Manitou espera ano de zero crescimento

13 May 2020

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Marcelo Bracco

A Construção Latino-Americana conversou com Marcelo Bracco, diretor executivo da Manitou para a América Latina, que comentou a situação atual do mundo e da economia, e como a empresa francesa está se posicionando.

A empresa tem três filiais na região: no Brasil, tem a fábrica de Vinhedo, São Paulo, onde produz o manipulador telescópico MT-X 1841 (18 metros de altura e 4,1 toneladas de capacidade de carga; no Chile, onde se administram todos os distribuidores da América do Sul; e no México, a partir de onde se controlam as atividades do México, América Central e Caribe.

Que medidas tomaram quando começou a crise do Covid-19 na região?

Depois da declaração de pandemia, fizemos com que toda nossa equipe do Chile e do México fosse para o home office, e o mesmo foi adotado com a equipe administrativa no Brasil, mas a fábrica não parou, continuou com a montagem das máquinas e o processo de produção. Mas sim, tomamos todas as medidas sanitárias importantes para proteger os empregados, todos os colaboradores da Manitou estão protegidos. O Manitou Group estabeleceu algumas regras para continuar a produção, como o uso de máscaras, limpeza de mãos, distanciamento social, e os postos de trabalho estão a dois metros de distância etc.

Desde janeiro continuamos com nossa produção, e graças a Deus não tivemos nenhum problema até o momento.

Tivemos que reduzir um pouco a produção, mais ou menos 30%, a quantidade de máquinas que produzimos por mês, a fim de que assim as pessoas possam trabalhar de maneira mais tranquila.

A Manitou experimentou uma queda de 25% em sua receita do primeiro trimestre. O que aconteceu com a América Latina em particular?

A América Latina teve um bom crescimento, de 20%, em 2019, na comparação com 2018. Foi um ano bom.

As expectativas começaram muito fortes em 2020 para toda a região, esperávamos um crescimento de cerca de 30% para o ano, comparando com 2019. Só no primeiro trimestre, na América Latina, tivemos um crescimento de 21% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

Este crescimento esteve dado principalmente pelo Brasil, onde no primeiro trimestre tivemos um crescimento de mais de 100% (o mercado brasileiro cresceu quase 40% no período).

Na América do Sul, crescemos quase 10%, mas o mercado teve uma queda de 25% pelo problema na Argentina e as manifestações no Chile. Na América Central tivemos uma queda de quase 10% em nosso faturamento, e o mercado teve uma queda de quase 40% no primeiro trimestre.

E com tudo que está acontecendo hoje, há uma revisão dessa expectativa inicial para 2020?

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Vinhedo

Agora nossa expectativa é fechar o ano como fechamos 2019, com um crescimento de mais ou menos 0%, o que para mim será um resultado muito bom para a América Latina. Para o mercado esperamos uma queda de 30-40%, principalmente pela Argentina e o México, que são os países que têm o maior impacto na economia agora. O Brasil também vai cair, mas Brasil e Chile vão se recuperar mais rápido. O Chile por causa da mineração, e o Brasil porque tem todas as indústrias da construção.

Cerca de 75% das vendas da Manitou na América Latina se concentram em quatro países: Argentina, Brasil, Chile e México, e Marcelo Bracco faz uma breve análise de cada um deles.

Brasil

O Brasil está bem na mineração e agricultura, são atividades que não param. Continua bem, mas a construção e a indústria estão mais ou menos a 50%. O tema no Brasil é que o câmbio afeta muito, não apenas no Brasil, em toda a América Latina. O dólar e o Euro tiveram um crescimento fortíssimo no Brasil, Argentina, Chile e México, e é um problema que afeta muito as máquinas importadas.

Também os bancos, que restringem os créditos, mesmo que as taxas de juros hoje estejam muito baixas. O Banco Central do Brasil baixou muito as taxas, mas de qualquer maneira os bancos estão restringindo muito os créditos de seus clientes.

E no Brasil acontece o desacordo entre o governo federal e o governo dos estados, que prejudica muito a guerra contra o vírus, e aí quem sai prejudicado é o povo.

Argentina

Nosso distribuidor está trabalhando muito na agricultura e mineração, que continua se movendo (assim como no Brasil, assim como a indústria de alimentos, mas o segmento de construção e o de petróleo e gás estão parados). Nós temos muito maquinário para este segmento de oil & gas,e o segmento foi muito impactado pelo preço do petróleo.

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Também ali o câmbio dificulta muito a venda do maquinário e temos que fazer financiamento de curto prazo com nossos clientes.

México

O país está em lockdown até o final de maio, e estamos tendo muitas dificuldades na economia, que já estava afetada pela queda da economia dos Estados Unidos.

Mas também ali a agricultura e a mineração têm força e temos um dealer agrícola que está trabalhando muito forte, não para.

O governo diz que está tudo sob controle, mas a situação se deteriora a cada dia. A delinquência é um tema que nos preocupa muitíssimo.

O México não havia começado bem o ano, e agora com a crise está pior.

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