Manitou: criatividade e resiliência para lidar com desafios
06 September 2021
Uma empresa que tem fortalecido sua presença na região nos últimos anos é a francesa Manitou, fabricante de equipamentos de acesso e manuseio telescópico com 63 anos de história.
Presente na Europa, EUA, Asia e América Latina, é referência em soluções para manipulação de materiais e trabalho em altura e mesmo com a crise pandêmica que se alastrou pelo mundo, manteve otimismo e metas que visam crescimento e expansão.
Marcelo Bracco, diretor da empresa, fala com a CLA sobre perspectivas e sobre como a companhia foi capaz de manter um olhar confiante diante dos contratempos.
CLA: Conte-nos um pouco sobre a história do Manitou no país?
MB: A história da Manitou no Brasil começou em 2008 com um modelo semelhante ao que se utilizava no restante da América do Sul: distribuidores que representavam a empresa e importavam as máquinas diretamente da França. Até então, apenas manipuladores telescópicos. Para 2010, o mercado estava muito favorável e os franceses perceberam isso. O setor de construção se mostrou forte, com ‘boom’ devido a investimentos como “Minha casa, minha vida” e ao analisar esse cenário, mereceu atenção e tomou-se a decisão de fabricar no Brasil. Isso permitiu que tivéssemos acesso ao programa FINAME, que exigia uma montagem com componentes locais. O processo de instalação da fábrica foi iniciado e concluído em 2014, mas o impeachment de Dilma Rousseff e a operação ‘Lava-jato’ tornaram esse projeto um desafio. O mercado parou, o setor estagnou, as vendas de construção despencaram. Embora o Brasil não estivesse comprando, passamos a exportar para países como Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Costa Rica, Panamá, México e conseguimos obter um volume adequado para manter nossa produção.
CLA: O projeto era de que os demais produtos fossem importados e começassem a ser produzidos localmente conforme demanda. Como foi essa demanda? Funcionou como previsto?
MB: Houve uma mudança de rota. Em 2019, 90% do nosso volume era exportação, poderíamos fabricar localmente outros modelos, e veio a pandemia e complicou a situação. Colocamos em ‘holding’ esse projeto e não voltaremos a produzir enquanto o cenário não evoluir. Com isso adaptamos nossa estratégia, e agora lançamos mais máquinas, e aumentamos número de distribuidores. Vamos ter desta forma, portfolio para construção e agrícola.
CLA: Quais são os novos modelos?
MB: Lançamos uma minicarregadeira e retroescavadeira que já são vendidas na Ásia. Além disso, com os manipuladores telescópicos entramos no mercado agrícola nos últimos anos, com vendas crescentes de manipuladores rotativos de alta capacidade. Esperamos que 2022 seja um ano ainda mais forte e produtivo para a Manitou.
CLA: Em termos de faturamento, como andam os negócios?
MB: Nosso faturamento de 2015 até esse ano foi de crescimento, e sem retração, muito pelo contrário porque tivemos a criatividade de exportar quando estava ruim o mercado e quando melhorou entramos em mineração, plataforma, agrícolas e minicarregadeiras. O lançamento da retroescavadeira em novembro é para elevar ainda mais esse patamar. Temos um ‘Business Plan’’ de 5 anos e isso inclui a fusão das divisões de Manipulação de Materiais & Acesso e Equipamentos Compactos. E acreditamos sim, que nossa parceria de novos produtos e distribuidores nos consolidará como um grande ‘player’’.
CLA: Temos nesse interim uma crise mundial que deixou os 5 continentes de cabeça para baixo. Como a Manitou está lidando com os reflexos intrínsecos trazidos com o coronavírus?
MB: A pandemia teve características divergentes para nós. Centro América foi muito impactado apesar de se manter na agricultura e mineração. Situação semelhante da América Latina. Já para o Brasil tivemos a felicidade de crescer. Tivemos sim, impacto positivo nos 3 mercados que atuamos. Nos adaptamos para home office, que avaliamos que funcionou bem demais. Inicialmente em esquema de plantão, com distanciamento e o aparato necessário recomendado.
Peças e reposição acabam sendo os que presencialmente ainda dão mais expediente, mas também há um escalonado especial para eles. E esse ritmo de trabalho que se mostrou bastante eficaz, provavelmente se estenderá. Temos um controle e 15% do nosso efetivo trabalha por plantão. A Monitou, muito consciente, deu aos funcionários todo o apoio imprescindível para a segurança de cada um e com a estrutura essencial para continuar trabalhando e bem. Não paramos e não tivemos problemas em nenhuma área, e inclusive foi possível, adiantar muitos processos digitais e até contratos com “dealers” que, dessa forma, e assim mais rápida e assertiva.
CLA: Em abril vocês lançaram novas máquinas mesmo com a crise da pandemia persistindo.
MB: Esse lançamento em meio à pandemia, foi feito com 150 países conectados no mesmo dia e horário, de uma maneira inovadora e muito interessante. Convidamos distribuidores de todo o mundo para o lançamento desses manipuladores rotativos.
Somos líderes nesse segmento, nessa máquina que chamamos ‘3 em 1’, ou seja, pode-se usar a cesta e trabalhar como plataforma, com garfos que atuam como manipulador tradicional, ou guincho e usar como mini guindaste. A versatilidade é enorme por poder fazer, ela sozinha, todo o trabalho.
Um exemplo que ilustra bem isso vem de uma empresa de tequila no México. A companhia mexicana estava acostumada a usar pá carregadeira e empilhadeira, e substituíram pelo nosso manipulador rotativo que pôde efetuar todas as tarefas com um único operador. Economia de maquinário, mão de obra e com foco na produtividade.
CLA: Vamos falar do “Connected Machine” que possibilita controlar e monitorizar o equipamento em tempo real e fazer diagnósticos. Como funciona esse aceso remoto através do portal web?
MB: Esse é um programa de telemetria da Manitou e 100% de nossas máquinas já vêm com esse sistema. Quando um cliente compra um equipamento, ele assina um contrato autorizando que nós possamos receber e trabalhar aqueles dados. Sendo assim, ele acessa na web essas informações e consegue ter geolocalização da máquina, código de erro, desempenho, custo de manutenção, quanto ela trabalhou e outros.
A gestão da máquina dele, o desempenho e performance ficam categorizadas. Serve tanto para o comprador único quanto para o empresário que é dono de frotas. Esses elementos vão depois pra ele, que pode a partir daí, acompanhar como está o andamento do equipamento e o que pode ou não melhorar.
CLA: Outro produto que facilita a vida de quem adquire as máquinas é que vocês fornecem um contrato de manutenção preventiva que visa reduzir o custo total de propriedade (TCO), e são 3 possibilidades de negócios: inicial, avançado e de excelência. Como foram pensados esses planos?
Nós não estamos fazendo contrato diretamente com o cliente, estamos repassando esse know-how, para que os distribuidores repassem isso aos compradores. O comprador escolhe, e transforma o custo variável de manutenção em mensal, como se fosse um plano de saúde. Tem assim uma manutenção de acordo com o contrato estabelecido. Paga-se o mesmo valor todo mês para que assim, a prevenção seja o fator chave e não se seja pego de surpreso caso uma intercorrência aconteça. São perfis diferentes de clientes, onde alguns querem cobertura total enquanto outros preferem cuidar de alguns aspectos.
CLA: Um importante pilar de vocês é o mercado de distribuidores, certo?
Estamos em um novo momento na empresa, onde reestruturamos nossa equipe e planejamento. Para lançar novos produtos e aumentar nosso portfólio, necessitamos, portanto, de força de vendas e assistência técnica em campo.E os concessionários, cada um no seu estado, com a estrutura própria que já possui, vão adicionar as máquinas Manitou ao seu portfólio. E com sua força de vendas, força de serviço e nosso apoio, a martca vai ganhar participação de mercado.
CLA: Acredita que é possível vislumbrar como estará a empresa em 5 anos, dadas todas as particularidades que se apresentam não só no país como no mundo?
Nosso ‘business plan’ é muito sólido e com isso conseguimos vislumbrar tanto em participação no mercado, como em vendas, faturamento, tudo está definido.
Sou um otimista por natureza, positivo e creio sim, que o Brasil com potencial muito grande no segmento e muito o que há por se fazer. Já fomos a sexta economia do mundo, e podemos ser a terceira.
Temos uma potencialidade gigantesca, uma economia espetacular, um povo trabalhador, que só precisa acertar o caminho. Nossos empresários são muito sérios, profissionais, que investem e acreditam no país. Um país rico em recursos, em gente bacana, que não desiste e se orgulha de ser quem é.
Assista aqui nosso bate-papo completo: