Aposta regional

02 November 2012

Movimiento de tierra

Movimiento de tierra

A crise ainda não afetou o sustentável crescimento da América Latina e do mercado regional, mas, segundo os principais fabricantes, continua em pleno crescimento, especialmente em países como Equador, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá, Peru e Uruguai.

Novos aeroportos, aumento da malha viária, centrais hidrelétricas, ampliações e grandes complexos de urbanizações têm estado presente na pauta dos últimos anos. Ao mesmo tempo, o mercado se torna mais competitivo e são cada vez mais companhias que chegam para competir por um espaço no mercado.

Minicarregadeiras, miniescavadeiras, retroescavadeiras, pás carregadeiras frontais, escavadeiras hidráulicas, tratores de esteiras e motoniveladoras, são alguns dos tipos de equipamentos que são utilizados para a terraplenagem em um canteiro de obra e não existe fabricante que não esteja presente na região.

Segundo comenta Nicola D’ Arpino, gerente de marketing para América Latina da New Holland Construction, em geral, em toda a região existe demanda para todos os tipos de equipamento, incentivada pelos investimentos estatais e privados destinados à infraestrutura, estradas, mineração, etc. “Se tivéssemos que citar os mais procurados, seriam as escavadeiras hidráulicas, as minicarregadeiras e as pás carregadeiras frontais”, explica.

Apesar de que a região esteja atrasada com relação ao controle de emissões de motores e as exigências sejam menores em relação ao mercado europeu e norte-americano, as companhias estão de acordo em que os requerimentos em qualidade são similares. D’ Arpino informa que “existe uma rápida evolução em toda a América Latina na maneira de operar máquinas e os clientes são cada vez mais exigentes com os produtos que a New Holland oferece e desenvolve para o mercado da região. Por essa razão, os equipamentos da marca têm a mesma tecnologia que máquinas da Europa e América do Norte, para alcançar uma produtividade maior, maior segurança de operação e um baixo custo de manutenção”.

Yoshio Kawakami, presidente da Volvo Construction Equipment Latin America, está de acordo com D’Arpino e informa que “independentemente dos mercados e seus regulamentos, todos os produtos da Volvo estão desenhados e fabricados com nossos três valores fundamentais: qualidade, segurança e meio ambiente. Em geral, a tecnologia incorporada nos produtos é global. No entanto, entendemos que as normas, as necessidades dos clientes, as aplicações e a qualidade dos combustíveis e lubrificantes variam de um mercado a outro. Portanto, nossos produtos estão desenhados para oferecer ao mercado a flexibilidade suficiente para configurar um produto que satisfaça as necessidades e ofereça segurança, produtividade, confiança e eficiência de custos”.

Carlos Baeza, gerente de desenvolvimento de distribuidores da Komatsu Holding South America, comenta que assim como Europa e Estados Unidos são mercados interessantes para equipamentos que sejam mais tecnológicos, eficientes e amigáveis com o meio ambiente, na América Latina esses fatores não tem o mesmo peso na hora de comprar, em comparação com a importância do preço e do financiamento. “Essa é uma grande diferença entre esses mercados e o latino-americano, já que este último coloca como obstáculo, logo de entrada, o preço e o financiamento mais que a tecnologia, a qualidade e o suporte”, resume.

Por exemplo, na Europa, é comum a construção em lugares já habitados, por essa razão os equipamentos exigidos para esses trabalhos devem ter características como um motor que não produza ruído, com baixa emissão de contaminantes, equipamentos de menor porte e maior potência, de baixo impacto, limites de peso e dimensões para um deslocamento e transporte facilitados, etc. É por essa razão que os europeus preferem equipamentos de pequeno e médio porte, enquanto que no continente americano ainda são usados equipamentos grandes, apesar de que já houve um avanço em direção às máquinas mais compactas para obras urbanas.

No momento, na América Latina são usados equipamentos grandes e pesados como pás carregadeiras, carregadeiras, caminhões fora de estrada, escavadeiras, etc, devido à forte atividade em mineração, construção de grandes empreendimentos hidrelétricos e construção de rodovias.

Segundo informações divulgadas pela Case, em geral, há uma tendência bastante globalizada no uso dos motores. “Estados Unidos, Japão e Europa estão um pouco mais atualizados com relação ao controle de emissões, o que acarreta a utilização de sistemas mais sofisticados de controle de injeção eletrônica e pós-combustão. O mercado latino-americano ainda não chega a esses padrões em todas as versões de equipamentos devido ao fato de que a legislação vigente não o exige. Apesar disso, se a exigência iniciasse agora, estaríamos prontos para oferecer a melhor tecnologia disponível”, informa a assessoria de imprensa da empresa.

Na região, os equipamentos utilizam motores de injeção mecânica Tier 2. No entanto, na Europa, Stage IIIA e Stage IIIB e, na América do Norte, Tier 3 e Tier 4i.

Visão

As políticas governamentais de cada país afetam diretamente os investimentos e a América Latina tem um amplo leque de empreendimentos. Segundo Baeza, assim como a Argentina está gerando certa insegurança, o Peru vive uma situação totalmente oposta: registra taxas de crescimento estáveis e sólidas, o que gera bons resultados para os fabricantes. Apesar disso, “o efeito recessivo mundial obviamente nos atingiu e vemos que, tanto nossa concorrência como nós, estamos perdendo terreno diante da entrada de equipamentos chineses e coreanos, em um primeiro momento devido ao efeito preço e duração dos projetos nos quais serão utilizados esses equipamentos. Acreditamos que o mercado diminuiu, mas se estabilizou com a queda. A economia mundial mostra uma recuperação conservadora nesse segundo semestre e nós botamos fé nela. No entanto, seremos mais cautelosos e conservadores que as perspectivas econômicas, e mais ainda sabendo que alguns países terão mudanças e eleições políticas no final do ano”, conclui.

A Volvo CE vê a América Latina como uma região muito promissora no mundo e que é capaz de continuar crescendo nos próximos anos. Segundo explica seu executivo Yoshio Kawakami, “se relembrarmos o tamanho total do mercado na década de 90, composto por todo tipo de equipamentos de construção, o tamanho médio do mercado era de cerca de oito mil unidades por ano. Isso mudou na década seguinte, com uma média de 20 mil unidades por ano. Os três primeiros anos depois da crise de 2009 mostram uma média de mercado de 45 mil unidades anuais. A expectativa do mercado é que na década de 2010, o tamanho médio do mercado poderia estar próximo dos 50 mil equipamentos ao ano. Apesar de que essa cifra não coloca a América Latina entre os maiores mercados do mundo, mas possui uma grande importância”, afirma.

Por sua vez, Ernesto Zamura, gerente da Doosan Channel Strategy & Dealer Development, é um pouco mais crítico, nesse sentido. O executivo observa um estancamento do mercado brasileiro devido à insegurança econômica, apesar de que defende boas expectativas graças aos investimentos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíadas de 2016, além de grandes iniciativas na construção de estradas e represas hidrelétricas. Por sua vez, indica que o mercado mexicano se recuperará até alcançar níveis pré-crise durante o primeiro trimestre de 2013.

Por último, Zamora defende que os Tratados de Livre Comércio, que estão sendo fechados na região (Colômbia recentemente firmou com os Estados Unidos e a Coreia do Sul), são incentivos que permitirão melhores preços e que sem dúvida favorecerá a Doosan.

Distribuição

Todas as companhias estão de acordo que a região é totalmente interessante, no entanto, há certos países que podem ser mais atrativos que outros.

O Brasil representa 40% do mercado de máquinas da América Latina, o que faz com que muitas das empresas apostem suas fichas nesse sentido. Não é por nada, também, que o país é o berço de muitas fábricas próprias de empresas asiáticas, europeias e norte-americanas.

Um exemplo disso é a JCB, empresa que no dia 27 de setembro inaugurou uma nova fábrica em Sorocaba e que está dedicada a melhorar sua presença. O objetivo da britânica é, durante o segundo semestre deste ano, inaugurar nove unidades de distribuidores (através das empresas Auxter, Valence, Macromaq, Engepeças, Equimáquinas e Zucatelli) nos estados de São Paulo, Ceará, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina.

Cabe lembrar que a JCB lidera o mercado das retroescavadeiras e segundo dados cedidos pela companhia, hoje em dia, cinco de cada dez retroescavadeiras vendidas no mundo são JCB. A empresa oferece mais de 35 modelos de 2,8 e 8,8 toneladas e uma profundidade de escavação de 5,3 a 7,1 metros.

O Brasil também é considerado o maior mercado para a Volvo. Segundo comenta Yoshio Kawakami, o país representa cerca de 60% dos negócios da empresa na região. “O segundo mercado mais importante é o Chile, com a economia mais estável da América Latina e com constantes investimentos em infraestrutura. No entanto, a mineração tem sido uma das atividades mais importantes do nosso negócio”.

Segundo o executivo, há algum tempo, a Colômbia aumentou sua participação, principalmente graças a seu crescimento econômico, que fez com que o país se situe pela primeira vez entre as três principais economias da América Latina.

Por outro lado, a japonesa Komatsu oferece uma ampla gama de equipamentos para a terraplanagem, os quais Carlos Baeza divide em cinco grandes linhas: escavadeiras sobre esteiras, desde as mais compactas (PC78) até equipamentos de 80 toneladas (PC800LCSE); pás carregadeiras frontais de rodas, com cubos de 2 a 6 m3; motoniveladoras (da GD555 até a GD675), bulldozer (D51 a D275); e caminhões rígidos e articulados, com capacidade que variam de 30 a 90 toneladas.

Com relação à sua presença na região, o executivo explica que “certamente todos os países são importantes e queremos estar presentes em cada um, mas hoje os que possuem a maior quantidade de equipamentos Komatsu e uma demanda estável e crescente para as condições de mercado que nos atingem atualmente são Peru, Colômbia e Argentina”.

Para a New Holland, toda a América Latina oferece oportunidades. “O objetivo é estar presente com a marca em todo o território, e já estamos fazendo isso em países como Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Panamá e Uruguai”, explica Nicola D’ Arpino.

Já a Case tem uma forte presença no Brasil, Colômbia, Chile, México, Argentina e recentemente está incorporando outros países como Peru. Os principais modelos comercializados na América Latina são a retroescavadeira 580N 4wd, a escavadeira CX210B, as minicarregadeiras SR200 e SR175 e a pá carregadeira 821F.

Caterpillar

No final de setembro, a Caterpillar anunciou que seus distribuidores registraram um acréscimo de dois dígitos nos resultados das vendas referentes ao trimestre que terminou em agosto, resultado impulsionado especialmente pelas vendas em um de seus principais mercados: América do Norte (registrou um crescimento de 24%) e Ásia Pacífico (onde cresceu 27%).

Os resultados não foram tão bons com relação à América Latina, onde as vendas das concessionárias caíram 5% no mesmo período.

Mas a companhia continua apostando pela região e estuda a instalação de uma nova fábrica em Nuevo León, no México. Serão investidos cerca de US$500 milhões e a construção começará no início de 2013.

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