Igualar o jogo

16 May 2014

Minera Tamoio

Minera Tamoio

Há poucos anos, o panorama latino-americano de produção de agregados para a construção era em grandes rasgos o mesmo desde muitas décadas. Imensas usinas estáticas montadas para sempre nas pedreiras, cada uma com uma quantidade de cones ou mandíbulas britando pedras que transitavam por longas correias transportadoras até os caminhões encarregados de levá-las ao canteiro de obras. Mas isso está mudando, e não só porque a tecnologia móvel está disponível, mas também porque com as regulações ambientais cada vez mais estritas, as pedreiras devem ficar cada vez mais longe dos centros urbanos. Assim, o custo do frete pode ficar maior do que o custo da pedra em si.

Esse tipo de problema contribui para que a britagem móvel seja a tendência do negócio de produção de agregados em todo o mundo. Na última feira ConExpo, em março, não havia nenhum fabricante desses equipamentos que não tivesse em exibição algum lançamento de britagem móvel.

Da mesma forma, as grandes marcas mundiais desses equipamentos percebem que aí se encontra uma saída dos últimos maus momentos econômicos mundiais. Esse não é um mercado de grandes volumes de venda. Além disso, as máquinas têm muitas especificações técnicas e uma durabilidade quase de vida inteira, o que exclui o crescimento por troca de equipamentos e agrega importância aos serviços de pós-venda. Assim, a quebra de paradigmas tradicionais em mercados ainda muito dominados pela britagem estacionária, como é o caso da América Latina, é vista pelos fabricantes como uma oportunidade.

Se agregamos ao contexto o fato de que na América Latina nenhum fabricante manufatura usinas de britagem móvel, não há razão para deixar de incluir a região em seu mapa de exportações. O resultado é que os grandes nomes do mercado percebem que esse é o momento de igualar o jogo entre a nossa região e o mundo, e começam a tirar vantagem disso.

Lançamentos

O que se viu em Las Vegas em termos de britagem e peneiramento, durante a ConExpo, foi de fato um show de novidades. Entre os principais, alguns se destacaram.

A finlandesa Metso apresentou o que promete ser uma máquina “revolucionária”. O Lokotrack LT220D é um equipamento compacto que traz um britador e uma peneira em um só chassi. A máquina pode operar com os britadores de cone Nordberg GP220 e HP200, de acordo com o fabricante. O fato de integrar o britador e a peneira em um mesmo corpo contribui, segundo a Metso, para uma importante economia de combustível, dado que um mesmo motor diesel CAT C13 de 309kW aciona as duas funções do equipamento. Além disso, o novo Lokotrack transmite a potência máxima diretamente ao britador, o que também reduz a combustão. Ao anterior, se somam as características de que o LT220D pesa 48 toneladas, sua peneira integrada é operada hidraulicamente e os transportadores laterais são dobráveis. Tudo isso, segundo o fabricante, ajuda a que o equipamento entre em funcionamento em poucos minutos e também facilitaria seu transporte.

A Metso Brasil já está oferecendo o novo Lokotrack a seus clientes no país. De acordo com o gerente de vendas da companhia, Geraldo Bertolin, “estamos apresentando esse equipamento ao mercado, ainda que até o momento não haja vendas. Se vender alguma unidade, poderia chegar em junho”. Enquanto isso, o responsável de vendas da Metso para a América Latina, Oldemar Meneses, que trabalha no México, disse que no país já foram vendidas três unidades do LT220D, que estão em operação. “Estou esperando um pedido do Peru e brevemente da Colômbia e do Chile”, afirmou.

A Powerscreen é outra grande marca que apresentou lançamentos mundiais na ConExpo. Três novas máquinas de britagem se agregaram ao seu portfólio: o britador de mandíbulas Premiertrak 300, o britador de impacto móvel Trakpactor 320SR e a peneira Warrior 2100. De acordo com a companhia, a Premiertrak 300 é ideal trabalhar em área urbana, por exemplo na produção de agregados para pavimentação asfáltica, por sua baixa emissão de ruídos. Essa característica é fruto de um desenho de motor adequado para funcionar a menores RPM. A máquina é capaz de produzir até 280 toneladas por hora de operação, com sua câmara de mandíbula de 1000 mm X 600 mm. A Premiertrak 300 tem duas opções de motor: o CAT C9 Acert, de 205 kW, e o Scania DC9 80A, de 202 kW.

O novo britador de impacto móvel Trakpactor 320SR é um equipamento médio mas capaz de trabalhar em condições adversas, segundo a Powerscreen. Isso a tonaria adequada, por exemplo às atividades de reciclagem de demolições. A seção de peneiramento posterior da máquina se desmonta, convertendo-a assim numa Trakpactor 320 padrão. O significado disso é mais versatilidade de aplicações. A capacidade de produção desse novo equipamento é de 320 toneladas/hora.

Por sua vez, a peneira Warrior 2100 é, de acordo com a Powerscreen, a primeira peneira desenhada com o pensamento posto na reciclagem. Pode processar materiais diversos como restos de demolição, solo natural, concreto, asfalto e madeira. A máquina conta com a tecnologia de triplo eixo do fabricante, que já havia sido incluída na peneira Warrior 2400.

Todos esses equipamentos estão disponíveis para exportação aos países da América Latina através de sua rede de distribuidores. Na região, a marca tem representantes na Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Suriname. “Cada distribuidor dispõe da gama completa de máquinas de britagem e peneiramento da Powerscreen, incluindo as últimas novidades”, disse Iain Laidler, responsável por vendas e distribuição da empresa na América Latina.

A Terex Finlay também apresentou a ConExpo para lançar algumas novidades, entre elas o britador de mandíbula primário móvel J-1170 e a peneira móvel 684. De acordo com o fabricante, o britador trabalha em nível de excelência com rocha de pedreira e minerais, oferecendo um bom grau de definição de tamanho e redução. A máquina tem um sistema de autoproteção contra sobrecarga, para o caso de que a alimentação receba material não processável. Por sua vez, a Terex Finlay 684 é um equipamento de fácil transporte e rápida operação.

O lançamento mais recente do portfólio de equipamentos móveis da Sandvik é o britador e peneira Q1451. Mas pouco antes em 2013, a empresa sueca já havia apresentado dois britadores de cone móveis, o QS441 e o QS331. A estratégia da Sandvik é incorporar seu britador de cone giratório tipo S a distintos modelos de usinas móveis. O britador tipo S, diz o fabricante, esteve a serviço de usinas estacionárias por muitos anos. A empresa afirma que esse modelo é capaz de processar material até 90% maior do que os cones em geral. É a sua forma de prometer um aumento da produtividade das usinas móveis que se oferecem no mercado global.

Produtividade

Esse parece ser o centro da estratégia para vender ao mercado mundial a solução de britagem móvel. Os empresários que trabalham produzindo agregados têm a constante preocupação de calcular bem sua produção em comparação com os custos de energia, transporte, manutenção e pessoal. Esses são custos similares a muitos segmentos da indústria. Mas no caso da produção de agregados mediante unidades móveis, os tempos de paralisação por bloqueio da máquina são um fator determinante.

Basicamente, por mais potente que seja um equipamento de britagem e peneiramento, não poderá com qualquer material ou qualquer volume. Portanto, as soluções tecnológicas que reduzam os tempos não operacionais valem ouro nesse mercado.

É o que oferece a Kleeman, marca de equipamentos de britagem do Grupo Wirtgen. Seu último lançamento na ConExpo, o britador de impacto móvel Mobirex EVO 2, promete não parar nunca. A empresa afirma ter desenvolvido a tecnologia por quatro anos, aperfeiçoando modelos anteriores da linha Mobirex, para chegar a um sistema de alimentação contínua (CFS, na sigla em inglês). A sobrecarga é detectada por vários parâmetros, e o sistema regula a velocidade da alimentação do material de acordo com a leitura interna.

O lançamento alemão também se encontra disponível para clientes latino-americanos. É o que garante Ernani Martineschen, gerente da Kleeman para América Latina. O executivo disse em entrevista à Construção Latino-Americana que o mercado está crescendo aceleradamente em certos países da região. Como exemplo, falou do Brasil.

“Há uns cinco anos, a britagem móvel era um nicho de mercado a ser desenvolvido. Hoje é um nicho extremamente competitivo e de grandes oportunidades para investir. No Brasil, as vendas dispararam e no ano passado foram vendidas cerca de 150 usinas móveis. Com isso, estamos falando de quase 500 máquinas em operação atualmente no país. Mas o mercado pode absorver mais”, disse Martineschen.

No Brasil, a Kleeman está celebrando o primeiro aniversário do que diz ser o maior projeto de britagem móvel da América Latina (ver box). Na pedreira Tamoio, em plena área urbana do Rio de Janeiro, oito equipamentos móveis da marca trabalham juntos na produção de agregados para todas as obras de infraestrutura relacionadas à Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos Rio 2016.

O mapa da mina se renovou. Quando investir e que equipamento comprar podem ser objetos de discussão entre as empresas produtoras de agregados e processadoras de materiais. Mas já não cabem dúvidas de que o futuro próximo do setor de britagem e peneiramento é móvel e compacto.

Um ano de revolução no Brasil

Nesse mês de maio, faz um ano o projeto de britagem móvel que os representantes do Grupo Wirtgen dizem ser o maior da América Latina. A empresa Mineração Tamoio tem no Rio de Janeiro, em Jacarepaguá, próximo ao centro, a única pedreira responsável por prover de agregados todas as obras relacionadas à Copa do Mundo esse ano e os Jogos Olímpicos Rio 2016. Contando com oito equipamentos Kleeman, a pedreira registra um impressionante recorde de produção: 900 toneladas/hora.

Ernani Martineschen, gerente da marca para a América Latina, fala com orgulho do processo de implementação de suas máquinas na pedreira. “O projeto foi concebido em novembro de 2012, fabricamos os equipamentos e em fevereiro desse ano começaram a chegar. Nós estivemos na pedreira prestando assistência completa por seis meses. Fizemos a montagem e a manutenção da operação por todo esse período para garantir que o equipamento pudesse trabalhar a 100% de seu potencial”, diz.

As máquinas Kleeman que operam na pedreira Tamoio são dois britadores de cone COM 13, dois britadores de cone com peneiras secundárias COM 13S, duas peneiras sobre esteiras MS 23D, um britador de mandíbula com pré-peneiramento MC 120 Z, e um britador de mandíbula com pré-peneiramento e rompedor hidráulico MC 140 Z.

O projeto Tamoio é uma jóia no portfólio de aplicações da Kleeman. “Esse é um caso de sucesso que levamos com orgulho a todo o Grupo Wirtgen e ao mundo. Foi uma quebra de paradigma muito grande”, diz Martineschen.

O vice-presidente da Mineração Tamoio faz coro com o executivo da Kleeman. Para Orlando Lopes Ribeiro Neto “nossa velocidade de produção é excepcional, e com a mobilidade podemos fazer qualquer alteração que seja necessária; não tenho dúvidas de que as usinas móveis contribuíram muito para os resultados que obtivemos”.

Belt-Way Scales aporta informação instantânea

A empresa canadense Belt-Way Scales propõe ao mercado de britagem um sistema de medição de fluxo e volume de produção por meio de balanças de alta precisão acopladas aos transportadores de correia de qualquer equipamento de produção de agregados.

De acordo com o engenheiro mexicano Carlos Berman, responsável pela Equipfix, que é a distribuidora do equipamento na América Latina, “o funcionamento básico do sistema é medir o fluxo de produção em toneladas/hora para gerar controle nos armazéns de produtos a granel como são os pétreos”. O engenheiro garante que com o sistema se pode controlar as quantidades de produto entrando nas peneiras e o produto final empilhado.

Um software de propriedade da Belt-Way Scales coleta informações em tempo real das balanças e gera uma base de dados que pode relatar a produção por hora, dia, mês e ano, além de enviar alertas quando haja paralisações da máquinas por material não processável.

Para gerar a informação, o software tem dois parâmetros. Primeiro, faz uma leitura da célula de carga e então mede a velocidade da cinta. Com isso, se faz uma integral que proporciona o cálculo de produção tonelada/hora.

A comunicação dos dados se faz por meio de qualquer aparelho, segundo o fabricante, já que se pode conectar o sistema por meio de uma tela remota ou ainda por internet, o que poderia levar a informação a dispositivos como tablets e celulares.

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