Bogotá: cidade de oportunidades

07 August 2019

Como em toda cidade latino-americana, na capital colombiana, Bogotá, existe uma grande lacuna de infraestrutura que precisa ser reduzida. As oportunidades estão ali, ao alcance de todos, porém nem sempre os grandes investidores tomam conhecimento do que está se passando no mundo todo, e precisamente neste aspecto, digamos, promocional, é que uma companhia como a Invest in Bogotá desempenha um papel fundamental.

A agência de promoção de investimentos Invest in Bogotá, estabelecida em 2006 sob a responsabilidade da prefeitura de Bogotá (51%) e da Câmara de Comércio de Bogotá (49%), é uma corporação sem fins lucrativos que busca divulgar as distintas alternativas existentes em um local tão importante como esta cidade. Não é à toa que Bogotá é sede de 313 das 2.000 empresas da lista da Forbes.

A companhia opera em diversos setores como ciências da vida, serviços e manufatura e infraestrutura, tendo participado de mais de 300 projetos que resultaram em investimentos de mais de US$ 2,4 bilhões e a geração de 32.000 postos de trabalho.

Annia Guatibonza, diretora de investimentos sênior, e Stefany Suárez, diretora de investimentos, ambas da área de infraestrutura da Invest In Bogotá, deram um extenso relato das diversas oportunidades que estão promovendo hoje em dia a nível global.

Atualmente m Bogotá há sete projetos de parceria público-privada, com viabilidade e em etapa de aprovação de entidades distritais em um valor estimado de US$ 740 milhões. Há também 15 projetos em fase de viabilidade, com um valor estimado de US$ 2,4 bilhões.

No artigo a seguir, examinamos algumas das oportunidades que podem se encontradas nesta grande cidade.

Metrô de Bogotá

Sem dúvida esta é uma iniciativa importante. Depois de mais de seis décadas, este projeto verá a luz do dia. Trata-se da primeira linha de metrô de Bogotá, que percorrerá uma distância de 24 quilômetros, contará com 16 estações e deve começar suas operações em 2024.

Segundo explicou Guatibonza, foram sete os grupos empresariais avaliados, que agrupavam um total de 39 empresas de 12 países, e seis deles (Consorcio Metro de Bogotá, APCA Metro Capital, Consorcio Sunrise, APCA TransMimetro, Consorcio Línea 1 e Unión Metro Capital) seguem na concorrência. “Nestes grupos participam empresas de nove países”, disse a executiva, destacando o potencial de investimento estrangeiro direto no país. “O investimento chega aos US$ 4,2 bilhões e a construção do projeto deve começar em setembro próximo”, comenta.

metro bogota

Há que se ficar atento ao segundo semestre deste ano, que estará mais do que ocupado com a alocação de obras. Isto porque “muitos projetos devem ser atribuídos antes das eleições para a prefeitura, que ocorrerá em 27 de outubro”, disse. A mudança de prefeito será em janeiro de 2020.

TransMilenio

O sistema de Transporte Rápido por Ônibus de Bogotá é aclamado no mundo, e 57 cidades já o replicaram. O TransMilenio registra mais de 1,8 milhões de passageiros por dia e mais de 70 milhões por mês.

Porém o sistema está sempre em avaliação e crescimento, e atualmente busca financiamento para duas grandes ampliações: na Avenida 68 e na Avenida Ciudad de Cali.

O corredor da Avenida 68 leva em conta uma extensão de 17 quilômetros, 21 estações e investimentos de US$ 833 milhões. Como adverte Guatibonza, o processo de licitação começa no mês de junho e espera-se firmar o contrato em setembro, para início das obras em abril de 2020.

O corredor da Avenida Ciudad de Cali tem em projeto 28,3 quilômetros e 31 estações, e necessita de investimentos de cerca de US$ 316 milhões. A iniciativa espera começar o seu processo de licitação em agosto, firmar o contrato em dezembro e começar os trabalhos em junho de 2020.

“É importante que estes dois corredores estejam em operação antes que metrô entre em funcionamento”, comenta Suárez.

Novos acessos

Um dos grandes problemas de Bogotá são seus enormes congestionamentos, exacerbados em seus acessos Sul e Norte, e é por isso que atualmente estão sendo desenvolvidas soluções que podem vir a resolver justamente esses problemas.

Um destes projetos viários está relacionado com a construção, projeto, operação e manutenção da Autopista Longitudinal de Occidente Sur, trecho de 49 quilômetros que, com duas vias em cada direção, calçadas de 16 metros e ciclovias, poderia reduzir o tempo de deslocamento em 30 minutos.

Transmilenio

Os formulários para participar desta iniciativa, que considera o desembolso de certa de US$ 397 milhões, serão publicados no SECOP (Sistema Eletrônico de Contratação Pública) em julho próximo.

Além de resolver o acesso sul, Bogotá também busca melhorar seus acessos ao norte. A cidade pretende alocar o desenho, construção, operação, manutenção e gestão ambiental de um projeto que compreende duas vias mistas e um corredor exclusivo para TransMilenio na Autopista Norte. O plano contempla 41 quilômetros de extensão, seis estações para o sistema de ônibus e seis passarelas de pedestres, considerando investimentos de cerca de US$ 472 milhões. Como adverte Guatibonza, o processo de licitação começará em setembro e o contrato deve ser firmado antes do final do ano.

Rua 13

O último projeto de transporte corresponde à construção, sinalização e demarcação do corredor da Rua 13, que deve ser ampliado adaptando novas calçadas e ciclovias. O projeto de US$ 735 milhões compreende 11,3 quilômetros de rotas e 19,4 quilômetros de ciclovias.

O processo de licitação começou agora em junho e espera-se que o contrato seja firmado em setembro.

Infraestrutura social

No que se refere à infraestrutura social, destaca-se a construção de três novos hospitais, que devem somar investimentos de US$ 336 milhões, e que beneficiariam mais de um milhão de pessoas.

Um deles é o Usme, instalação que contará com 221 leitos e atenderá às localidades de Usme, Simón Bolívar e Tujuelito. Este hospital, de complexidade mediana, será focado em serviços de maternidade e pediatria.

A licitação desta iniciativa de US$ 93 milhões começa este mês e o início da construção é estimado para março do próximo ano.

Já o hospital Santa Clara, por sua vez, trata-se de um projeto de alta complexidade, focado em enfermidades crônicas, que contará com 366 leitos. Quem vencer esta licitação de US$ 163 milhões, também terá que manter as instalações por cinco anos.

Assim como no caso do Usme, a licitação começa este mês e o início da construção é estimado para março do ano que vem.

Porém, dos três projetos hospitalares, o de maior destaque para Guatibonza é o de Bosa, que se tornará a primeira concessão hospitalar da Colômbia, contemplando um contrato com duração de 18 anos.

A instalação, que contará com 215 leitos e beneficiará mais de 400.000 pessoas, contempla investimentos de US$ 80 milhões, e sua licitação começará em julho próximo.

Outro projeto de infraestrutura social é a construção e desenvolvimentos do novo Edifício Administrativo do Distrito, que consiste na construção de um novo edifício de 98.894 m2 no lado norte do complexo atual, e sua integração com os edifícios já existentes. A ideia do projeto de US$ 100 milhões é poder alojar 14 entidades municipais sob o mesmo teto, em um contrato de concessão de 25 anos (três de construção e 22 de operação).

A licitação começará em julho.

Renovação urbana

ALO Sur

São três os grandes projetos de renovação urbana que a Invest está promovendo hoje em Bogotá.

O primeiro deles se refere à criação, construção e renovação urbana do Triângulo de Fenicia, um projeto da Universidad de Los Andes que compreende uma minicidade do futuro no meio do centro histórico de Bogotá, a qual envolverá a construção de 900 casas, 25.000 m2 de comércio, 40.000 m2 de escritórios e hotéis, e 3.500 m2 de equipamento público.

Este projeto de US$ 280 milhões terá uma chamada privada às empreiteiras.

Também de maneira privada estão sendo coletados os US$ 1,3 bilhões necessários para o processo de expansão urbana de Lagos de Torca, o que inclui o desenho, planejamento e construção de uma minicidade no norte de Bogotá, que contará com 1.800 hectares de bairros com instalações e parques, 15 quilômetros de vias com árvores, um parque metropolitano de 150 hectares e 128.000 moradias de interesse social prioritário.

Para saber mais sobre o terceiro projeto de renovação urbana, veja o quadro Distrito Criativo.

Água e saneamento

Bogotá está levando adiante um ambicioso projeto: trata-se da usina de tratamento de águas residuais Canoas, que pode se tornar a terceira maior da América Latina, logo atrás da de Attonilco (México) e de La Farfana (Chile).

O processo contratual desta obra de US$ 1,5 bilhões deve começar no segundo semestre de 2019 e ser atribuída neste mesmo ano ou no primeiro semestre de 2020.

Guatibonza indicou que a primeira fase da obra deve ser entregue em 2023 e corresponderia a um tratamento primário de águas residuais com um fluxo inicial de oito metros cúbicos por segundo. A infraestrutura e operação completa estariam prontas em 2025 com uma capacidade total de 16 metros cúbicos por segundo.

 Distrito Criativo Bronx

Um projeto de renovação urbana emblemático é o do Distrito Criativo Bronx. Por quê? Porque o Bronx era uma área em Bogotá em que ninguém se atrevia a ir, apesar de estar a apenas alguns metros de um batalhão do exército. Um local dominado pela prostituição e pelo narcotráfico, e que havia roubado boa parte do espaço da cidade de seus habitantes, até que há alguns anos o prefeito Enrique Peñalosa decidiu intervir na zona e limpá-la.

Com isto, hoje a Fundação Gilberto Alzate Avendaño (Fuga), responsável pela iniciativa, busca quem se encarregue do desenho, construção e operação de um distrito criativo que considere o reforço estrutural da infraestrutura existente (com edifícios antigos e de arquitetura belíssima) e a realização de nova edificações.

Segundo comenta Mónica Ramírez, diretora da Fuga, se apresentaram à primeira convocação mais de mil projetos criativos para recuperar a zona, sempre considerando a população vizinha e as necessidades sociais. “Integrando as pessoas na transformação do distrito, e fazendo-o através da cultura, nascendo assim o projeto ‘criativo’, o primeiro na Colômbia como conceito”, indica a executiva.

Para firmar este projeto, que contempla investimentos de cerca de US$ 57 milhões, em agosto se iniciará a abertura da licitação e em novembro será firmado o contrato. “A ideia é ter tudo acertado antes do término do período de Peñalosa na prefeitura”, reforça Ramírez.

Agenda de desenvolvimento

A Câmara de Comércio de Bogotá está liderando uma interessante agenda de projetos de produção, “uma das mais importantes da América Latina”, a critério de Marco Llinás, vice-presidente de competitividade e valor compartilhado da instituição. É que, de acordo com o executivo, a cidade contaria com um portfólio de 56 projetos (com clusters potenciais) de ciência, tecnologia e inovação, por mais de US$ 300 milhões. De fato, as iniciativas que envolvem encadeamento produtivo passarão a cobrir 51,7% das empresas da região de Bogotá em 2018, em comparação com 32% em 2015, um avanço em que a CCB tem como principal tarefa a “articulação de atores de um setor e identificar os participantes”, explica Llinás.

No que se refere a construção, o executivo destaca que o setor representa cerca de 22% do PIB de Bogotá, e que os investimentos em obras a serem desenvolvidas este ano são estimadas em cerca de US$ 13 bilhões.

Ainda que estes números sejam significativos, a ideia é continuar crescendo, e a proposta de valor da CCB é “ser até 2027 um modelo de integração regional com um planejamento ordenado do território”, finaliza o executivo.

Expoconstrucción y Expodiseño

Durante o mês de maio realizou-se em Bogotá uma nova edição da Expoconstrucción y Expodiseño, evento que congregou mais de 57.000 visitantes e mais de 500 empresas da Alemanha, República Tcheca, China, Turquia, Índia, Itália, Espanha, Panamá, Estados Unidos, Costa Rica, México, Brasil, França, Argentina, Equador e, claro, Colômbia.

“A cada edição da Expoconstrucción y Expodiseño, a feira se consolida como uma das plataformas mais importantes da região para a projeção e o crescimento da indústria”, indica Diego Laverde, chefe de negócios internacionais da Corferia, organizadora do evento.

O evento buscou transferir conhecimento em temas relacionados ao setor de construção, arquitetura, infraestrutura e design, e contou, além de uma ampla exposição com marcas relevantes como Caterpillar, New Holland, Bobcaty Wacker Neuson, apenas para nomear algumas, com uma agenda acadêmica complementar que se referiu a BIM (Building Information Module, ou Modelagem da Informação da Construção), uso de drones em construção, certificação Edge, e ciclos de vida, entre outros.

Adicionalmente, e como parte da grande aposta de converter a Colômbia no hub da indústria, durante a feira houve ainda o Fórum Internacional de Desenvolvimento Urbano, que contou com a participação de Rahul Mehrotra (Índia), Salvador García (México) e Alejandro Aravena (Chile), este último ganhador em 2016 do Prêmio Pritzker. Eles deram sua visão de experts sobre os processos de urbanização e o papel que tem o setor da construção; além de mostrar os exemplos dos processos de desenvolvimento urbano que ocorreram em cada um dos seus países.

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