Cepal: América Latina deveria investir 6,2% de seu PIB em infraestrutura anualmente
13 October 2014
A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) publicou um novo estudo sobre os investimentos em infraestrutura na região, segundo o qual a média de investimento anual nos últimos dez anos, somando-se todos os países e incluindo o Caribe, foi de 2,7% do PIB. O número é considerado insuficiente.
De acordo com a Cepal, o investimento mínimo necessário para fornecer aos povos da região uma infraestrutura capaz de absorver as necessidades sociais e econômicas da América Latina de hoje seria de 6,2% anuais, em média.
Isso significaria, de acordo com o órgão internacional, cerca de US$ 320 bilhões anuais em todos os países. O estudo recomenda esse investimento para o decênio entre 2012 e 2022, pois o ano de 2012 é o último cujos dados a instituição tem acesso em forma completa, abrangendo todos os países.
A Cepal define quatro eixos de investimento como principais: transporte, energia, telecomunicações e água/saneamento. De acordo com o informe, em 2012 a Costa Rica foi o país que mais investiu em proporção ao seu PIB: 5,47%. E foi seguida por Uruguai (5,08%), Nicarágua (4,93%), Bolívia (4,47%) e o Brasil (4,1%).
Entre os setores analisados, a Cepal destacou que o de transportes foi o que recebeu a maior quantidade de investimentos públicos e privados desde 2005 na América Latina.
Obstáculos
No panorama de investimentos em infraestrutura da América Latina, as normas e leis que regulam o fluxo de investimentos e capitais são o grande diferencial entre os países. Em alguns, as leis são claramente mobilizadoras de capital, enquanto em outros países as condições de menor abertura ao capital privado criam obstáculos para que as cifras se multipliquem mais rapidamente.
Mas é certo dizer que os casos positivos estão se expandindo. Os mais conhecidos são os casos da Colômbia, que montou uma operação sem precedentes no país para realizar um programa de concessões rodoviárias, assim como o Peru, onde a agência ProInversión impulsiona concessões e parcerias público-privadas para diferentes projetos de infraestrutura.
Casos como o do Paraguai são uma boa novidade, com sua nova lei de parcerias público-privadas. O Chile e o Uruguai continuam abertos ao investimento. O caso do Brasil é uma mescla, pois embora haja planos de concessões de rodovias, ferrovias e portos, eles demoram por burocracias que geram incertezas, e por sua vez o Estado ainda mantém sob seu controle uma grande proporção de investimentos, mediante os bancos públicos.
O cenário na Argentina e na Venezuela está refém do Estado e sua capacidade financeira e administrativa, que funciona bem até certo ponto mas se encontra com dificuldades de ordem econômica com mais frequência do que seria aceitável. A Bolívia e o Equador, ainda que façam parte do mesmo bloco político, conseguem se relacionar melhor com o capital privado e colhem os frutos em termos de projetos que se realizam.
Devido às recentes reformas legais no setor de energia e o início de grandes projetos de transporte, no marco de um grande plano de infraestrutura, o México é hoje o país latino-americano que mais destaca aos olhos dos participantes do setor e das agências internacionais.