FPT Industrial: Em constante movimentação

Atuando em quase 100 países, sua rede mundial de vendas e seu departamento de atendimento ao cliente dão suporte a todos os clientes da marca.

A FPT Industrial é a marca do Grupo Iveco dedicada ao projeto, fabricação e comercialização de sistemas e soluções de propulsão para veículos rodoviários e fora-de-estrada, bem como para aplicações marítimas e de geração de energia. A empresa emprega mais de 8.000 pessoas em 11 fábricas de produção industrial e 11 centros de P&D em todo o mundo.

Marco Rangel, Presidente de FPT Industrial para América do Sul.

A ampla oferta de produtos inclui seis linhas de motores, com potências que variam de 42 hp a mais de 1.000 hp, transmissões com torques de até 500 Nm e eixos dianteiros e traseiros com pesos brutos por eixo de 2,45 a 32 toneladas, além do portfólio ePowertrain com eixos elétricos, baterias e sistemas BMS para gerenciar a integração eletrônica de aplicações elétricas.

⦁ Como a FPT Industrial evoluiu nos últimos anos e quais são seus planos de curto e longo prazo para a empresa?

A FPT tem uma evolução positiva na região em termos de volumes e níveis de produção, somos muito importantes dentro do grupo e continuamos a crescer com uma representação de 15% em nível global. Produzimos mais de 500.000 motores por ano em nível global, e as fábricas da FPT na América Latina (Sete Lagoas e Córdoba) produzem cerca de 75.000 motores por ano.

Há alguns meses, a fábrica de Córdoba/Argentina comemorou 10 anos desde sua instalação e, até o momento, mais de 170.000 motores foram produzidos. Em 2022, por exemplo, houve um aumento de 22% nos volumes de produção em comparação com 2021.

Hoje, na Argentina, somos os maiores produtores de motores para bens de capital. Alcançamos uma produção que nos deixa muito felizes porque representa a consolidação da marca. Além disso, grande parte do que é fabricado em Córdoba é exportado para outros mercados, como México, Chile, Peru, Paraguai e principalmente para o Brasil com equipamentos agrícolas. Atualmente, 60% da produção gerada na Argentina é destinada a esse mercado.

Foto: FPT Industrial

Por outro lado, e seguindo um dos pilares fundamentais da marca, que tem a ver com o trabalho para um futuro sustentável, continuamos a realizar projetos que vão desde a produção de geradores de energia a gás, baterias sustentáveis, soluções de biometano, o serviço Reman, entre outras iniciativas.

Da mesma forma, se olharmos para o mercado latino-americano, podemos destacar que os motores a gás natural e biometano estão se tornando os protagonistas da sustentabilidade, pois o combustível está amplamente disponível na América Latina, com custos mais baixos, emissões reduzidas e o mesmo desempenho do diesel. Este ano, por exemplo, na Agrishow, apresentamos as vantagens da série NEF equipada com motor a gás natural, bem como a linha completa de produtos remanufaturados Original Reman.

No caso da família NEF, ela funciona tanto com gás natural quanto com biometano, reduzindo as emissões em até 80% em comparação com um motor a diesel. Para entender a magnitude: a FPT Industrial é a única marca a oferecer uma versão equivalente a gás, com mais de 80.000 unidades vendidas em todo o mundo.

Entre nossos planos de curto e longo prazo, pretendemos manter nossa liderança em diesel e gás e, ao mesmo tempo, investir em novas soluções de emissão zero. Para isso, estamos constantemente pensando em expandir a linha de produtos, investindo em tecnologia de ponta e soluções competitivas que atendam às novas necessidades dos clientes e, é claro, trabalhando com foco em combustíveis alternativos.

⦁ Sabemos que há um impacto natural no mercado de caminhões e ônibus devido à transição tecnológica. Como você vê essas mudanças?

Foto: FPT Industrial

A transição tecnológica está constantemente impactando nossos mercados e, para isso, precisamos nos adaptar às diferentes situações que nos são apresentadas. Por isso, decidimos implementar os benefícios da tecnologia e da inovação em nossos produtos.

No caso do novo padrão de emissões do Brasil (Conama P8/Euro 6), preparamos nossas fábricas para a introdução do novo padrão de emissões para caminhões e ônibus, que é a mais recente tecnologia utilizada no país. Além disso, temos a última geração do sistema de injeção de combustível que será incorporado aos caminhões IVECO e estamos buscando crescer muito nisso para levar a tecnologia a outros mercados.

Continuando dentro do conceito de evolução tecnológica de nossos motores, é importante dizer que Córdoba é a referência em motores para o mercado agrícola; lançamos nos últimos três anos as últimas tecnologias para esse mercado, como nossa família Cursor de 11 litros que adquire os padrões de emissões para grandes colheitadeiras.

⦁ A FPT avançou na meta de neutralizar as emissões de carbono até 2040, uma década antes do prazo estipulado no Acordo de Paris. Não há como dissociar a busca pelo crescimento econômico, que deve ser feito de forma responsável e sustentável, com a adoção de práticas e tecnologias que minimizem o impacto ambiental, não é mesmo?

Concordamos que maximizar a eficiência energética significa reduzir o consumo para o usuário final e reduzir a pegada de carbono de nossos produtos.

Isso significa identificar melhorias no produto desde o conceito até o design, incluindo usinagem, montagem, processo de fabricação, plano de logística, manutenção, reciclagem e descarte.

Nossas práticas sustentáveis na produção incluem a implementação do pensamento de “Ciclo de Vida Completo”, buscando a adoção de soluções que vão além do requisito técnico, mas de todo o impacto até o fim da vida útil dos produtos.

⦁ Em fevereiro, foi anunciada a nova sede em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), desenvolvida dentro do conceito de smart office, e, na ocasião, foram planejados novos investimentos para a unidade. Como está sendo isso, já que o local também abriga o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da marca na América Latina?

Os novos escritórios inaugurados em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram desenvolvidos dentro do conceito de smart office e incorporam as áreas comercial, marketing, compras e o novo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da marca na América Latina. O laboratório serve para desenvolver aplicações de acordo com as necessidades do mercado, trabalhando de forma integrada com os demais centros de P&D da marca no mundo. A expansão da área seguirá uma tendência natural nos próximos anos.

Além da sede em Contagem, a empresa também possui uma planta industrial em Sete Lagoas, na região central do estado, desde 2000. A unidade abriga a produção de motores das séries S8000, F1 e NEF para os segmentos de transporte de carga e passageiros, agricultura, máquinas de construção e geração de energia.

⦁ Como a pandemia impactou o setor de motores e como a FPT Industrial respondeu aos desafios apresentados? Como estão as questões de continuidade da cadeia de suprimentos?

Não há dúvida de que a eclosão da pandemia foi um grande desafio para toda a equipe. Nós nos adaptamos às medidas sanitárias em todas as áreas de produção para garantir a produção contínua e a saúde de nossos funcionários. Para isso, todas as fábricas que fazem parte da empresa global foram padronizadas com uma gerência regional latino-americana, onde foi mantido contato constante com o restante das fábricas na Europa, China e seus distribuidores.

A comunicação foi contínua e realizamos reuniões semanais constantes, como dias de benchmarking e melhores práticas, e compartilhamos relatórios de produção, estoque e produtividade. Em termos de produção, na Argentina, durante 2021, ultrapassamos o número de unidades produzidas com mais de 150.000 produtos desde sua abertura.

Na FPT Industrial, trabalhamos arduamente para diversificar nossos produtos em diferentes segmentos e adotar estratégias assertivas em nossos processos, o que nos permite atender a todos os mercados de forma segura e equilibrada.

⦁ Quais são as tendências emergentes no setor automotivo e como a FPT Industrial está se preparando para enfrentá-las?

Acreditamos que atualmente já passamos da fase de transição do controle de emissões para os motores que fabricamos em Córdoba para exportação para o Brasil, o que significa que todos os motores que produzimos no Brasil e na Argentina têm os mesmos níveis que na Europa e que temos a mais recente tecnologia de produtos nas fábricas.

No momento, estamos seguindo uma tendência de transição energética que chamamos de multicombustível, o que significa que estamos trabalhando nos próximos dois ou três anos em um motor que seja compatível com a combustão de diesel, mas também compatível com gás natural/biometano.

Além disso, globalmente, estamos nos concentrando na combustão de hidrogênio, uma nova tecnologia que estamos testando na Europa, bem como na eletrificação, que é o próximo estágio para motores em que alguns mercados exigem uma transição mais rápida, como o transporte urbano que é leve.

⦁ Qual é o papel da inovação e da P&D no sucesso da FPT Industrial e como a empresa incentiva a criatividade e o avanço tecnológico em suas equipes?

A inovação e a pesquisa são essenciais para que as empresas se adaptem às novas tendências do mercado. Sem esses dois componentes, é impossível oferecer produtos e serviços de acordo com as necessidades dos clientes.

Por isso, na FPT promovemos equipes qualificadas e em constante treinamento para melhorar a eficiência de nossos processos, além disso, incentivamos e trabalhamos iniciativas sociais para gerar novas ideias acompanhadas de tecnologia e dos valores da empresa, isso pode ser visto em atividades com autoridades, funcionários e familiares, além de outros projetos comunitários como instituições de ensino.

⦁ Como o mercado brasileiro reagiu à regulamentação do motor Euro 6? Houve um impacto na comercialização de caminhões e até mesmo a indústria está ouvindo sobre a possibilidade de voltar ao Euro 5 por um tempo devido aos custos. O que se pode esperar disso no curto prazo?

Em relação ao impacto dos motores Euro 6, a Fenabrave, entidade que reúne as associações de revendedores do Brasil, mantém a projeção de vendas de caminhões para 2023, empatada com 2022, em 124.600 unidades vendidas.

Se esse cenário se confirmar, o Euro 6 terá um impacto muito menor nas vendas deste ano do que em 2012, quando a legislação levou os veículos de carga a adotarem motores Euro 5, provocando um recorde histórico de vendas de modelos Euro 3 em 2011, com 173 mil unidades vendidas.

De acordo com a análise dessa entidade, a estimativa de crescimento zero também é derivada do aumento projetado para o Produto Interno Bruto (PIB), próximo a 1% apenas.

Além disso, de acordo com essa pesquisa, a partir de abril, as vendas seguirão todos os modelos Euro 6, sem possibilidade de retorno ao Euro 5.

No entanto, em termos de produção, vale ressaltar que o impacto foi considerável, pois o mercado basicamente vendeu o estoque de Euro 5 produzido no final do ano passado. Portanto, espera-se uma queda significativa na produção de veículos.

⦁ No restante da América Latina, como você vê essa expansão na Bolívia e na Nicarágua?

A incorporação de novos distribuidores pela marca é recebida com muito boas expectativas pelo restante dos países latino-americanos, pois para alguns representa a oportunidade de ter pontos de venda mais próximos a longo prazo, ao mesmo tempo em que nos permite trabalhar na comercialização de nossos produtos com o mesmo eixo transversal, que é a sustentabilidade e a incorporação de tecnologias.

Para nós, é fundamental poder gerar uma rede de distribuidores em toda a região para conhecer as características específicas de cada país, mas também para conhecer as semelhanças de cada um deles. Esses parâmetros nos permitem pensar em projetos de longo prazo.

⦁ Uma nova edição da Agrishow foi realizada recentemente. Entre muitas novidades, a sustentabilidade e a economia da Reman Original FPT. Conte-nos um pouco sobre ela.

A Reman tem duas grandes premissas: uma é a sustentabilidade, que é uma forma de aproveitar componentes que antes poderiam ser descartados, dando uma nova vida ao motor. Esse processo utiliza 80% menos material, incluindo energia e água, do que a construção de um novo motor. A outra premissa é que a produção não pode parar e essa é uma opção econômica e rápida para os clientes.

No Brasil, esse serviço é oferecido há dois anos para os setores agrícola e de construção e, no ano passado, foi anunciada a expansão para motores de caminhões e ônibus na feira Fenatran. Nesse último caso, a remanufatura de motores diesel oferece economia, qualidade, garantia e sustentabilidade.

Entre os motores que a ORIGINAL REMAN FPT incorpora estão o motor Cursor 13 para o Stralis/Hi-Way, o N67 para o Tector e ônibus, o F1C para o Daily e o F1A para o Ducato.

A linha Original Reman FPT inclui mais de 70 modelos de Blocos Funcionais e Longos, Série S8000, NEF (N45 e N67) e Cursor (Cursor 9 e Cursor 13).

Na Argentina, esse serviço foi pré-lançado este ano na Expoagro para a série Cursor 9, dedicada ao setor agrícola, e os primeiros testes estão sendo realizados em nosso Reman Center, em Buenos Aires, em parceria com a Euro Torque, revendedor oficial da marca.

⦁ Quais são suas expectativas para os próximos anos no setor em termos de sustentabilidade?

Para o setor e especificamente na América Latina pensamos muito no gás natural e no biometano, como uma solução viável pelas razões já mencionadas, no entanto, também temos soluções eletrificadas que vamos ver cada vez mais nos mercados.

Portanto, entendemos que um dos principais marcos do setor serão as energias renováveis, que já provaram ser uma solução para melhorar os sistemas de produção e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente. Embora isso dependa das características específicas de cada país e de sua adaptação, acreditamos que esse é o próximo horizonte para a região.

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