Construção de túneis

21 March 2013

Tuneladoras

Tuneladoras

A atividade de tunelagem está muito ativa ao redor do mundo, especialmente em algumas economias emergentes e a América Latina não é a exceção. “Nesse momento o mercado latino-americano nesse campo está no auge. Há muitos projetos em processo de licitação, tanto privados como públicos. Isso é um reflexo de que a região está dando um forte impulso ao investimento em infraestrutura com relação à ampliação dos sistemas hídricos –tanto para irrigação como para a produção de energia por meio de usinas hidrelétricas. Por outro lado, a expansão de trens subterrâneos urbanos nas grandes cidades está sendo foco político para melhorar o bem-estar social”, explica Rolando Justa, gerente geral da Robbins América do Sul.

Em resumo, a necessidade crescente de uma infraestrutura moderna e eficiente nas áreas de transporte faz com que a demanda de tuneladoras na América Latina se torne cada dia mais importante e as companhias estão potencializando sua presença e aproveitando cada oportunidade.

Robbins

A subsidiária da Robbins para a América do Sul possui um escritório no Chile, que foi aberto em janeiro de 2012. “Nestes momentos, após o primeiro ano de atividades, estamos muito satisfeitos com a recepção aos nossos equipamentos por parte do mercado, obtendo uma boa posição com relação ao nosso concorrente número um”, afirma Justa.

As perspectivas de crescimento da companhia na região são interessantes, apesar de que, segundo o executivo, antes de criar um plano de expansão, o primeiro a fazer é manter uma assistência de primeira qualidade com seus clientes e projetos atuais. “Uma vez que entrem em funcionamento todas as máquinas que temos e nossos clientes fiquem totalmente satisfeitos, esperamos poder crescer com estruturas locais nos mercados do Brasil, Peru e Chile”, conta.

Entre os projetos que a Robbins está trabalhando, Justa destaca um grande projeto em Fortaleza, Brasil, para a escavação de mais de 20 quilômetros de túneis. “Aqui a Robbins vai fornecer todos os equipamentos necessários para a criação dessa nova linha de metrô: quatro EPBs (Earth Pressure Balance), quatro sistemas de esteiras transportadoras, uma fábrica de anéis de concreto, estruturas de empuxo, etc. Também desenhamos um novo anel de segmentos pré-fabricados 5+1, universal para esse diâmetro, apoiando as novas tendências de engenharia do uso de fibras e reduzindo em sua geometria as cargas de empuxo em até 17 Mpa”, comenta.

Outro dos projetos são a transferência de água em Puyango, no Peru, com uma máquina de rocha Main Beam, para a construção de 10 Km de túnel, e por último, um equipamento Auger de 800 mm para canalizações urbanas no Chile.

Herrenknecht

Uma opinião similar à da Robbins é a da alemã Herrenknecht AG. Segundo informações enviadas pela empresa, a América Latina é um mercado interessante e que floresce. Dessa forma, a companhia tem ampliado suas operações na região nos últimos anos”, explicam.

Dessa maneira, as máquinas da alemã são adquiridas principalmente para a construção rápida de extensões das linhas de metrô, assim como também para sistemas de águas, dutos de gás e petróleo, e sistemas de alta capacidade de drenagem. “A Herrenknecht oferece tuneladoras de vanguarda para todas as condições do terreno em todos os diâmetros, que vão desde 0,10 até 19 metros”, informa a empresa.

Um papel estratégico no crescimento da companhia tem sido a exploração, cada vez mais rápida e eficiente, de jazidas de minerais de até 2 mil metros de profundidade. Segundo a empresa, os métodos convencionais do desenvolvimento em relação à infraestrutura exigem muito tempo. É por isso que a Herrenknecht tem se dedicado a adaptar continuamente seu portfólio às necessidades dos clientes. Para conseguir isso, a companhia utiliza seu know-how através de todos os setores. Métodos e tecnologias de construção de túneis estão sendo aplicadas nos novos campos de negócios de mineração.

A Herrenknecht tem, atualmente, filiais em seis países da América Latina: México, Panamá, Venezuela, Brasil, Argentina e Chile. A empresa também tem cerca de 24 máquinas planejadas ou ativas em diferentes atividades como construção de metrôs, redes de esgotos, energia, ferrovias, redes de água, mineração e exploração de petróleo.

A tecnologia mais utilizada na América Latina para diferentes tipos de túneis são os EPB Shield, com os quais é possível prevenir uma perda de estabilidade do solo, criando um suporte de pressão. Com essa tecnologia, o solo coesivo (aquele que possui a propriedade de atração intermolecular, como as argilas) solto pela lâmina de corte serve para suportar a frente do túnel, diferente de outros métodos de prevenção que dependem de um meio de suporte secundário.

Brasil

O gigante sul-americano é, certamente, um mercado interessante para qualquer companhia fornecedora. E a Atlas Copco está de olho nisso. Segundo explica Udo Sprengel, gerente da linha de negócios dessa empresa no Brasil, não são somente os próximos eventos esportivos que acontecerão no país (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016) que se tornaram um motor de desenvolvimento, adicionalmente, o país está investindo fortemente em projetos de infraestrutura para recuperar os anos de estancamento no setor. “Entre outros, podemos citar o trecho norte do Rodoanel Mário Covas (que tem 6,2 quilômetros de túneis), o túnel Morro Vieira (com um trecho de 1,1 Km e 120 m³) e o Morro do Formigão (de 900 metros), esses dois no sul do Brasil”, comenta.

Apesar disso, espera-se que este ano sejam anunciados dois projetos de linhas subterrâneas em São Paulo, além da licitação do trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro, iniciativa que contará com 91 quilômetros de túneis.

Segundo o executivo, os empreiteiros estão exigindo, principalmente, equipamentos Jumbo com dois ou três braços. “Após a aquisição da GIA, por parte da Atlas Copco, estamos oferecendo a este mercado também sistemas de ventilação”.

A empresa tem vários equipamentos trabalhando em diversos projetos de perfuração subterrânea de rochas, entre os quais merecem destaque a Usina Hidrelétrica Teles Pires, onde uma Boomer E2C participa da escavação de 1,65 quilômetros de túneis, a Linha Gris do metrô do Rio de Janeiro, onde há dois (do mesmo modelo citado acima) para a construção de 1,5 quilômetros de túneis e o Canal Sertão Alagoano–Transposição do rio São Francisco, onde atuam dois Boomer 282.

Segundo Sprengel, na região, os empreiteiros estão abertos a novas ofertas de tecnologia, “mas depende de como podemos promover nossas características e benefícios únicos aos empreiteiros e empresas de engenharia para demonstrar como as mais novas tecnologias poderiam ajudar a melhorar o rendimento e a eficiência, em geral. Senão fizermos isso, a tendência é continuar com o que sabem e confiam”, finaliza.

Chile

A Aker Wirth e a Codelco fecharam um acordo no final de 2012 para o transporte, entrega e teste de uma tuneladora de mineração móvel (MTM, por suas siglas em inglês). Os testes serão realizados de meados de 2014 na mina Chuquicamata (Chile), atualmente a maior mina de cobre a céu aberto do mundo e onde, no futuro, está previsto seu desenvolvimento subterrâneo.

A MTM da Aker Wirth escavará uma rede de túneis em Chuquicamata, de onde, em seguida, será extraído minério de cobre. “Antes, os túneis desse tipo eram escavados com explosivos”, explica Ulrich Frenzle, vice-presidente de Mineração e Construção da Aker Wirth. “Agora, pela primeira vez, serão escavados mecanicamente com a MTM4, melhorando significativamente a eficiência da escavação e a segurança na mina”, acrescenta. O equipamento terá que cortar curvas pequenas e precisas, uma operação que será particularmente exigente com relação à manobrabilidade e precisão da máquina.

A MTM combina a flexibilidade de uma fresadora com a solidez de uma tuneladora. A máquina autopropulsada escava a rocha com quatro poderosos braços de acionamento hidráulico equipado com fresas de disco. O lodo é transportado para a parte traseira da máquina por uma esteira com discos de carga e através de um transportador de correia. Além dos cortes circulares como os feitos pela tuneladora, a MTM também pode cortar túneis retangulares e em forma de ferradura. Também pode cortar um túnel semi-retangular com um diâmetro interior de até 6 metros. Cabe destacar que o raio de giro do equipamento, que tem 40 metros de comprimento, é de apenas 12 metros.

Outro ponto inovador da MTM tem a ver com a mobilidade, já que se desloca para frente graças a um sistema ‘caminhador’ e para trás por meio de esteiras. Um sistema de controle de posicionamento garante que a máquina esteja sempre alinhada com precisão.

A MTM4 é capaz de abrir 12 metros de túnel por dia.

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Cristian Peters
Cristián Peters Editor Tel: +56 977987493 E-mail: cristiá[email protected]
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