Demanda por máquinas para construção deve crescer em 2024 com obras de infraestrutura
01 December 2023
Setor será beneficiado também pela retomada do Minha Casa Minha Vida, pela perspectiva de um novo ciclo de crescimento de imóveis com a diminuição da taxa de juros e pelos setores de locação, agro e mineração.
A demanda por máquinas para construção terá um viés positivo em 2024, após uma queda nas vendas estimada em 13% neste ano, alcançando 52,4 mil unidades comercializadas contra 60,3 mil unidades em 2022.
Segundo o inédito Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção a perspectiva é reverter o resultado alcançado neste ano, com um crescimento de 6% nas vendas de máquinas para construção no próximo ano. Especificamente para a linha amarela (movimentação de terra), a expectativa é de alta de 7% em 2024, diante de uma retração estimada em 21% neste ano ante 2022, com 31 mil unidades comercializadas.
O levantamento, apresentado durante o 18º Tendências no Mercado da Construção, aponta ainda que o mercado de máquinas está otimista para 2024, com 76% dos empresários respondentes da pesquisa realizada por Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado, avaliando que haverá crescimento nessa área no próximo ano. Para o setor da construção, a expectativa também é positiva para 54% dos entrevistados.
Miranda mostrou que os setores mais relevantes para o mercado neste ano são o agronegócio, a locação e a construção pesada. “Em termos de vendas, os dois segmentos com maior Market sare - construção (37%) e a locação (26%) – somam 63%. As empresas que relataram crescimento neste ano, a média de elevação foi de 16%”, afirmou.
Na visão de Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), ressaltou que o área de locação está em destaque, tendo potencial de ampliar sua participação no share de mercado. “Vemos uma inteligência estratégica por parte dos usuários de máquinas, sobretudo as construtoras, que estão intercalando o uso de sua frota com a locação. Por isso, o percentual de frota parada caiu para 19%, quando era de 57% em 2017”, explicou. Daniel reforçou ainda que o locador ganha no investimento e no tempo, enquanto o construtor ganha na produção.
De acordo com Christiano Kunzler, CEO da InfraBrasil, essa prática também é utilizada por sua empresa, uma vez que 30% da frota é das locadoras. “Nossa frota própria não para, complementando-a com equipamentos locados. Produzimos mais. É uma ótima estratégia”, disse.
Outro segmento que tem beneficiado o setor é a mineração. Kunzler comentou que as mineradoras estão exportando e que devem realizar investimentos nos próximos anos. “Nosso clientes estão consumindo equipamentos. A demanda por caminhões fora de estrada está crescendo”, explicou. O Estudo da Sobratema aponta uma estimativa de alta para essa categoria de 117% neste ano, com 163 unidades vendidas contra 75 unidades comercializadas em 2022.
O economista Luís Artur Nogueira avaliou que o 2024 é um ano de transição, para um novo ciclo de crescimento a partir de 2025. Em sua análise, a demanda por máquinas deve ficar aquecida já no próximo ano, devido às obras de infraestrutura, advindas das concessões e do PAC, da perspectiva de um novo ciclo de crescimento na área imobiliária com a queda da taxa de juros e a retomada do programa Minha Casa Minha Vida.
A respeito do crédito, que foi considerado um dos principais desafios pelos entrevistados no Estudo de Mercado, Nogueira pondera que a taxa Selic deve continuar caindo, podendo chegar abaixo dos 10% em 2024, a depender do cumprimento ou não do novo arcabouço fiscal, e da guerra entre Israel e o Hamas.
Durante o Tendências no Mercado da Construção, que contou com a participação de quase 2 mil profissionais do setor, Miranda lembrou a importância da tecnologia para o setor de máquinas, que tem adicionado tecnologia de controle em máquinas existentes na frota e aplicado inovação tecnológica para impulsionar ganhos de mercado. Também mencionou que para a realização da aquisição das máquinas, 43% dos entrevistados utilizaram capital próprio, seguido por CDC, com 27%.
Em sua mensagem de boas-vindas, Afonso Mamede, presidente da Sobratema, salientou que há boas perspectivas para 2024 pelos investimentos previstos na concessões, no PAC e pelos governos estaduais. Destacou a realização da M&T Expo – part of bauma NETWORK, principal feira de máquinas e equipamentos para construção e mineração da América Latina, e o lançamento do Sobratema Shopping, uma ferramenta online, onde o mercado encontrará oportunidades para suprir suas necessidades de vendas e compras de equipamentos, peças, insumos e serviços, no próximo ano.
Outros pontos tratados no debate do evento online da Sobratema foram o preço dos equipamentos, que tem acompanhado a demanda, o câmbio, o cenário internacional e a escassez de mão obra.
O 18º Tendências no Mercado da Construção teve ainda a mensagem de Rolf Pickert, diretor geral da Messe Muenchen do Brasil, e os depoimentos de José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Luciano Rocha, CCO da Armac; Ricardo Bertoni, vice diretor comercial da Zoomlion; Sergo Kariya, CEO da Mills; e Victor Misuzaki, Head of Latam Tranportation & Capital Goods do Bradesco BBI.
O evento online é uma realização da Revista M&T e conta com o patrocínio ouro da Cummins, John Deere, Komatsu, Mills, VRental, e Zoomlion, e o patrocínio prata da JCB, New Holland Construction, Sotreq e Volvo.