Entrevista com Melker Jernberg, presidente da Volvo CE

Melker Jernberg, presidente da Volvo Construction Equipment, fala com Andy Brown, editor da International Construction, sobre eletrificação, impacto do covid e a construção na China.

Melker Jernberg, Presidente da Volvo Construction Equipment

Há um velho ditado: quanto mais trabalho, mais sorte tenho. Durante minha conversação de uma hora com Melker Jernberg, presidente da Volvo CE, ele volta ao tema várias vezes.

Pode-se dizer que a construção teve mais sorte do que muitos outros setores na pandemia, já que os governos a consideraram setor essencial em vários lugares.

À medida que as vendas de máquinas de construção caíram na maior parte do mundo em 2020, a luz brilhante de exceção foi a China, onde as vendas aumentaram em dois dígitos. A Volvo CE tem uma sólida presença no país, em parte graças a sua empresa conjunta SDLG, e se beneficiou do desempenho econômico do país. Mas claro, a forte presença da empresa no país não é sorte. Se no país em cinco anos as vendas de máquinas elétricas crescer muito, isso beneficiará a Volvo no mercado, dado seu enfoque fortemente ligado à eletrificação. Hoje se está semeando o sucesso de amanhã. Quanto mais trabalho, mais sorte tenho.

Vendas globais de construção

Comentando sobre a situação mundial da pandemia, Jernberg diz que “pode-se ver muitas empresas ao nosso redor que foram afetadas, especialmente no segundo e terceiro trimestre de 2020. Não é, claro, pura sorte que estejamos aqui nesta situação. Não é sorte que tenhamos os clientes e os distribuidores que temos e os produtos que temos. Temos a sorte de estar em uma espécie de negócio que foi progredindo. Mas se isso se traduz em resultado, estou extremamente orgulhoso de que tenhamos a organização que temos, porque houve sim muito trabalho”.

Os resultados financeiros em 2020, com tudo que se passou no mundo, foram sólidos. Europa e América do Norte tiveram grandes quedas na primeira metade do ano, mas depois se recuperaram de alguma forma. E depois vem a China.

Em 2020, a China representou mais de um terço das vendas mundiais de equipamentos. Pode-se argumentar que, para a saúde da indústria, o número é demasiado alto, que seria perigoso ter tanto num único país. No passado, as fortes vendas na China foram seguidas de fortes quedas. Qual a opinião do presidente da Volvo CE sobre isso?

“Quando se trata da Chine, pode-se considerar 2010, 2011 e 2012 como uma bolha de volume e dizer que agora corremos o mesmo risco. Portanto, todos estão observando isto e são cuidadosos. Mas por outro lado, creio que a China é outro país em 2020 em comparação ao que era em 2010, no que diz respeito a maturidade empresarial, riscos de crédito, comportamento dos clientes e da sociedade em seu conjunto. Talvez me arrependa de dizer isso, mas hoje há mais estabilidade no sistema chinês”.

A Volvo CE tem uma empresa conjunta com a SDLG na China, que funciona há mais de uma década, e na Bauma China de 2020 as empresas expuseram juntas. Embora tenha havido desconfianças de que as duas marcas tivessem começado a sobrepor produtos, Jernberg qualifica a marca SDLG como “fantástica”, e diz que a posição da empresa nas carregadeiras e escavadeiras de rodas na China é sólida.

“Está muito claro que a associação nos trouxe muito sucesso, é a cooperação. E claro, parte do sucesso da SDLG é que todos sabem que ela tem uma boa cooperação com a Volvo. Todos mundo sabe que a Volvo tem um relativamente bom sucesso na China pela cooperação com a SDLG. Creio que voltamos a ter sorte de ter esta empresa conjunta. Até aqui, é claro que todos ganharam”, diz.

Máquinas elétricas

Jernberg em uma das escavadeiras elétricas da Volvo CE

Há muitos fabricantes de máquinas que buscam produzir ou que já têm protótipos de máquinas elétricas para produção em massa. A Volvo é um dos principais nomes neste campo, e tem objetivos ambiciosos sobre eletricidade. Para 2030, o objetivo do Volvo Group é que 35% dos equipamentos elétricos sejam elétricos.

“Para poder estar onde queremos estar em 2050, precisamos estar em algum lugar em 2040. Isto significa, segundo nosso cálculo, que já então 20, 30, 35% de todos os nossos veículos e máquinas deveriam estar eletrificados. E isso é bastante. E então precisamos ter alguns volumes em 2029, 2028 e 2027. Então simplesmente há o cálculo e ele te faz ter pressa. É uma pressa porque é bem gratificante”, adverte ele.

A empresa produz escavadeiras compactas e carregadeiras de rodas elétricas, tendo deixado de desenvolver novas versões a diesel. A Volvo CE era mais conhecida por máquinas de construção maiores, em vez de compactos, pelo que a medida tem sentido de aumentar as vendas, a partir de um ponto de vista comercial. Mas para Jernberg, o tema desperta paixão.

“Temos uma grande responsabilidade com as emissões, e podemos ser mais sustentáveis. Essa é uma grande força motivadora para a Volvo CE em geral, e está transformando a empresa. Uma parte disso são as máquinas elétricas”, diz. “É muito fácil fazer um powerpoint com sua comunicação e dizer ‘isto é bom’, mas é mais que realmente está transformando a empresa. Temos grandes ambições, tanto na Volvo CE como para o Grupo Volvo”, diz.

Nova tecnologia e inovação

Jernberg reconhece que a construção “não é a mais rápida” em adotar e desenvolver tecnologias, mas diz que é incorreto pensar que os profissionais do setor não gostem de inovações. No final de 2019, a Volvo criou uma unidade comercial separada para automação, a Volvo Autonomouse Solutions, e o Volvo Group tem uma empresa conjunta com a Daimler para desenvolve células de combustível. A divisão de máquinas está trabalhando com a Norrhydro na Finlândia para desenvolver um atuador hidráulico digital que aumenta a produtividade ao mesmo tempo que reduz emissões e custo com combustível.

A frase “quanto mais trabalho, mais sorte tenho” é atribuída ao golfista Gary Player, e também a Ingemar Stenmark, um ex-esquiador sueco. Sem dúvidas, a Volvo está trabalhando para ter mais “sorte” no futuro.

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