Demanda intacta
17 December 2020
Este ano, espera-se que o consumo mundial de cimento se reduza a 3,9 bilhões de toneladas. Segundo a atualização do Informe de prognósticos sobre o volume global de cimento da CW Research para o segundo semestre de 2020, o consumo mundial de cimento caiu em quase todas as regiões com exceção da China. Tudo em função dos bloqueios feitos para conter a propagação do vírus, o que veio a ter consequências para o crescimento econômico e afetou a construção no curto prazo.
Em seu informe, a consultoria entrega dois cenários adicionais além do cenário base. Estas projeções, otimistas e conservadoras, consideram uma grande quantidade de variáveis em nível nacional e regional para projetar os cenários de recuperação da demanda, tanto em forma de V ou em forma de U, mais prolongada.
A CW Research usa as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (outubro). Segundo o órgão internacional, a produção econômica mundial se contrairia 4,4% este ano, em comparação com um crescimento de 2,8% em 2019, devido aos bloqueios impostos em todo o mundo. Como resultado, os efeitos econômicos já se sentem no mundo inteiro e mesmo na China, que é a única economia importante onde se espera que haja crescimento em 2020.
É provável que o apoio sem precedentes dos governos, dos bancos centrais e das instituições internacionais para estimular as economias acresça algum impulso para cimentar a demanda, mas as perspectivas para 2020 e após continuam sendo desafiadoras.
“O PIB e o setor da construção se recuperarão à medida que as economias se abram e se levantem os bloqueios, já que ainda há uma demanda de consumo reprimida, e a contração que se produziu na economia mundial foi forçada e não estrutural. Como era previsível, espera-se que a demanda mundial seja puxada pela China e o conjunto da Ásia, com um retorno ao crescimento sólido na Índia, Filipinas, Bangladesh e Vietnã”, afirma Carolina Pereira, gerente de assessoria e investigação do CW Group.
Construção fraca
O setor de construção foi muito afetado pelos problemas da pandemia, e isto se refletirá em uma queda generalizada no consumo de cimento.
A CW Research calcula que o consumo no mercado espanhol se contrairá 12% este ano, após um crescimento de mais de 6% interanuais em 2019, já que a recuperação no setor imobiliário do país se deteve bruscamente pela pandemia. Enquanto isso, a Itália terá que viver com uma contração de 10% no consumo, também devido às paralisações provocadas pela pandemia. A Europa Ocidental como um todo viverá uma contração de 5% no ano.
No Oriente Médio, prevê-se que a demanda por cimento se reduza depois de se recuperar com 4% em 2019. A Arábia Saudita é o único mercado importante onde se espera um aumento significativo naquela região.
Por fim, na América Latina a contração da demanda por cimento seria de 6%, em função das medidas de fechamento das economias. Surpreendentemente, o Brasil deve fechar o ano com crescimento de 4%, segundo a consultoria, graças aos projetos de construção residencial.
A CW Research afirma que a Argentina continua em péssima situação devido à hiperinflação, e se projeta que seu mercado de cimento experimentará contração de 18% em 2020.