BIM 4D - transformação da construção civil?

A atividade de planejamento produtivo da construção é multiforme. Necessita de estudo de variáveis, planejar os tempos de execução de uma obra são aspectos essenciais para otimizar os recursos no canteiro de obras.

Entra em cena, o Building Information Modeling, e em particular a modelagem BIM 4D, significando um suporte válido para reduzir atrasos e ineficiências no canteiro de obras.

Nicolaos Theodorakis, fundador e CEO da Noah, avalia o mercado atual.

A construção civil inicia um boom tecnológico que não está só aumentando a produtividade, mas também gerando receitas. Qual o segredo?

Assim como em qualquer setor, a tecnologia vem para melhorar processos e trazer mudanças na forma como olhamos os produtos, processos e serviços. Quando a tecnologia é bem empregada e integrada ao negócio, ela começa a fazer parte do negócio, como uma coisa única, e então tende a gerar receita. No setor de construção não é diferente. Por ser um setor muito tradicional, tardou em adotar algumas tecnologias e a pensar na inovação como vetor de transformação e crescimento. Hoje, o setor avançou rapidamente e já é um dos que mais vem se transformando. Algumas tecnologias adotadas no processo de industrialização da construção como a nossa, acarretam em qualificação de equipe, processos mais simples e ágeis e ganho de escala, além de consequentemente um crescimento mais acelerado.

Nicolaos Theodorakis, fundador e CEO da Noah.

O desenvolvimento de tecnologias específicas para a construção civil é uma tendência?

Sem dúvida. A grande maioria dos players do setor ainda constroem de maneira artesanal boa parte das edificações. E não é por falta de tecnologias prontas e desenvolvidas. O Brasil tem profissionais e empresas extremamente experientes, inovadoras, qualificadas para industrializar o mercado. O processo BIM é o ponto de partida para as tecnologias serem implementadas. Tecnologias não são apenas tendência, são a solução para imprimir velocidade – garantindo melhores retornos financeiros, desperdício baixíssimo, trazendo sustentabilidade e uso adequado de materiais renováveis. Tecnologias trazem previsibilidade e, consequentemente, muito mais qualidade construtiva. Não vejo no futuro próximo construtoras que se transformarão em fabricantes de prédios que não adotarão o processo fabril e a cultura do ganho de escala na sua forma de atuar. Realmente, não vejo espaço para essas empresas no futuro.

Depois de um período de crise na construção civil e queda vertiginosa nos negócios e vendas, dá pra acreditar que essa tecnologia ajude numa retomada?

Independente do momento econômico, a avaliação e a análise que fazemos é relacionada à efetividade do negócio imobiliário. Hoje, temos cases internacionais de redução de tempo de construção de até 50% no cronograma de obra. Isso, sem dúvida, tem um impacto positivo na análise financeira de qualquer negócio. Edificações em madeira construídas com o uso da tecnologia e muita inovação embarcada oportunizam o bom uso de recursos financeiros. Além disso, preenchem com qualidade e verdade uma pauta ESG que vem sendo amplamente cobrada não apenas das empresas de capital aberto, como de pequenos negócios, que já nascem conscientes e com propósitos claros em relação à sustentabilidade e perpetuidade do planeta. Pensar no consumidor do amanhã é fundamental, educar pessoas e incentivar o correto uso dos recursos é responsabilidade de todo empresário. Concluindo, acreditamos que a tecnologia é imprescindível para a sociedade, independente do cenário econômico. Ela traz oportunidades de investimentos sustentáveis e adequados ao desenvolvimento saudável e equilibrado do planeta.