Entrevista Empresas Randon: Expandindo fronteiras
17 June 2021
O ano passado foi um excelente ano para as Empresas Randon, grupo brasileiro que possui um interessante portfólio de produtos e equipamentos para a construção civil e que vem fortalecendo sua presença não só no Brasil, mas também na América Latina e no mundo.
O lucro líquido das Empresas Randon em 2020 cresceu 6,5% em relação ao ano anterior, atingindo R $ 5,4 bilhões (cerca de US $ 950 milhões). Já as vendas brutas alcançaram R $ 7.700 milhões (US $ 1.350 milhões), 5,6% acima de 2019. Para falar sobre o bom momento da empresa e quais serão as estratégias para continuar desenvolvendo seus negócios, a CLA conversou com Sérgio Carvalho, vice-presidente executivo e COO das Empresas Randon e CEO da Fras-le, uma das subsidiárias do grupo.
2020 foi um ano de crescimento para o grupo. Como se justifica esse desempenho?
Em termos de negócio, 2020 entrou para a história da empresa. Nosso modelo de negócios diversificado, alicerçado pelos nossos planos de expansão e pelos investimentos em inovação, que seguiram como foco. Esses fatores, juntamente com a recuperação do segmento de caminhões e semirreboques no decorrer do ano e com o câmbio favorável para as exportações, foram fundamentais para minimizar os impactos da pandemia nos resultados e no caixa da companhia. Tivemos o closing da Nakata e outras aquisições importantes, o alcance de resultados recordes e ainda a criação da Randon Ventures, nossa unidade de investimento em startups, da Conexo, hub de negócios em ambiente físico e digital, e da RTS Industry, unidade para atuar no suporte e desenvolvimento de automação industrial.
Como você espera que seja o cenário este ano no Brasil?
Temos uma expectativa positiva para a economia nacional para 2021, especialmente no setor de transportes, com a necessidade por transporte de cargas ainda aquecida. O grande motor desse movimento continua sendo o agronegócio, mas também observamos recuperação de outros setores, como construção e infraestrutura. Além disso, vemos boas perspectivas para o mercado de reposição e também para o setor de vagões ferroviários. No entanto, é importante ressaltar alguns pontos de atenção, como a escassez de insumos e a inflação de materiais, principalmente o aço, e ainda os efeitos colaterais da pandemia, que podem continuar afetando alguns setores e a economia de uma forma geral.
Em termos de resultados, qual é a sua expectativa?
Nossa expectativa é de alcançar resultados positivos ao longo desse ano, em sintonia com o que alcançamos no primeiro trimestre histórico das nossas unidades. Nossa carteira de pedidos atual indica demanda positiva para os próximos meses, tanto para fabricação de implementos como de autopeças. Mas reforço que 2021 ainda será um ano de superação, no contexto do enfrentamento da pandemia e no controle do fornecimento de insumos e matérias primas.
Fale um pouco sobre a estratégia de venda da Randon Veículos.
A venda da Randon Veículos está alinhada ao objetivo das Empresas Randon em concentrar sua atuação em seus principais negócios, devido às sinergias entre eles. Esse movimento integra o nosso posicionamento de otimização de plantas e processos industriais da companhia, de forma que possa continuar sua trajetória de crescimento acelerado.
A empresa também cresceu muito por meio de aquisições. Acredita em novas compras neste ano ou no próximo?
Sim. Nossa estratégia de crescimento prevê a expansão orgânica e inorgânica nos anos à frente. Normalmente, fazemos movimentos visando expansão do portfólio de produtos ou tecnologia, de capacidade ou aumento de presença em determinadas geografias. No passado recente, no âmbito doméstico, adquirimos a Nakata Automotiva, que foi nosso maior movimento enquanto grupo, as empresas de fundição e usinagem Fundituba e CNCS, pela nossa unidade Castertech, e de automação, a Auttom, pela RTS Industry, companhias que agregam importantes resultados para a companhia.
Quais são as principais empresas do grupo com presença em outros países?
Na América Latina, temos uma atuação muito importante de três de nossas unidades. A Randon Implementos mantém unidades industriais estratégicas no Peru e na Argentina. A Fras-le está presente, com unidades próprias e por meio de empresas controladas, como as companhias Armetal, Farloc e Fanacif, com parques industriais, centros de distribuição e escritórios comerciais e de representação na Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e México. Neste último, também mantemos uma unidade da Suspensys. A Fras-le mantém ainda presença nos EUA, Índia e China e Europa.
Qual a importância do restante da América Latina no resultado das Empresas Randon?
Além das posições operacionais estratégicas, todo o continente americano representa a maior parte dos nossos resultados em exportações. O principal mercado desta divisão é a região do Mercosul e Chile, que representam cerca de 35,5% das nossas exportações. A área dos países do restante da América do Sul e a América Central respondem por 13,7%, enquanto que os mercados dos Estados Unidos, Canadá e México, somados, são 36,8% do total.
Quão representativa é a empresa no resto do mundo?
Dentro dos nossos negócios, a Randon Implementos é a principal exportadora brasileiro do segmento, com participação de 70%, e entre as 10 maiores fabricantes de semirreboques do mundo, e a Fras-le, nossa empresa com maior presença internacional, figura entre as principais fornecedoras globais de materiais de fricção. Nosso foco está em ampliar essa atuação mundial. Olhando os cenários das geografias onde atuamos, nas nossas operações da América do Norte e Ásia temos uma visão um pouco mais positiva, não só pelo crescimento dos volumes nesses países, mas porque ampliamos algumas frentes de negócio que estão trazendo boas perspectivas para 2021. Europa, África e Oriente Médio ainda têm pouca representatividade nas nossas operações no exterior.
Como você espera ver a empresa em cinco anos?
Nossa expectativa é seguir crescendo, com sustentabilidade e consistência, intensificando a internacionalização dos nossos negócios. Toda essa área de atuação mundial, considerando nossa presença no exterior somada às exportações a partir do Brasil, que hoje representa cerca de 21%, poderá alcançar o patamar de 30% da receita total da companhia. Essa expansão poderá se materializar tanto com a aquisição de companhias locais em outras geografias como levando nossas empresas para fora. A nossa intenção é levar um portfólio maior de empresas para fora.