Fábrica de cimento no Uruguai parada há dois meses
05 April 2018
Conflitos sindicais e problemas econômicos geram crise para a estatal ANCAP.
Uma das duas fábricas de cimento da estatal uruguaia ANCAP está parada há dois meses, devido a reivindicações sindicais relacionadas à contratação de mais pessoal na fábrica em questão, chamada de Minas.
Sem acordo entre os trabalhadores e a empresa estatal, a planta de Minas não produz cimento atualmente. Inaugurada em 1956, a planta de Minas tinha 245 pessoas trabalhando no ano passado, 140 dos quais faziam parte da equipe oficial de empregados da empresa.
Com esta situação, a produção cimenteira da ANCAP está reduzida à planta de Paysandu, que está mais longe de centros consumidores de cimento do que a de Minas, o que pode implicar aumento nos custos de frete.
Este aumento de custos vai aprofundar o drama financeiro da divisão de cimento da ANCAP, que também atua nos setores de combustíveis e lubrificantes. Desde 2004, o negócio cimenteiro da ANCAP gera prejuízo. Em 2017 a empresa se propôs a gerar um déficit de US$ 20 milhões em seu negócio de cimento, o que seria menos do que os US$ 27 milhões de prejuízo gerados em 2016.
Nos últimos 15 anos, a ANCAP teria perdido um total de US$ 207 milhões em seu negócio de cimento.
Deverá ganhar mercado a empresa privada Cemento Artigas, que tem capitais espanhóis, e um possível novo projeto de produção cimenteira no Uruguai com capitais brasileiros. Atualmente, a porcentagem de participação de mercado da ANCAP em seu país é de 45%, o que ainda é significativo.
O sindicato dos trabalhadores das unidades cimenteiras da ANCAP propõe proteger a companhia com uma taxa de importação de 35% para cimento vindo de fora do Mercocul, além de eliminar uma associação com a cimenteira argentina-brasileira Loma Negra na marca Cementos del Plata, e obrigar a obra pública uruguaia a comprar cimento da estatal.