América Central em crescimento
03 August 2018
Apesar das desigualdades, a região parece prosperar.
O desenvolvimento de complexos imobiliários e comerciais marcaram a pauta na América Central em 2017, especialmente na Costa Rica, República Dominicana, Panamá e Guatemala.
Dados do Colégio Federado de Engenheiros e Arquitetos (CFIA, no original) revelam que, na Costa Rica, foram construídos no ano passado um total de 3,5 milhões de m2 de obras habitacionais e 2,4 milhões de m2 em edifícios comerciais. Já na Guatemala, das mais de 5.500 licenças de construção autorizadas em 2017, mais de 3.000 correspondem a projetos residenciais e 220 para comércio.
Outro país com desempenho significativo no setor de construção em 2017 foi o Panamá, onde — segundo dados da Controladoria Geral da República — as novas construções totalizam 3,7 milhões de m2, sendo o setor residencial o de maior crescimento, com 2,4 milhões de m2.
Seguindo a mesma linha, a Câmara Hondurenha da Indústria da Construção (Chico, no original) detalhou que até o terceiro trimestre de 2017 foi registrado um crescimento de 4,6% no segmento, resultado explicado em grande parte pelos projetos habitacionais. Para 2018, foi estipulada uma meta mais ambiciosa: crescer mais de 6% com a ajuda dos setores privado e público.
Enquanto isso, na Nicarágua, além dos empreendimentos imobiliários, a Câmara de Construção destacou que projetos como o Estádio Nacional Dennis Martínez e outras obras destinadas aos Jogos Centro-Americanos e do Caribe injetaram ânimo no setor.
SETE REALIDADES
Costa Rica
2017 foi um ano positivo para a realização de obras estratégicas na Costa Rica. Uma análise dos vários projetos em andamento revela uma agenda carregada de obras de impacto, iniciadas em 2017, em áreas bem diversas que vão de transporte a turismo, de energia a esportes. Entre as principais iniciativas está a primeira fase do Terminal de Contêineres de Moín (TCM), concessão da empresa APM Terminals, que permitirá à Costa Rica aumentar a capacidade portuária para receber barcos de até 8.000 TEUs. Orçado em US$1 bilhão e com 55% da obra realizados, as autoridades estimam que a construção cumpra o cronograma de entrega em 2018.
Outro projeto relevante é o aeroporto internacional Daniel Oduber, iniciado em janeiro de 2017 e entregue em novembro do mesmo ano. Com um investimento de US$ 10,3 milhões, as novas instalações do terminal localizado em Liberia, na província de Guanacaste, aumentarão a capacidade em 20% para 2023.
No esporte, a construção do centro aquático do Parque La Sabana totaliza uma área de 25.000 m2. O projeto, estimado em US$25 milhões, será financiado por crédito público. Também em andamento, o pavilhão desportivo do Parque de la Paz consiste em um complexo de 36.000 m2, orçado em US$13,5 milhões. Ambas as iniciativas têm entrega prevista para o final de 2018.
Mas talvez o projeto mais importante seja do Centro Nacional de Controle de Energia, edifício que contará com as instalações mais modernas deste tipo na América Central. Seu principal financiador é o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com um investimento de mais de US$59 milhões.
Panamá
No Panamá, o setor de construção foi estimulado por projetos públicos e privados como a Linha 2 do Metrô, a renovação urbana da cidade de Colón, a terceira ponte sobre o Canal e a planta de gás natural de Colón, entre outros. Mas, fora isso, o país centro-americano também concentra o maior investimento em projetos de prédios de escritório, com US$900 milhões, de acordo com a área de inteligência comercial da Central America Data.
Em breve, os panamenhos verão a execução de ampliação da Ponte das Américas-Arraiján. Tocado pelo Ministério de Obras Públicas, o projeto consiste em um trilho de 10 quilômetros como parte da continuidade da Quarta Ponte sobre o Canal do Panamá. Além disso, se projetam mais de 25 quilômetros de novos acessos viários, ampliações de pistas, vias coletoras e reposições de estradas e caminhos, com um investimento de cerca de US$324 milhões.
No âmbito privado, destaque para o complexo turístico na região de Chame, perto da Cidade do Panamá. Com investimento de US$275 milhões e uma área de 55 hectares, a iniciativa inclui residências, um hotel de 16 andares e 300 quartos, uma área de uso comercial e uma marina, com capacidade para 403 embarcações, tudo sendo desenvolvido pela empresa proprietária Portones del Mar Yacht Club & Resort.
Honduras
Honduras passou por um crescimento de 6% na construção em 2017, impulsionado pelos projetos de infraestrutura viária, residencial e de escritórios corporativos, de acordo com Oscar Calona, presidente da Câmara Hondurenha da Indústria da Construção.
Calona ressalta as obras de moradia social, com um total de 83 projetos aprovados por meio do programa de governo Convivienda. O setor de edifícios teve uma retomada principalmente nas duas cidades mais importantes do país, a capital Tegucigalpa e San Pedro Sula, pelas diversas obras de condomínios e escritórios.
Já na infraestrutura viária, “por meio das parcerias públicos privadas foram investidos US$1,5 bilhão em mais 500 quilômetros da malha viária, o que trouxe melhorias significativas neste campo”, destaca o representante.
El Salvador
No começo de 2018, a Câmara Salvadorenha da Industria da Construção (Casalco, no original) anunciou que o investimento privado no ramo deve chegar a US$1,4 bilhão. Este pode ser o terceiro ano consecutivo de taxas positivas, com uma alta estimada em 3%, impulsionada pela realização de mais de 130 obras de investimento privado de grande impacto, sendo 60 iniciadas em 2017 e outras 70 previstas para este ano.
Nicarágua
Ao longo de 2017, a indústria da construção cresceu estimulada pelo plano de investimentos do governo e também por outros fatores que incentivaram o setor privado, como a lei de parcerias público-privadas, a revogação do imposto nacional sobre a importação de produtos colombianos e o crescimento do portfólio hipotecário dos bancos, que vem apresentando um crescimento anual entre 17% e 20%. A soma destes fatores gerou um crescimento de 4,3% no primeiro quadrimestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo dados oficiais, o setor teve alta de 7,6% no exercício de 2017.
A construção do Estádio Nacional Dennis Martínez e as obras para receber os Jogos Centro-Americanos e do Caribe movimentaram o setor. Outro projeto urbano que gerou grande expectativa no ano passado foi a ampliação da via expressa Juan Pablo II. A iniciativa, que contempla a construção de 9,5 quilômetros de avenida urbana na capital Manágua, representa um investimento de cerca de US$262 milhões.
O país também se destaca por projetos como o porto de Bluefields (na Região Autônoma da Costa Caribe Sul), que se encontra na etapa de estudo de viabilidade; e pela rodovia Carretera Costanera, que unirá 26 praias da costa do Pacífico, com extensão de 107 quilômetros.
República Dominicana
A construção dominicana cresceu bastante em infraestrutura, e seu incremento impulsiona não somente a economia, como também o avanço tecnológico do ramo. Estatísticas divulgadas recentemente pelo Banco Central da República Dominicana revelam que a construção foi um dos setores com o maior crescimento em 2017, alcançando uma alta de 8,8%.
A entidade detalhou que o investimento público e privado em projetos habitacionais, complexos turísticos, centro educativos e estradas são sinais do desenvolvimento econômico do ramo no ano passado. De fato, a indústria da construção civil se converteu em um pilar da economia dominicana, devido ao auge impulsionado pelo turismo e os investimentos públicos e privados.
De acordo com Santiago Caba, ex-presidente da divisão de Santo Domingo do Colégio Dominicano de Engenheiros, Arquitetos e Agrimensores (Codia, no original), um dos benefícios mais importantes gerados pela construção é o uso de tecnologias de ponta em estruturas metálicas, revestidas e outras técnicas avançadas.
“Nos sentimos muito orgulhosos da retomada e do crescimento da construção na República Dominicana, e apostamos que, com a continuação deste momento de alta, em um futuro próximo teremos demandas de investidores estrangeiros para o uso das nossas tecnologias”, afirmou Caba.
Guatemala
Como foi mencionado no início deste artigo, na Guatemala o grande propulsor da construção foi o setor imobiliário, beneficiado por um auge no lançamento e construção de novos projetos de moradia, escritórios e de uso misto.
Segundo dados da comissão de estatística da Câmara Guatemalteca da Construção (CGC), foram emitidas em 2017 mais de 5.500 licenças de construção para diferentes projetos, uma alta de 20,3%. Do total de licenças, 58,6% foram destinadas a moradias e comércio, menos de 1% para indústria e o restante para ampliações e reparos.
Apesar do difícil cenário político atual, é esperado que a atividade imobiliária siga impulsionando a construção civil, gerando um crescimento ainda maior em 2018.