À espera dos Post Panamax

26 October 2011

Panama Canal

Panama Canal

No dia 7 de janeiro de 2014 serão completados 100 anos desde o primeiro teste de trânsito completo realizado no Canal do Panamá realizado por um guindaste flutuante, o Alexander La Valley. Para esse ano é esperado o término das obras de ampliação nos quais o Canal está trabalhando atualmente, desde 2007.

A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) está desenvolvendo um projeto que envolve recursos de ao redor de US$5,2 bilhões e que através de um terceiro jogo de eclusas, que vão permitir adequar o canal ao trânsito de navios tipo Post Panamax, que transportam desde cinco mil a 13 mil TEU (unidade de medida para os contêineres de 20 pés). Atualmente o Canal permite a passagem de navios Panamax de até 4.500 TEU.

O Canal, ampliado com o terceiro jogo de eclusas, terá uma capacidade máxima sustentável de aproximadamente 600 milhões de toneladas CP/SUAB (sigla em espanhol que significa Canal do Panamá / Sistema Universal de Tonelagem de Navios) por ano, suficiente para atender a demanda até depois de 2025. Uma tonelada CP/SUAB equivale a 100 pés cúbicos de capacidade útil de carga.

Atualmente, existem 670 navios (37% da frota de carga do mundo) do tipo Post Panamax. A possibilidade de poder atravessar o Canal vai oferecer uma enorme economia de energia, de 7% a 17% por cada contêiner de 20 pés.

O retorno do investimento poderia ser bastante rápido, em menos de uma década. No momento, a ACP tem um ganho líquido de US$1 bilhão e, graças a sua ampliação, este valor poderá triplicar, segundo previsões.

O PROJETO

O gerente de Construção do Projeto de Eclusas no Pacífico, Gustavo Rivas, em entrevista à Construção Latino-Americana, explica que a ampliação está dividida em quatro fases principais: a dragagem das entradas do Canal do Pacífico e Atlântico e a dragagem para alargar e aprofundar os canais de navegação existentes no Corte Culebra e no lago Gatún; a escavação de um novo canal de acesso ao Pacífico (o qual precisa de uma escavação seca de cerca de 50 milhões de metros cúbicos ao longo de 6,1 quilômetros); a construção das novas eclusas do Pacífico e do Atlântico; e o aumento do nível máximo operativo do lago Gatún em 45 centímetros para melhorar o fornecimento de água do Canal e sua profundidade.

Responsável pelo desenho e construção do Terceiro Jogo de Eclusas está o consórcio Grupo Unidos pelo Canal S.A. (GUPCSA), composto pela Sacyr Vallehermoso (Espanha), Impregilo (Itália), Jan De Nul (Bélgica) e a panamenha Constructora Urbana S.A. (CUSA).

Sem dúvida, a parte mais importante do projeto é a construção das novas eclusas, complexos que segundo afirma o engenheiro "serão compostos por três câmaras, cuba de reutilização de água, um sistema de enchimento e esvaziamento lateral e comportas deslizantes, diferente das atuais comportas que são de dobradiças".

O GUPCSA deixou nas mãos da empresa italiana Cimolai S.p.A a fabricação das comportas do novo jogo de eclusas, o maior pedido de todo o projeto, avaliado em US$400 milhões. O contrato inclui a construção das16 comportas corrediças de aço de 28 metros de altura, 58 metros de comprimento e 10 metros de largura, em média.

Por sua vez, as válvulas das eclusas e seus acessórios estão sendo fabricados na Coreia pela Hyundai Samho Heavy Industries Company Ltd.

Um fator determinante na construção das eclusas é a correta mistura do concreto a ser utilizado, já que "deve respeitar certos requisitos técnicos e uma vida estrutural de pelo menos 100anos", indica Rivas. Segundo o engenheiro, "as câmaras das eclusas vão medir 427 metros de comprimento por 55 metros de largura e 18,3 metros de profundidade. Cada Câmara terá três cubas de reutilização de água, as quais reaproveitarão 60% da água de cada trânsito". No total serão nove cubas em cada um dos dois complexos de eclusas e cada uma tem aproximadamente 70 metros de largura por 5,50 metros de profundidade. As novas eclusas precisam de 7% a menos de água que as atuais, gerando economias significativas e amenizando o impacto ambiental.

A ACP aprovou um desenho de mistura de concreto massivo e concreto estrutural marinho para utilizar nos túneis subterrâneos que atravessam de um lado ao outro debaixo das câmaras das eclusas no Pacífico e no chão da câmara superior no Atlântico, respectivamente. No caso dos túneis, não haverá contato com água, já no chão, a mistura estará em contato com a água do lago.

O GUPCSA está no processo de desenvolver novas misturas de concreto utilizando vapores de silício com o objetivo de alcançar valores de permeabilidade exigidos para quando comecem os trabalhos nas câmaras inferiores.

A empresa Laboratórios Contecon-Urbar Panamá (LCU), foi a encarregada de realizar os testes do concreto. Além dos testes de rotina no campo e nas plantas, o laboratório realizou testes de permeabilidade e está preparando misturas de laboratório usando os mesmos materiais que são utilizados para os desenhos de misturas propostos pelo GUPCSA.

Além disso, a LCU, em parceria com o laboratório de ensaios da Universidade do Panamá, tem feito testes de resistência em amostras aleatórias do aço de reforço obtido de cada lugar.

No começo de julho, o consórcio GUPCSA começou a concretagem estrutural nas novas eclusas em Gatún, no setor Atlântico do Canal do Panamá, no chão da câmara superior. "No total, o terceiro jogo de eclusas no Atlântico vai necessitar de 2,5 milhões de metros cúbicos de concreto", acrescenta Rivas.

DRAGAGEM

Para conectar as novas eclusas do Pacífico com o canal existente, será cavado um novo canal de acesso, que vai conectar a eclusa com o Corte Culebra, circundando o lago Miraflores e que terá uma extensão de 6,1 km. "O novo canal será de 218 metros de largura, tanto no Atlântico como no Pacífico, o que permitirá a navegação de porta-contêineres tipo Post Panamax por esses canais em um sentido único por vez", comenta Rivas.

Os trabalhos de dragagem no lago Gatún e no Corte Culebra alcançaram, no mês de agosto, os 13,83 milhões de metros cúbicos, com um total de 10 milhões removidos pela Divisão de Dragagem da ACP, enquanto a Dredging International e a Jan de Nul removeram 1,78 e 1,96 milhões de metros cúbicos respectivamente.

A dragagem realizada pela ACP foi feita com o apoio da draga de corte e sucção Mindi e a draga de caçamba Rialto M. Christensen.

Os canais de entrada do mar também serão ampliados. A Dredging International de Panamá S.A. (DI), a empresa encarregada do aprofundamento e alargamento da entrada do Pacífico, tinha removido até julho deste ano 7 milhões de metros cúbicos de material. A companhia utilizou em seus trabalhos a draga D'Artagnan, que possui uma das cabeças cortadoras mais potentes do mundo, com uma capacidade de 6.000 kv. O equipamento, que chegou ao Panamá no começo deste ano, é capaz de dragar lugares de rocha maciça que antes necessitavam de perfuração e detonação.

Com 123,8 metros de comprimento, 25,2 de manga e uma profundidade de 6,15 metros, a draga aumentará a atual entrada do Pacífico de 192 metros para 225 metros e também aumentará a profundidade a 15,5 metros abaixo do nível médio das marés baixas da entrada ao Canal do Panamá.

Por sua vez, a empresa belga Jan De Nul, que está trabalhando na entrada do Atlântico, já removeu um volume total acumulado de 16 milhões de metros cúbicos. A maior parte do trabalho realizado durante este período foi feito pela draga retroescavadeira II Príncipe, a draga de arraste e sucção com calha Fillipo Brunelleschi e a draga de corte e sucção Marco Polo.

A participação da Peri

Parte essencial do Programa de Ampliação do Canal do Panamá é a construção das novas eclusas nos extremos Atlântico e Pacífico do istmo. A empresa alemã Peri participa no contrato principal com a distribuição de sistemas de cofragem e andaimes. Com um valor de pedido de US$24 milhões, este é o contrato de maior valor da companhia dos últimos 40 anos.

Cabe destacar o uso dos sistemas VARIO GT24 e painéis TRIO para cofrar os muros de concreto armado combinados com fôrmas trepantes SCS, desenvolvidas especificamente para esta aplicação; mais um passo no eficiente desenvolvimento do sistema trepante da SKS.

Em três anos vão ser usados pouco mais de quatro milhões de m³ de concreto e 340 mil toneladas de aço. A superfície na qual será feita a cofragem é de quase dois milhões de m².

Putzmeister

A Putzmeister America também está participando da construção do terceiro jogo de eclusas por meio de seis esteiras transportadoras telescópicas, TelebeltTBS 130. O equipamento está desenhado para aplicações de concreto e está montado em cima de um reboque, o que facilita sua locomoção.

Estes equipamentos são idôneos para este projeto, já que, segundo a empresa, podem ser montados sobre diferentes tipos de reboques, de acordo com as necessidades dos usuários e são adaptáveis às diferentes normas locais.

O TBS 130 não depende do motor do equipamento que o transporta. Possui seu próprio motor, o que diminui os custos operacionais e o consumo do combustível.

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