Afirmando o mercado

01 August 2017

Silvio Amorim, CEO da Schwing-Stetter Brasil trabalha interessantes perspectivas para o mercado latino-americano em 2017.

A queda do mercado latino-americano em geral, e em particular do Brasil, fez com que muitas empresas com fabricação regional se reestruturassem e buscassem a maneira certa de contornar a onda de crise.

Silvio amorim

Silvio Amorim, CEO da Schwing-Stetter Brasil.

Uma das empresas que realizou diversos movimentos nos últimos tempos é a Schwing-Stetter. Exemplo disso foi a decisão, tomada em 2015, de que a filial brasileira da companhia voltaria a atender todo o mercado sul-americano, o que havia deixado de fazer em 2009 quando a unidade dos Estados Unidos assumiu a responsabilidade pela sub-região. Além disso, a empresa reduziu seus volumes de produção no Brasil e reestruturou sua organização gerencial de maneira a diminuir custos operacionais e buscar uma equipe mais compacta, que lhe permitisse um trabalho mais próximo entre suas áreas (vendas, produção e serviço ao cliente) e seus distribuidores, com menores tempos e respostas mais rápidas.

Ao longo desta transformação, Silvio Amorim assumiu em novembro passado como CEO da Schwing-Stetter Brasil. Após ter dedicado seus primeiros meses no cargo para organizar a empresa e fazer ajustes de pessoal e no processo produtivo, o executivo decidiu iniciar um programa de visitas a alguns distribuidores, entre eles a Emaresa, no Chile. Em entrevista à Concreto Latino-Americano, o executivo comenta que está dedicando parte de seu tempo para contatar distribuidores e clientes, “e saber melhor o que está acontecendo na região, e ver como a Schwing pode incrementar seus negócios e ao mesmo tempo fortalecer suas relações”.

O executivo tem uma visão bastante clara sobre a situação na América Latina, e suas perspectivas, embora moderadas, demonstram otimismo para os próximos anos. Segundo comenta, a reunião com a Emaresa foi positiva. “Parecem otimistas com a economia do Chile. Já estão vendo boas perspectivas de recuperação econômica, sobretudo para o segundo semestre. Isso é bom para nós”, afirma.

Além disso, reconhece que já se percebem algumas boas notícias vindo da Argentina. “Aparentemente, a mudança de governo e os movimentos econômicos do presidente Mauricio Macri estão se refletido na economia e impactando nossas vendas. Diria que o Peru e a Colômbia estão também em boa posição”.

Amorim comenta também a mudança de distribuidores que a companhia promoveu nos últimos meses. Agora Bolívia, Equador e Paraguai estão sob o guarda-chuva de distribuidores Caterpillar: Finning, IIASA e H. Petersen, respectivamente. “Estamos no começo do trabalho com eles, pode levar alguns meses até vermos alguns resultados nas mudanças que estamos implementando. Mas tenho confiança de que veremos melhoras significativas para a Schwing e nossos distribuidores”.

Para a Schwing-Stetter Brasil, as perspectivas são interessantes e apontam na direção do crescimento. “Para 2017, a Schwing está trabalhando segura e somos conservadores com nossos objetivos. Estamos projetando um crescimento próximo a 13% este ano”, adianta.

Tocando o fundo

Um mercado mais complexo, sem dúvida, é o brasileiro. O país enfrenta, como se sabe, uma série de desafios políticos e econômicos nos últimos anos, que impactaram especialmente o setor de construção, em virtude dos muitos casos de corrupção no setor envolvendo grandes construtoras, com reflexos em países vizinhos.

“Pode-se dizer que estivemos ‘sob pressão’ nos últimos três anos e já aconteceu uma queda drástica na demanda por equipamentos novos”, diz Amorim. “Como o resto da indústria, ajustamos nossa capacidade à demanda, processo que terminou no ano passado. Agora, estamos numa posição na qual não antevejo mais reduções, na verdade estamos discutindo incrementos na empregabilidade e melhoras na fábrica nos próximos meses”.

O Brasil chegou a um ponto, em particular na sua indústria fabril, em que o ciclo de redução de estoques e os ajustes às capacidades de produção chegou a seu fim. Com um cenário assim, quando o pior das tormentas já passou e as empresas se encontram eventualmente sem estoque de máquinas e peças de reposição, e ajustadas à demanda atual, é que o fundo do poço já foi tocado e pode-se pensar em recuperação.

Não obstante, embora o executivo creia que haverá uma recuperação do mercado, ele sustenta que esta será lenta e afirma que “levará um tempo antes de vermos as grandes empresas de construção que estavam a cargo dos grandes projetos no país voltarem aos negócios de uma maneira vibrante”.

O executivo reconhece três grandes indutores do setor de construção do país: 1, o setor residencial, que na sua opinião já está dando alguns sinais de recuperação; 2, o setor comercial, que ainda tem capacidade ociosa em termos de centros comerciais e prédios de escritórios, pelo que sua recuperação é esperada para o próximo ano; e 3, o setor de infraestrutura, que poderia retomar alguns projetos já nos próximos seis ou nove meses.

Financiamento

Já quando se pensa em voltar ao ritmo de crescimento de 2013, o desafio é maior. “O grande desafio reside em que, de alguma forma, o país ficou acostumado por muitos anos a fazer estas construções sob um modelo que já não funciona. O modelo em que o governo fazia os investimentos com financiamento público, basicamente com o BNDES”, diz Amorim.

Schwing s36 x

Schwing s36 x

O modelo já não é adequado, e a razão é simples. “O governo não pôde arrecadar impostos o suficiente porque a economia está fraca; e sem arrecadar impostos não se tem dinheiro suficiente para financiar o banco de desenvolvimento, e este então não pode apoiar os investimentos”, define o executivo. “Precisamos de um modelo em que o investidor estrangeiro tenha a tranquilidade de colocar seu dinheiro no país e que seus contratos sejam respeitados. Trabalhar com concessões, assegurando que o dinheiro do investidor será respeitado. Se estas coisas entram no lugar, vamos ver um crescimento substancial do país”, afirma ele.

Silvio Amorim diz que as necessidades são conhecidas. “No Brasil, em cada lugar que se olha há uma oportunidade, há muitas coisas que estão por fazer. Estações de tratamento de águas, portos, aeroportos, ferrovias, rodovias etc”, diz. O tema central é mesmo o financiamento, e a geração de espaços de confiança para os investidores estrangeiros. “Os governos não têm dinheiro, precisamos de fundos de outros países que estejam buscando bons projetos e boas taxas de retorno. A chave está em ter políticas que garantam a estabilidade, que o mercado seja suficientemente aberto à inovação e novas tecnologias, e ser respeitoso com os investidores estrangeiros”, conclui.

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