Diversidade e inclusão geram maior produtividade
02 July 2020
No ano de 2005, chegou aos cinemas o filme O Segredo de Brokeback Mountain, que marcou época por se tratar de uma história com temática abertamente homossexual. Nela, dois jovens vaqueiros – símbolo da masculinidade nos Estados Unidos - se enamoram em 1963, colocando em perigo suas vidas e sonhos pela pressão da sociedade.
O filme teve grande repercussão, e um sucesso de bilheteria inesperado em todo o mundo, o que sem dúvida serviu para definir a vida de muitas pessoas que a receberam como uma mensagem de esperança e inclusão. Ficava claro que estava chegando um momento em que poderíamos falar sem bloqueios a respeito de uma realidade muitas vezes oculta e reprimida pela sociedade.
Desde então, muitas coisas mudaram até o limite do impensável, e hoje as palavras diversidade e inclusão passaram a ser parte da linguagem habitual das pessoas e também do mundo dos negócios, que vem incluindo progressivamente nos estatutos de suas empresas estes critérios. Isto principalmente depois que em 2018 um informe da McKinsey concluiu que a diversidade de gênero, étnica e cultural são essenciais para melhorar o rendimento financeiro.
Mas na nossa América Latina, adotar a diversidade e a inclusão para além das palavras tem sido um desafio, se consideramos o machismo que continua sendo o grande obstáculo para a incorporação da mulher no mundo do trabalho em nossa região.
Neste contexto, o papel desempenhado pelas multinacionais estabelecidas na região tem sido fundamental para que muitas empresas locais, seguindo seu exemplo, começassem a aplicar políticas de inclusão, compreendendo que quando as pessoas se permitem ser elas mesmas dentro de uma organização, sem sofrer repressão ou discriminação, isto sempre se reflete em sua produtividade e no melhor rendimento da equipe à qual pertencem.
Apesar disso, vale destacar que para além das políticas de inclusão e diversidade nas empresas, é necessário realizar um árduo trabalho de implementação, e para isso as diretrizes devem ficar materializadas em documentos, tais como o “Protocolo para Transição de Gênero”, que recentemente elaboramos na Finning e que contempla as ações necessárias para apoiar seus trabalhadores e trabalhadoras neste processo.
Pois bem, se na América Latina já é difícil derrotar o machismo, o que dizer então do setor de mineração? Basta lembrar o dado apresentado pela organização Women in Mining da Argentina, em seu lançamento oficial no país, de que apenas 6,5% do total de empregados e diretores da mineração do país são mulheres. Um longo caminho se apresenta diante de nós para alcançar países como Canadá ou Austrália, mas o importante é saber que já começou: a partir do Censo da Mineração de 2017, foi feita uma evolução na inserção da mulher até alcançar o nível atual no setor, segundo Alberto Hensel, secretário de Mineração.
Mas em pleno século XXI, isto é um dever, e como empresa queremos assumir a responsabilidade de acabar com antigas desconfianças, desejamos sensibilizar as comunidades em que operamos sobre o valor da diversidade de talentos para uma sociedade, e acerca da importância de incluir todos os seres humanos nela. Queremos ser mentores, e para isso nada melhor do que pregar pelo exemplo.
Estamos convencidos de que a inclusão é uma responsabilidade compartilhada que mobiliza nossa estratégia e nos permite desenvolver, realizar e inovar. Ser um líder global demanda comportamentos inclusivos, que diversifiquem o talento, impulsionem o compromisso e, em última análise, deem melhores resultados para as partes interessadas. Na Finning, com orgulho apostamos que a inclusão, a diversidade e a produtividade andam de mãos dadas, para que isto resulte em um mundo mais justo e, por consequência, mais feliz.
Rocío Niño é vice-presidenta de BP&S – Global Business Services, da Finning América do Sul.