Poder feminino na Construção

No ha sido un proceso exento de desafíos, pero las mujeres han ido ganando cada vez más protagonismo en la industria de la construcción.  Foto: Blue Planet Studio / AdobeStock Não tem sido um processo sem desafios, mas as mulheres vêm ganhando cada vez mais destaque na construção civil. Foto: Blue Planet Studio / AdobeStock

Basta uma rápida avaliação e a constatação é impreterível: as mulheres ocupam cada vez mais postos de trabalho na construção civil, seja nos canteiros e praças de obras, seja como chefes de projeto, engenheiras e cabeças do processo produtivo do setor.

Elas são desbravadoras e estão deixando suas marcas envoltas em diligência e sensibilidade.

Mulheres em cargos de liderança proporcionam uma quebra de paradigmas e uma desejável renovação no mundo dos negócios.

Mas para falar de toda essa potencialidade, uma breve viagem no tempo ilustra e desmistifica bastante: a industrialização, lá na década de 1940, foi o grande marco para as mulheres. Anterior a isso, no Brasil mulheres eram limitadas a tomar conta da casa e das tarefas do lar.

Surgiram as indústrias, veio a escassez de mão de obra e as mulheres foram chamadas para trabalhar, porém, recebendo salários mais baixos que os homens e, por isso, até priorizadas para as atividades do setor.

Saltando para 1970, o movimento feminista tomou conta dos EUA e isso se refletiu no Brasil onde a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou, mesmo que vagarosamente. E até hoje, cada dia é um dia de enfrentamento ao preconceito e de trespassar posições de comando e conquistar o sucesso.

Arraigadas, para cada retrocesso existente, o antídoto é criado, por fórceps, por elas mesmas. E notoriamente, apreciamos muitas companhias com um novo mindset e propostas de equidade de gênero, como grandes fabricantes de equipamentos, gigantes da indústria, startups, fintechs e agências.

Estamos falando de enfrentar o machismo de alguns setores da indústria e construir o próprio espaço em um contexto de desigualdade de gênero que é um hostil e aterrador problema a ser amplamente combatido.

Cota de poder.

Temos Brasil afora mulheres poderosas, no comando de grandes empresas e que ganharam prestígio e reconhecimento pela alinhável, inatacável e homogênea mistura de devoção, dedicação e pulso firme.

Os números corroboram: nos últimos dez anos, o Ministério do Trabalho e Emprego estima que a absorção de mulheres pelo mercado da construção civil cresceu quase 50%. Cada uma dessas mulheres, expurgou a hostilidade, o assédio, os tabus e escancararam que o público feminino combina sim com canteiro de obras.

Mulheres, são meticulosas, boas observadoras, determinadas, batalhadoras e, em grande parte, perfeccionistas. Elas estão se consolidando no ramo da construção e há explicação para isso: dominam uma série de competências que podem ser muito úteis para tornar as empresas mais férteis e qualificar seus resultados.

Laura Marcelini, diretora técnica da ABRAMAT Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT

Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT há 12 anos, presenciou as mudanças que aconteceram ao longo dos anos. Ela começou sua atuação profissional no setor da construção ainda no ensino médio, quando fez estágios em projetos de sistemas prediais hidráulicos para o Curso Técnico em Edficações. Em seguida, na Universidade de SP estagiou dentro da própria Escola de Engenharia Civil na empresa piloto e em laboratórios de ensaios técnicos de materiais, e posteriormente numa empresa de projetos e no Centro Tecnológico de Hidráulica.

Para ela, mulheres são habilidosas e podem oferecer mais apuro técnico e atenção aos detalhes, elas merecem ser valorizadas nos processos seletivos das empresas: “Acredito que ter diversidade de gênero na formação de equipes de trabalho é muito enriquecedor, pois agrega diferentes pontos de vista, diversas habilidades, talentos e estilos de liderança. Penso que, em geral, mulheres tendem a ser boas conciliadoras e agregadoras no trabalho em equipe.”, salienta.

Os desafios ainda são egrégios: o gênero feminino ainda duela na captação, seleção, promoção, igualdade salarial e retenção nas empresas.

Averiguou-se que, dentre as mulheres, as jovens, as menos experientes e as mães são as que mais atravessam obstáculos no mercado de trabalho.

São inúmeros agentes adversários como preconceito, discriminação, locomoção, viagens a serviço da empresa, estado civil, o fato de ter filhos, o medo da reação dos demais empregados com a contratação, que foram apontados como os grandes imbróglios a serem ainda combatidos.

A questão salarial e suas disparidades também causam ainda desconforto: estudo publicado em outubro de 2020 pela Catho, site brasileiro de classificados de empregos, constatou que mulheres em posições de liderança ganham 23% menos que os homens, em média. No entanto, as mulheres sustentam financeiramente 45% das famílias brasileiras.

E apesar de soar incongruente, no ranking de igualdade de salários, o Brasil é o penúltimo entre todos os países das Américas, perdendo só para o Chile (ocupamos o 124º lugar de 142 países avaliados). Mulheres com mesma capacitação, expertise e know how ganhando menos apenas por serem mulheres.

Construção de uma sociedade melhor.

Lúcia Guariglia, Gerente de Marketing da Link-Belt Latin America Lúcia Guariglia, Gerente de Marketing da Link-Belt Latin America

Lúcia Guariglia, Gerente de Marketing da Link-Belt Latin America, é formada em Comunicação Social, com ênfase em Publicidade e Propaganda, pela ESAMC Sorocaba e pós-graduada em Psicologia do Consumidor pela ESPM São Paulo.

Ela é hoje responsável por gerenciar o marketing para toda a América Latina e contesta: “A discussão sobre o assunto é bem antiga e teve o seu início no meio corporativo no fim do século XIX. Mais de 150 anos depois, o tema liderança feminina se fortalece e toma conta das organizações, sendo destaque não só no Brasil, como no mundo. Eu tenho muito orgulho de ser mulher e estar em uma posição de decisão estratégica dentro da empresa.”, avalia.

Para ela, as mulheres são extremamente fortes e trabalham bem o equilíbrio entre o “bruto” e o delicado. “Por ser responsável pelo marketing, pela marca e pela conexão emocional que devemos criar entre produto/marca/cliente/colaboradores, acredito que temos atributos essenciais para a construção de uma marca forte, como a habilidade de mediar conflitos, a adaptabilidade e a sensibilidade. E isso faz a diferença para uma marca como a Link-Belt. Ao trabalhar na luta contra a desigualdade entre gêneros, nós reforçamos nosso propósito de “Construir Sociedades Melhores.”, complementa.

Faz-se desta forma, absolutamente contundente e necessária, a busca da compreensão do papel da mulher na construção, em todas as categorias, sendo então valorizadas e incentivadas, em busca do bem comum para a sociedade. A representatividade atua como inspiração para que outras sonhem e façam de cada pedra no caminho, um degrau a mais na construção de uma carreira bem-sucedida na área.

Harmonia.

Michele Robert, CEO de Gerdau Summit Michele Robert, CEO da Gerdau Summit

Outra que transborda egéria é Michele Robert, CEO da Gerdau Summit. Formada em engenharia industrial e mecânica pelo Instituto Tecnológico de Buenos Aires (ITBA), na Argentina, e pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, possui mestrado executivo em Supply Chain na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

“Há uma reflexão da Margareth Goldenberg, líder do Movimento Mulher 360, que disse que “a maior riqueza que a mulher possui para oferecer ao mundo corporativo não está nas suas características específicas, mas naquilo que ela consegue promover quando trabalha com os homens, em equilíbrio.”, reitera a executiva.

Ou seja, um equilíbrio de gênero mais equitativo gera melhores resultados dentro do ambiente de negócios.

“Eu acredito que a liderança feminina traz características ao ambiente corporativo e, no meu caso, industrial como a empatia, trabalho colaborativo, escuta ativa e resiliência, entre outros, que contribuem para um impacto positivo no desempenho financeiro das empresas. Também penso que o fato de termos mais mulheres em cargos de liderança estimula mudanças estruturais na sociedade, sejam sociais ou econômicas, uma vez que nos permite fazer mais parte dos processos de tomadas de decisão.”, acrescenta.

Perguntada sobre conselhos para quem deseja, como ela, desobstruir o caminho no setor, é enfática: “Primeiramente, a importância de se conhecer, acreditar em si mesma e desenvolver um planejamento de carreira coerente com seus sentimentos e princípios. O segundo é cuidar de seu bem-estar, respeitando seu tempo e com atividades fora do ambiente de trabalho para o prazer e satisfação pessoal. E o terceiro, que não é menos importante que os demais, é fazer uso da escuta ativa e aprender todos os dias com sua equipe, pares e parceiros, sempre com muita despretensão, naturalidade e curiosidade.”, abona.

Mudando o modelo.

Janaína Marangoni, está há 22 anos no Grupo Volvo no Brasil. Janaína Marangoni, está há 22 anos no Grupo Volvo no Brasil.

Já para Janaína Marangoni, está há 22 anos no Grupo Volvo no Brasil, na divisão especializada na oferta de soluções financeiras aos clientes e há 4 como Gerente Comercial para Máquinas, responsável por todo território brasileiro, a inspiração veio de casa: “Meu modelo de mulher foi minha mãe, uma mulher simples que trabalhava como costureira para dar uma vida digna para os filhos. Sempre nos ensinou a dizer a verdade por mais difícil que seja, a sermos honestos em qualquer situação e a respeitar a todos.”.

Comandando uma equipe composta em sua maioria por homens, quase 60%, Janaína acredita num ambiente onde homens e mulheres participam da mesma forma, onde todos são ouvidos: “No início foi mais difícil pois tinha que provar que a mulher era tão competente quanto qualquer homem. Antes de toda esta ascensão feminina, percebia que muitos líderes não aceitavam mulheres em cargos estratégicos, pois ainda tinha o preconceito de que mulher engravida, que mulher não sabe lidar com pressão, que mulher chora.... enfim, aquelas desculpas machistas. Porém a Volvo sempre foi uma empresa atenta as mudanças e começou a promover e incentivar a contratação de mulheres.”

Para ela, o sexo feminino é capaz de realizar qualquer tipo de trabalho que desejar e é preciso apoiar umas às outras e incentivar o crescimento profissional e pessoal de cada uma.

Com resiliência

Mirella Raquel Parpinelle, diretora Diretora Executiva Comercial do Grupo Lopes, tem uma carreira de 30 anos no setor imobiliário. Nessas 3 décadas, viu mudanças consideráveis e precisou de muita resiliência para lidar com um setor onde havia poucas mulheres; um grande contingente de corretores aposentados e o corporativismo masculino que ocasionava, até então, poucas oportunidades de crescimento.

Mirella Raquel Parpinelle, diretora Diretora Executiva Comercial do Grupo Lopes Mirella Raquel Parpinelle, diretora Diretora Executiva Comercial do Grupo Lopes

Casada há 20 anos, com dois filhos e com o gerenciamento de uma empresa do porte da Lopes, Mirella encontrou estabilidade depois de muito se cobrar: “Tive que encontrar proporcionalidade entre a vida profissional e pessoal, principalmente pela carga horaria puxada e a rotina de trabalho aos finais de semana. Mas sempre prezando e muito pelo conhecimento e pelo significado. Busco ser uma inspiração e mostrar para quem está começando que é possível ser um campeão com ética e valores.”

É a presença feminina se fazendo maciça e resistente na construção civil e na indústria. Um protagonismo, liderança, força e brandura que certamente são preponderantes para o desenvolvimento econômico, para o sucesso das empresas e de todas as mulheres no geral. Fascinante.

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