dos serviços”, diz Thiago Vitola.