Colômbia: obras de emblemático túnel em crise
07 October 2014
Um cenário de crise e possibilidade de novos atrasos ronda o megaprojeto do Túnel La Línea, na Colômbia. Em construção desde 2009, o túnel que conectará a capital do departamento de Tolima com o porto de Buenaventura no Pacífico custou ao país até agora cerca de US$ 310 milhões, mas a data prometida de entrega – novembro desse ano – não deverá ser respeitada.
Assim disse o próprio vice-presidente do país, Germán Vargas Lleras, que visitou as obras há poucas semanas e disse que ainda que os trabalhos estivessem a todo vapor, faltaria no mínimo um ano e meio de construção para a entrega final. A autoridade também esclareceu que deverá haver custos adicionais por mais de US$ 78 milhões antes que La Línea seja entregue para uso.
O projeto é de grande magnitude. La Línea terá 8.651 metros de comprimento, e é considerado fundamental para facilitar e incrementar exportações e importações da Colômbia através de seu principal porto. A obra se divide em três etapas, sendo que as etapas 2 e 3 têm mais de 90% de avanço. O problema estaria na etapa 1, que até agora não teria mais de 50% de progresso, apesar de que cinco anos já se passaram desde o início das obras.
Como costuma acontecer, as disputas contratuais são a causa dos problemas com o projeto. O mandante da obra, o departamento público Invías, recebeu das firmas auditoras do projeto um relatório com data de março desse ano dizendo que o consórcio construtor apresentava sérios atrasos e não seria capaz de cumprir com a data de entrega, novembro de 2014.
O Invías deu início a um procedimento de caducidade do contrato, sem jamais cancelá-lo. Não obstante, autoridades públicas colombianas vêm falando publicamente sobre um possível cancelamento e convocação de uma nova licitação.
O consórcio construtor, comandado pela empresa de engenharia nacional Carlos Collins, nega as acusações que teriam dado lugar à possível caducidade do contrato. Segundo o engenheiro dono da firma eu leva seu nome, não só não há razões para cancelar o contrato como ele está processando o governo em tribunais de arbitragem por receber acusações que diz ser falsas.
Carlos Collins afirma ter posto todo o dinheiro que recebeu do Invías na obra, e põe a responsabilidade pelos atrasos no próprio Invías, que teria feito mudanças no contrato original. Além disso, ele reclama pagamentos que o governo não lhe teria feito. O governo responde dizendo que 98% contratados estão em posse do consórcio, e que por isso não se justificam os atrasos de execução.
O túnel La Línea deverá reduzir em 80 minutos o transporte de cargas entre o interior do país e o porto de Buenaventura. Hoje em dia, o mesmo trajeto se faz pela rodovia Alto de La Línea, que passa por cima das montanhas da Cordilheira dos Andes e então desce para o mar. Além do tempo reduzido, o novo túnel será uma alternativa para os custos de reparação de veículos e de frete, que crescem devido às condições da rodovia tradicional.