Arquitetura passa a incorporar a energia solar em seus projetos

A energia solar pode ser utilizada em todas as áreas de atuação humana. E não é diferente na arquitetura e na construção civil. É cada vez mais urgente que o projetar e o construir sejam mais eficientes energeticamente, aproveitando a luz do Sol.

Essa tecnologia, que integra os sistemas fotovoltaicos ao design e arquitetura das mais diversas construções, está sendo cada vez mais utilizada no mundo, mas ainda é embrionária no Brasil.

Um produto para revestimento de fachadas que, além de gerar energia a partir de fonte solar com alta eficiência, proporciona um preenchimento estético e perfeitamente integrado às edificações. Essa é a solução BIPV (Building Integrated Photovoltaics – Integração Fotovoltaica na Construção Civil). Neste contexto, a arquitetura solar, por meio dos BIPVs, vem se tornando uma tendência mundial por gerar eficiência energética nas edificações.

Diferentemente das instalações tradicionais de energia solar que são limitadas aos telhados, o BIPV permite explorar diversas superfícies na integração dos painéis solares, incluindo fachadas, claraboias, grades do prédio, brises, marquises e muito mais, o que permite criar um efeito arquitetônico exclusivo. Isto significa que o BIPV possui dois benefícios em comparação aos sistemas fotovoltaicos comuns: efeito estético e melhor aproveitamento do espaço disponível. Além disso, o BIPV contribui – para as edificações onde está instalado – na proteção contra os raios do sol, no isolamento térmico, na proteção contra a chuva, no sombreamento parcial de áreas e em substituição às telhas.

Residencial Bosco Esposizione será o primeiro edifício do Rio Grande do Sul a aplicar tecnologias de energia solar fotovoltaica em toda a fachada do prédio.

Por outro lado, um problema típico dos sistemas BIPV é a perda de energia devido ao aumento da temperatura, uma vez que os módulos geralmente operam perto do envelope do edifício com pouca ventilação. Pensando nisso, a SolarEdge desenvolveu o Sense Connect, que utiliza uma combinação de sensores de temperatura e algoritmos de previsão para detectar altas temperaturas nos conectores, minimizando riscos de incêndio e entregando maior desempenho para o sistema. 

Mesmo assim, aliar uma geração energética proveniente de uma fonte limpa e renovável a uma edificação que precisa se beneficiar das vantagens proporcionadas pelo uso da energia solar, é a combinação ideal para torná-la uma edificação de energia quase zero (NZEB – Nearly Zero Energy Building), ou seja, autossuficiente em energia.

De acordo com Silvana Silvestre, arquiteta e responsável pela Gestão de Relacionamento da Greener, empresa de assessoria e inteligência de mercado com foco no setor fotovoltaico, é relevante para o balanço de Net Zero que o projeto arquitetônico seja concebido contemplando a integração com o sistema fotovoltaico. “Nesse modelo, os elementos fotovoltaicos são integrados à edificação, tornando-se componentes multifuncionais da construção civil, não apenas gerando energia, mas apresentando funções de desempenho arquitetônico e estético”, afirma a arquiteta. 

Ainda segundo Silvana, no BIPV, podem ser integrados módulos convencionais, mas existe uma tendência para integração estética. “Já há o emprego de módulos diferenciados como os flexíveis, com texturas, personalizados e integrados a sistemas solares fotovoltaicos inteligentes, que ampliam a composição formal”, destaca a arquiteta.

É importante ressaltar, no entanto, que painéis tradicionais também podem ser utilizados nessa integração. “Não é preciso recorrer apenas aos filmes finos ou outras tecnologias mais caras. Uma das aplicações mais frequentes de BIPV, inclusive, é na substituição de coberturas de garagem e de estacionamentos. Além de gerar energia limpa e renovável, os painéis produzem sombra e proteção para os veículos”, afirma Juliano Pereira, country manager da SolarEdge.

 

Utilização na prática

O condomínio residencial Bosco Esposizione, previsto para ser inaugurado no primeiro trimestre de 2025 em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, será o primeiro edifício do Rio Grande do Sul a aplicar tecnologias de energia solar fotovoltaica em toda a fachada do prédio. 

Concebido para ser um projeto boutique com apenas 19 apartamentos, o empreendimento projetado pelo arquiteto Alberto Torres, terá painéis fotovoltaicos no contorno das sacadas da fachada frontal norte e na cobertura. Somados, os equipamentos suprirão o fornecimento de energia na área condominial, deixando de emitir cerca de 15 toneladas de CO² por ano, o equivalente ao plantio anual de 700 árvores adultas. 

A energia gerada no edifício vai abastecer as áreas comuns, como academia, salão de festas, sala de jogos, brinquedoteca, piscina coberta e aquecida, áreas de circulação, elevadores e toda a parte que compreende o ambiente de uso comum dos condôminos. 

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Cristian Peters
Cristián Peters Editor Tel: +56 977987493 E-mail: cristiá[email protected]
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