Abramat: com perspectivas favoráveis

2024 começou bem. Assim avalia a ABRAMAT, Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção. Termômetro da instituição indica projeção de crescimento para o primeiro trimestre, com cautela devido ao cenário político-econômico do país e demais externalidades macroeconômicas e setoriais.

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Rodrigo Navarro, Presidente da Abramat, fala sobre como atuar em diversas áreas para otimizar a produtividade no setor da construção civil se tornou fundamental e sobre as esperadas projeções para o segmento.

Qual é o estado atual das soluções destinadas ao fomento da inovação no setor?

Há muitas frentes. Para citar apenas algumas, teremos a continuidade nos investimentos em sustentabilidade e inovação por parte das indústrias, com ações efetivas envolvendo ESG; a crescente implementação da construção industrializada, com todos os benefícios adjacentes; o maior uso do BIM – Building Information Modelling; e uma aproximação e cooperação ainda maior entre os diferentes atores – como empresas, entidades setoriais e Governos – sobretudo em temas-chave como o detalhamento da Reforma Tributária e seus impactos, obras de saneamento básico e habitação social; e o papel cada vez mais importante e impactante da digitalização no dia-a-dia de todos os elos da cadeia, desde o projeto até o consumidor final.

As empresas de infraestrutura são as mais otimistas. Muitos lançamentos imobiliários ao longo do ano são previstos, por exemplo. No entanto, uma percepção corrente sobre os negócios moderadamente pessimista prevaleceu por todo ano de 2023. O que você acredita ter mudado?

2023 foi mais um ano que exigiu muita resiliência de nosso ecossistema. Taxas de juros ainda elevadas, famílias com alto endividamento e consumo focado no setor de bens e serviços, além de discussões constantes sobre ambientes regulatórios mais adequados constituem exemplos. Apesar desses desafios, vemos 2024 com um otimismo moderado e cauteloso, com os avanços obtidos na Reforma Tributária; a retomada de obras públicas, do PAC e do Minha Casa Minha Vida; a redução progressiva da Selic; a manutenção do controle da inflação; além da recuperação do varejo e da expectativa de mais lançamentos no mercado imobiliário. Todos esses fatores podem contribuir para que possamos ter um ano vigoroso para nosso setor.

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Entre essas mesmas empresas de infraestrutura, há toda uma programação de investimentos que deve contribuir para que a atividade continue a crescer ao longo de 2024. Suficiente para alavancar a economia?

Juntamente com o agro, a construção civil é um dos pilares para a retomada do crescimento econômico do país, com potencialidades altas de geração de empregos, renda e atração de investimentos. Há muito o que ser feito, por exemplo, no caso de retomada de obras paradas nesta área.

Rodrigo Navarro Rodrigo Navarro, presidente de Abramat. (Foto: Abramat)

Quais desafios ambientais e de sustentabilidade o setor de construção civil ainda enfrenta? O olhar das companhias precisa mudar muito ainda ou já se avançou bastante?

Estamos acompanhando as diversas inciativas que nossos associados estão planejando e progressivamente implementando, não só porque são uma demanda da sociedade, mas também porque fazem parte cada vez maior de suas estratégias de negócio, gerando o que chamamos de sustentabilidade ampla – aquela que faz sentido para o meio ambiente, e está alinhada com os objetivos de negócio. São ações “para dentro”, como melhoria de processos, otimização no uso de recursos, impactos ESG, dentre outras, assim como “para fora”, com lançamentos de novos produtos, novos materiais e componentes de alta tecnologia que podem contribuir para que a indústria de materiais cresça e inove de forma sustentável.

Novo PAC, e o progresso esperado no mercado econômico a partir de um novo ciclo do Minha Casa Minha Vida, a diminuição da inflação e dos custos de construção, juntamente com a estabilização dos preços dos materiais, podem ser considerados desenvolvimentos positivos?

Sem dúvida! Como dito anteriormente, são fatores que podem contribuir para que possamos ter um ano vigoroso para nosso setor.

Como as regulamentações governamentais atuais influenciam o desenvolvimento de projetos na construção civil?

Certamente influenciam de forma positiva. Só para citar um exemplo, temos as ações relacionadas aos 3 eixos do Programa Construa Brasil (Desburocratização, Digitalização, e Industrialização da Construção), na qual a ABRAMAT participa ativamente.

Outra preocupação crescente fala de segurança e trabalhadores capacitados. Como as empresas do setor estão lidando com a escassez de mão de obra qualificada na construção civil?

Este é um ponto de grande preocupação. Capacitação é fundamental, e com as tecnologias avançando, será ainda mais importante. A indústria investe, de forma crescente, mediante convênios com instituições e estímulos diretos aos seus colaboradores para superar esse desafio. Sem uma mão de obra qualificada, a necessária evolução e crescimento de todo o ecossistema da construção não ocorrerá.

Fala-se disso há tempos, mas ao abordar o horizonte futuro da construção, é incontestável que a tecnologia assumirá um papel ainda mais proeminente realmente?

Sem dúvida a tecnologia é uma realidade em diversos setores da economia, e não é diferente no setor da construção. Como dito anteriormente, nós da ABRAMAT atuamos ativamente para que a construção industrializada seja implementada no país, seja no grupo de trabalho do Programa Construa Brasil e em nossa atuação junto ao Congresso Nacional frente à fundamental equalização da tributação sobre Construção Industrializada x Tradicional trazida pelo IBS.

Como elevar a produtividade da construção no país?

Reduzindo o custo Brasil, conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, tributárias e econômicas. O primeiro passo já foi dado ao aprovarem a Reforma Tributária, que visa tornar o país mais competitivo. Outro ponto é a retomada de obras de infraestrutura que estavam paradas e o Novo PAC, que visam melhorar o setor de logística e transportes no país.

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Falemos da importância da reforma tributária, que, quando implementada, deverá beneficiar o setor. Como o senhor enxerga isso?

O setor industrial brasileiro como um todo entende a Reforma Tributária como positiva e necessária, no tocante à simplificação, não aumento da carga tributária, atenção aos regimes específicos de tributação existentes, à não cumulatividade de tributos, promoção de redução do Custo Brasil, dentro de um período adequado de transição. Considerando a essencialidade do ecossistema da construção, vemos a proposta em geral como positiva, pois em nossa análise, em linha com outras organizações do ecossistema da construção, temos (1) a fundamental equalização da tributação sobre Construção Industrializada x Tradicional trazida pelo IBS; (2) a inexistência do mecanismo atual de Substituição Tributária, o que para a indústria de materiais de construção é fundamental (consolidando prática já adotada por alguns Estados hoje); (3) a importante manutenção da previsão de regime específico para operações com bens imóveis (e.g. construção e incorporação imobiliária); e (4) a inclusão do saneamento e de concessão de rodovias dentre os segmentos que poderão ter regime específico. Todas essas medidas terão um prazo para entrar em vigor, e ações durante esse período terão de ser discutidas e implementadas.

A CBIC prevê um crescimento de 1,3% para a indústria da construção em 2024. Exagerado ou totalmente possível?

Como comentei no início, vemos 2024 com um otimismo moderado e cauteloso, com os avanços obtidos na Reforma Tributária; a retomada de obras públicas, do PAC e do Minha Casa Minha Vida; a redução progressiva da Selic; a manutenção do controle da inflação; além da recuperação do varejo e da expectativa de mais lançamentos no mercado imobiliário. Todos esses fatores contribuem para que possamos ter um crescimento de 2% para nosso setor em 2024, conforme estimado pela FGV.

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